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Livros de artista da coleção da Gulbenkian expostos na biblioteca de Argentina
Lourdes Castro, José Escada e Isabel Barahona são alguns dos 40 artistas representados numa exposição da Gulbenkian dedicada ao livro de autor, inaugurada na Biblioteca Nacional Mariano Moreno, em Buenos Aires, que “expande a noção material do livro”.
A mostra “Livros de Artista da Biblioteca de Arte da Fundação Gulbenkian” foi hoje inaugurada, numa cerimónia com a presença de Susana Soto, diretora da biblioteca de Buenos Aires, João Vieira, diretor da Biblioteca de Arte da Gulbenkian, o embaixador português, José Ludovice, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.
Trata-se de uma exposição dedicada aos livros de artista - que ocupam desde a década de 1960 um espaço importante na criação artística contemporânea -, uma abordagem plástica mais livre e experimental com formas diversas de leitura e fruição, nomeadamente a tridimensionalidade, como explicou Ana Barata, a curadora.
João Vieira destacou que foram selecionados 40 livros de autor provenientes da “mais relevante” biblioteca de arte do país, “um conjunto de obras que expandem a noção material do livro, de artistas de diferentes gerações."
O “Cahier de conversation n.º6” de Lourdes Castro (1930-2022), um caderno composto por sete folhas de acrílico gravado, partilha um expositor com um livro ‘pop-up’ de José Escada (1934-1980), intitulado “Les 5 signes”, criado no período do grupo KWY, constituído em tempo de exílio, e com outro livro, em formato de concertina, de Isabel Barahona (1974), com o nome “Is this me? Is it me?”.
Alberto Picco (1950) e o seu “Caderno vermelho”, de páginas recortadas e encadernação de plástico, o álbum de fotografias de família da artista Renata Siqueira Bueno (1960), inspirado no livro da fotógrafa Diane Arbus “Na aperture monograph”, e o “Libré Livre”, de René Bertholo (1935-2005), também da época do KWY, constituído por oito páginas serigrafadas em preto e branco e 10 páginas com colagens, estão também patentes nesta mostra.
Ângela Berlinde (1975), Magda Delgado (1980), Rita Barros (1957), Lúcia Prancha (1985), Catarina Leitão (1970), Beatriz Horta Correia (1962), Carla Rebelo (1973), David Gonçalves (1987), João Fonte Santa (1965), António Barros (1953) e Bruno Borges (1976) são outros artistas representados nesta mostra.
Para o presidente da Câmara de Lisboa manifestou-se "orgulhoso" dos artistas portugueses e do trabalho ali exposto, afirmando que se trata de uma “amostra do talento de Lisboa, de artistas, que se abre ao mundo”.
Carlos Moedas destacou que nesta exposição, como na Feira do Livro de Buenos Aires, em que Lisboa participa como cidade convidada de honra, “o objetivo é mostrar o melhor que temos em Portugal e Lisboa, todos os dias”.
Sobre as peças expostas na Biblioteca Nacional da Argentina, o responsável autárquico assinalou que são mais do que simples livros, que se encontram nas bibliotecas e livrarias, ou livros de arte: “O que temos aqui hoje são livros que são arte”.
Carlos Moedas elogiou a escolha da curadora, que “conseguiu juntar os muito conhecidos e os pouco conhecidos”, num exemplo da “diversidade” que a participação de Lisboa na feira procurou desde o início.
Outro aspeto destacado pelo presidente da câmara foi a singularidade desta exposição, na medida em que “mostra como a arte une e não separa”.
“Espero que este seja apenas o primeiro momento de uma união entre Lisboa e Buenos Aires. Esta cidade, como Lisboa, tem uma alma muito forte”, afirmou, manifestando o desejo de perpetuar esta união para um “futuro melhor, mais unido e tolerante”.
Para Susana Soto, é uma “honra colaborar com uma biblioteca tão importante como a Gulbenkian, na difusão da cultura”, permitindo que as suas coleções com categoria de tesouros cheguem ao maior número de pessoas possível.
A diretora da biblioteca argentina sublinhou a importância de promover iniciativas que possam “superar o modelo de biblioteca como sitio apenas para requisitar e consultar livros”.
Sobre as principais coleções guardadas na Biblioteca Nacional Mariano Moreno, a diretora apontou as bibliotecas pessoais dos escritores Jorge Luis Borges, Adolfo Bioy Casares e Silvina Ocampo, bem como uma coleção “valiosa” de revistas anteriores a 1930.
Sobre a relação entre Lisboa e Buenos Aires, que se estabeleceu com esta participação na feira, Susana Soto manifestou vontade de fazer futuramente contactos com outras organizações e de continuar o trabalho conjunto.
A exposição vai estar patente até dia 13 de junho.
Fonte: LUSA | 02 de maio de 2024