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Mafra inaugura centro de interpretação dedicado à cerâmica de barro
Centro de Interpretação Barro de Mafra inaugurado pela Câmara Municipal de Mafra para preservar e valorizar a cerâmica deste concelho do distrito de Lisboa.
Com o espaço museológico localizado junto ao Palácio Nacional de Mafra, a câmara municipal pretende contribuir “para a preservação, divulgação e valorização da cerâmica mafrense, na qual se inclui o trabalho da olaria e do figurado de barro”, um dos "legados culturais mais representativos do concelho”.
O centro de interpretação resulta de um investimento de 265 mil euros que inclui as obras efetuadas nas instalações municipais, bem como a museografia e a instalação de conteúdos multimédia, cuja autoria coube a Manuel Gandra e Maria Manuel Bringel.
A sua inauguração acontece após “anos de pesquisa”, com recolhas de terreno, visitas às unidades de produção oleiras e registo áudio das memórias dos oleiros e barristas.
As peças expostas foram doadas ou cedidas por oleiros locais.
De acordo com dados históricos facultados à agência Lusa pelo município, a atividade ceramista em Mafra remonta às épocas pré e proto-históricas, como atestam as campanhas de prospeção arqueológica.
A produção cerâmica na região é testemunhada pelos forais de 1189 e 1513, durante a Idade Média, tendo-se afirmado no século XVIII, na altura da construção do Palácio Nacional de Mafra.
Até essa altura, a produção cingia-se a peças utilitárias, como bilhas, garrafas, salgadeiras, tigelas, fogareiros, alguidares, tachos, frigideiras, loiça para servir à mesa ou vasos.
A partir de meados do século XX, apesar das alterações trazidas pela industrialização, os oleiros locais adaptaram-se, produzindo em consonância com as tendências dos mercados nacionais e internacionais, e apostaram na cerâmica mais decorativa, surgindo a cerâmica figurativa, cujo percursor foi o mestre José Franco.
As primeiras olarias do concelho situavam-se junto a jazidas argilosas de onde extraíam a matéria-prima de que careciam, estando localizadas nas localidades do Sobreiro e Achada no século XX.
O centro de interpretação recorda cerca de 20 oleiros locais, e respetivas olarias, entre os quais José Franco, que nos anos de 1960 veio a criar a aldeia-museu dedicada à preservação e recriação da identidade cultural da região e à venda de loiças de diversos oleiros.
A Aldeia Típica de José Franco, situada no Sobreiro, mantém-se aberta, recebendo milhares de turistas todos os anos.
Face ao legado cultural, em 2017, o município de Mafra foi um dos fundadores da Associação Portuguesa de Cidades e Vilas Cerâmicas, que, em 2021, passou a integrar o Agrupamento Europeu Territorial das Cidades Cerâmicas e, em 2023, a Academia Internacional de Cerâmica.
Fonte: LUSA | 15 de março de 2024