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Projeto TabMir promove nova campanha de escavações em Miróbriga

Até ao próximo dia 6 de julho, o Sítio Arqueológico de Miróbriga, Santiago do Cacém, é palco de escavações arqueológicas, no âmbito do Projeto TabMir. 

No terreno desde 2016, este projeto de investigação arqueológica tem como objetivo estudar e caraterizar a área comercial da cidade romana, ao mesmo tempo que funciona como um campo-escola para os alunos de Arqueologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (UNL/FCSH).

Anualmente, no mês de junho, são efetuadas escavações na área comercial da cidade com uma equipa composta por cerca de 18 pessoas, constituída por alunos de licenciatura e mestrado da UNL e bolseiros de doutoramento. Este ano, a campanha, que arrancou a de 9 de junho, conta ainda com a participação de doutorandos e pós-doutorandos de Espanha, em estágio científico.

Com direção científica do arqueólogo José Carlos Quaresma (UNL/FCSH) desde o seu arranque, o projeto incide, essencialmente, sobre edifícios já identificados como “tabernae” (lojas, no sentido lato), mas nunca antes alvo de um estudo complexo. O objetivo é, desde o início, recuperar informação sobre estes edifícios, de modo a construir uma narrativa sobre a sua construção, utilização, reformulação, reutilização e abandono ao longo do tempo.

As campanhas de 2016 a 2018 acabaram por trazer uma das grandes surpresas da escavação, tendo revelado dados relativos à Antiguidade Tardia, correspondente à fase final do período romano, ao colapso das estruturas administrativas da cidade, tendo sido encontrados contextos de habitação de época visigótica, que atingem pelo menos as primeiras décadas do século VI.

Neste contexto, o conhecimento deste período da cidade tornou-se também um dos objetivos do projeto que, atualmente, propõe-se, para além do estudo da área comercial, estudar os restantes sectores da cidade e a sua cultura material, fazendo uma análise urbanística do todo urbano.

O projeto agora no terreno, “TabMir II, Estudo das áreas comerciais de Mirobriga (Chãos Salgados, Santiago do Cacém): evolução urbanística e ceramológica de uma cidade em época romana e visigótica (séculos I-VI d.C.)”, conta com o apoio da Universidade Nova de Lisboa, CHAM-Centro de Humanidades, do Município e do Museu Municipal de Santiago do Cacém e Património Cultural, I.P.

Além de estudar a evolução arquitetónica de um espaço comercial desde a Época Imperial até ao Período Visigótico, cronologia de cerca de cinco séculos, ao longo dos quais albergou não só funções comerciais, como também artesanais e, por fim habitacionais, o TabMir II faz ainda a análise estratigráfica, tecnológica e estatística da cerâmica comum, local ou regional, na primeira metade do século VI.

De assinalar ainda que, em 2021, foi iniciado um segundo projeto, “GeoMir, Miróbriga: projeto de prospeção não-invasiva na cidade e no território”, com coordenação de Felix Teichner, numa colaboração entre as entidades do projeto TabMir e a Universidade de Marburg (Alemanha).

A divulgação científica de resultados tem sido feita em revistas e congressos nacionais e internacionais.

Sobre o Sítio Arqueológico de Miróbriga

A primeira referência a Miróbriga foi feita por André de Resende, no século XVI e já no século XVIII, Frei Manuel do Cenáculo, Bispo de Beja entre 1770 e 1802, incentiva a realização de escavações no local.

Nos anos trinta e quarenta do século XX, diversas áreas do sítio arqueológico foram escavadas por João Gualberto Cruz e Silva, fundador do Museu Municipal de Santiago do Cacém, levando à descoberta de uma “acrópole”, de diversos arruamentos, de uma sala com tanques e de um hipódromo, localizado a Sul do núcleo habitacional.

Nas décadas seguintes, a escavação estender-se-ia pelo vale e para parte das colinas em redor do fórum, revelando a maioria dos edifícios conhecidos atualmente.

Classificado em 1940 como Imóvel de Interesse Público, em 1981 foi iniciado um projeto de parceria entre instituições Portuguesas e Norte-americanas, The Mirobriga Project (1981-1986).

Ao longo dos anos 1990 e 2000 diversas intervenções revelaram a existência de uma série de novas estruturas e vias.

O Centro Interpretativo foi inaugurado em 2001, sendo as Ruínas Romanas de Miróbriga atualmente tuteladas pela Património Cultural, I.P.

Para visitar de terça a sábado, das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30 e aos domingos, das 9h00 às 12h00 e das 14h00 às 17h00 (última entrada 30 minutos antes do encerramento).

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