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Festivais Gil Vicente promovem a tolerância através do teatro
O evento conta com uma série de apresentações em que vários temas da sociedade atual são alvo de reflexão, entre eles o racismo, imigração e identidade de género.
Destaque para "Blackface", uma peça a solo com recurso à sátira e a fantasia, que explora a prática artística em que artistas brancos pintavam a cara de negro, tratando a comunidade negra como inferior. Também "Vai para a tua terra" aborda a temática da xenofobia.
É através da abordagem "acutilante" a estes temas "que se cria a tolerância, a abertura da discussão, a relação com estes modos de existir, porque eles são tão válidos quanto os outros", defende o diretor artístico.
"O teatro tem um poder de unir as pessoas em torno de uma nova construção social, sugerindo caminhos possíveis para a construção dessa realidade", completa Rui Torrinha.
Esta ideia é aplicada nas escolas com a dinamização de conversas entre encenadores e alunos, o que permite estabelecer desde cedo o contacto dos mais jovens com o mundo do teatro.
Esta importância dada aos jovens é também visível em alguns dos trabalhos apresentados, que se destacam pela interatividade com o público. Um dos exemplos é "Vi o Aryton Senna morrer nos olhos do meu irmão", de Bruno dos Reis, em que "o público tem o poder decidir qual é o final da peça que quer ver", conta.
"Há uma subvalorização da importância da cultura"
Para o diretor artísticos dos Festivais de Gil Vicente, "a cultura não está a ser aplicada como deveria, enquanto instrumento político para a alteração destas assimetrias e para a criação de valor em territórios que estão desertificados".
O agente cultural considera que não tem havido uma aposta por parte do governo em levar a cultura para fora dos grandes centros.
"O problema aqui que se coloca é da falta de apoios", diz Torrinha, considerando que deveria existir "um incentivo à deslocação das comunidades artísticas para territórios mais desertificados".
O fechar do pano dos "Festivais Gil Vicente" acontece a 15 de junho.
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in Renascença | 6 de junho de 2024
Notícia no âmbito da parceira Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença