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Espinho celebra os 20 anos do FEST com 250 filmes em "paridade quase total"

O programa do 20.º FEST aposta ainda no seu habitual programa de formação para profissionais - com oradores de renome mundial como a atriz americana Melissa Leo e o editor grego Yorgos Lamprinos.

Evento do FEST, festival de Cinema em Espinho Foto. Museu Municipal de Espinho

O FEST - Festival Novos Realizadores, Novo Cinema arranca na próxima segunda-feira em Espinho, comemorando os seus 20 anos com a exibição de aproximadamente 250 filmes dirigidos numa proporção de homens e mulheres em "paridade quase total".

Fernando Vasquez é o diretor desse certame do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto e afirmou que a referida tendência já se fazia notar em edições anteriores, mas assume este ano uma dimensão mais evidente, tanto ao nível da realização como das temáticas abordadas.

"Há uma tendência clara para cada vez recebermos mais filmes realizados por mulheres e com temas femininos, e o FEST até é privilegiado nessa matéria, porque foi testemunhando essa evolução de ano para ano, de forma natural", declarou o diretor do evento.

O cinema feminino revela-se assim "mais interessante, porque, mesmo quando revisitado, adota sempre uma perspetiva diferente, mais original e mais fresca".

No festival de 2024, em concreto, muitas das obras em competição até 01 de julho evocam aspetos relacionados com a maternidade, como é o caso no filme "Leite", em que a neerlandesa Stefanie Kolk conta a história de uma mulher que perde o bebé pouco antes do parto e, com o corpo preparado para amamentar, enfrenta questões complexas na tentativa de doar o seu leite.

O filme de abertura do FEST, "Filhos", do dinamarquês Gustav Möller, também reflete sobre o comportamento de uma funcionária prisional que passa a ter à sua guarda o responsável por um crime contra o seu próprio filho.

Já no registo documental, outra obra que explora a experiência materna é "Depois da ponte", em que Davide Rizzo e Marzia Toscano acompanham a italiana Valeria Collina nas primeiras horas após descobrir que o seu filho foi um dos três jihadistas responsáveis pelo atentado terrorista de Londres em 2017.

Com idêntico espírito paternal, a componente não-competitiva do FEST é em 2024 totalmente dedicada a realizadores que nos últimos 20 anos passaram pelo Pitching Forum do evento - rubrica que apresenta projetos em fase de conceção a potenciais investidores e apoiantes - e que atualmente têm os respetivos filmes em exibição.

É o caso da longa-metragem "Fahra", da jordana Darin J. Sallam, que em Espinho conseguiu parte do financiamento para a obra. "O filme aborda a experiência de uma menina palestiniana durante a criação do estado de Israel e o governo desse país está agora a tentar censurá-lo na [plataforma de "streaming"] Netflix", realça Fernando Vasquez.

Outro realizador que regressa ao festival depois de aí ter obtido apoio para um dos seus projetos é António Sequeira, com o filme "A minha casinha", que venceu o prémio do público no Festival de Cinema de Austin, nos Estado Unidos, graças à história de uma família portuguesa em que o filho vai estudar para Londres, os pais entram na crise da meia-idade e a filha mais nova receia contar-lhes que também quer emigrar.

Profissionais internacionais presentes em formações

Mantendo as sessões de "pitching", o programa do 20.º FEST aposta ainda no seu habitual programa de formação para profissionais - com oradores de renome mundial como a atriz americana Melissa Leo e o editor grego Yorgos Lamprinos - e em atividades paralelas como exposições, sessões infantis, "showcases" de música "com identidade cinematográfica" e jantares de "networking".

O britânico Mark Coulier, que ainda este ano recebeu o Óscar de Melhor Maquilhagem pelo filme "Pobres Criaturas", e o norte-americano Kenneth Lonergan, que também ganhou uma estatueta pelo guião de "Manchester By The Sea", vão assim constar do programa "Training Ground", que, até 1 de julho, decorre em paralelo à exibição de cerca de 250 filmes no referido certame do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto.

"É uma oportunidade para profissionais, cineastas emergentes e estudantes do setor aprofundarem os seus conhecimentos cinematográficos, interagindo pessoalmente com nomes de referência que estão na vanguarda da indústria", declarou o diretor do FEST, Fernando Vasquez.

Outros formadores de renome internacional já confirmados no festival de Espinho são a atriz americana Melissa Leo, que recebeu o Óscar de Melhor Atriz Secundária pelo filme "The Fighter", e a atriz, realizadora e argumentista libanesa Nadine Labaki, que dirigiu e protagonizou obras como "Caramel" e "Cafarnaum".

Para Fernando Vasquez, o objetivo do festival é continuar a acompanhar os diferentes progressos do setor audiovisual e refletir sobre as consequências dessas mudanças em profissionais e espectadores.

"Nestes 20 anos de FEST o mundo do cinema nunca parou de mudar radicalmente e prosseguiu um pouco sem rumo", disse o diretor do certame. "O que desejamos para as próximas duas décadas é que ele encontre o seu caminho, de forma a que tecnologias como a Inteligência Artificial e os hábitos das novas audiências encontrem o equilíbrio que permita ao cinema voltar a ser a forma dominante de imagem em movimento", referiu.

Muita comédia na seleção nacional

"Uma das grandes constatações do ano em relação ao cinema português é que nunca vimos tanta comédia nem tão boa", realça Fernando Vasquez.

É disso exemplo "Mónica e os ovos de chocolate", que o diretor do FEST descreve como "um filme muito invulgar" do realizador português João Ferreira, sobre a amizade entre dois ladrões que se lançam em assaltos domésticos para encontrar o melhor presente possível para a nova namorada de um deles.

Outra tendência que ressalta da seleção para o Prémio Nacional é que entre os candidatos há "uma grande influência de jovens brasileiros que vivem em Portugal, o que já se notou no ano passado, mas ganha mais força em 2024".

Uma realizadora desse grupo é Stella Carneiro, que terá a concorrer no FEST a comédia "Golden Shower", sobre a reação de uma brasileira quando o seu namorado português lhe propõe que testem a experiência sexual que dá nome à curta-metragem.

Dois outros filmes que Fernando Vasquez destaca na competição nacional são "Seu nome era Gisberta", um documentário de animação a 360 graus por Sérgio Galvão Roxo, sobre a mulher trans assassinada no Porto em 2006, e "Ensaio da Loucura", em que o cineasta Victor Hugooli explora a viagem de um homem pela sua própria auto-sabotagem e insanidade.

Fora da competição de cinema, mas com exibição também marcada para o FEST, está o episódio mais recente da série televisiva portuguesa "Astro Man", produzida por Rute Moreira para a Toca Produtora. O festival quer dar a conhecer o que tem sido feito no país para o pequeno ecrã e essa série foi a escolhida para o efeito porque, com realizadores diferentes em cada episódio, constitui "uma produção muito invulgar no universo nacional", por combinar ficção científica com a nostalgia dos anos 1980.


Fonte: LUSA | 18 de junho de 2024

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