Ilustrada pelo próprio autor, a obra, aplaudida por Duarte Bénard da Costa, destaca-se ainda pela forma como explora a tensão entre o absurdo e o concreto, que subjaz à consciência do indivíduo. Uma edição Guerra e Paz, Das Margens do Meu Rio chega agora à rede livreira nacional.

Nas páginas de Das Margens do Meu Rio Luís Alvellos contrapõe uma visão lírica do mundo à mundanidade da experiência humana, nestes poemas que se resolvem em humor, crítica e que tecem cruas análises da perceção individual comum.

Uma estreia poética que trata fundamentalmente de enganos e de desenganos, através de uma visão transversal da sociedade, que na sua variedade partilha da mesma incongruência na vida quotidiana. Nela, os poemas mantêm sempre a mesma voz, uma voz de humor subtil perante a realidade do dia-a-dia, e de seriedade e maturidade perante aquilo que é transversal à vida, entre cães ruivos, banqueiros e lampreias de olhos verdes.

Das margens do meu rio 

Das margens do meu rio
via-os passar
alegres, sorridentes
de ir vencer o mar
Aos que voltavam
de vencidos
e às margens do meu rio davam
oferecia-lhes uma Coca-Cola
Aos que voltavam
de afogados
e às margens do meu rio davam
afastava-os com um pau
Aos que não voltavam
de vencedores
e às margens do meu rio não davam
não lhes invejava a sorte
Mar sem terra é morte
Terra com mar é vida

O esforço do indivíduo contra o mundo está patente nos protestos do poeta, nas variadíssimas situações de erro e de desencontro entre as pessoas, e tudo isto constrói um caminho de impossibilidade. Segundo Duarte Bénard da Costa, doutorando em Literatura na Universidade de Cambridge, estes poemas têm «uma voz de humor subtil perante a realidade do dia-a-dia, e de seriedade e maturidade perante aquilo que é transversal à vida».

Uma edição Guerra e Paz que incluí dez ilustrações do autor, que já expôs obras de desenho e pintura no Grémio Literário.

Das Margens do Meu Rio
Luís Alvellos
Ficção / Poesia
136 páginas · 15x21,5 · 14 €
Nas livrarias a 20 de fevereiro de 2024