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Pavilhão Azul para coleção de Julião Sarmento abre ao público no final do ano

O Pavilhão Azul, em Lisboa, alvo de um projeto de recuperação para acolher a coleção de arte privada do artista Julião Sarmento (1948-2021), deverá abrir ao público no final do ano, segundo a Câmara Municipal de Lisboa (CML).     

Foto © 2012, Estela Silva / Agência LUSA

Contactado pela agência Lusa sobre o ponto da situação do projeto, o gabinete de comunicação da CML indicou, numa resposta por 'e-mail', que "a empreitada de adaptação do Pavilhão Azul deverá estar finalizada em julho, prevendo-se a sua abertura ao público no final deste ano."

Anunciado em 2017, o projeto surgiu na sequência da assinatura de um protocolo de parceria entre o artista visual Julião Sarmento para cedência da sua coleção privada, com cerca de 1.200 obras de artistas portugueses e estrangeiros.

Por desejo do artista, o projeto arquitetónico ficou a cargo de João Luís Carrilho da Graça e a direção do curador Sérgio Mah, visando a criação de uma programação própria naquele espaço municipal.

Sob gestão da Sociedade de Reabilitação Urbana - Lisboa Ocidental (SRU), a conclusão da empreitada chegou a estar prevista para maio de 2023, conforme indicação camarária à Lusa em setembro de 2022.

Na altura, contactado pela Lusa sobre o andamento da obra, o arquiteto Carrilho da Graça tinha avaliado que o projeto estava "a correr bem”, e estava a ter em mente a "intenção de manter o espírito contemporâneo do criador", que representou Portugal na Bienal de Arte de Veneza de 1997, entre outras exposições internacionais como a Documenta, em 1982 e em 1987, e a Bienal de São Paulo, em 2002.

“Ele considerava esta coleção como uma obra de arte”, salientou, na altura, o arquiteto, Prémio Pessoa 2008 e distinguido com o Prémio Valmor em 1998, 2008, 2010 e 2017.

“Como fui sempre muito amigo dele, gostava agora de corresponder à importância da coleção, e o que tentei fazer foi um espaço que tivesse caráter, mas também que fosse relativamente discreto, para fazer viver com grande intensidade a presença das obras de arte, que é o seu objetivo principal”, vincou Carrilho da Graça.

A coleção privada de Julião Sarmento, iniciada pelo artista em 1967, quando estudava na faculdade - sem que tenha parado de colecionar desde aí - reúne obras em pintura, objetos, instalações, vídeos e esculturas de artistas portugueses e estrangeiros que conheceu, com quem fez amizade ou conviveu em algum momento da vida.

Só 5% das obras da coleção privada do artista plástico foram compradas, tendo trocado outras por peças da sua autoria, ou recebido de oferta, de diversos artistas e colecionadores.

O edifício, antigo armazém de alimentos, presumivelmente edificado no final do século XIX, insere-se na Zona Especial de Proteção da Torre de São Vicente de Belém e encontrava-se devoluto, segundo a autarquia.

A ideia de doar a coleção à Câmara de Lisboa surgiu depois de o artista plástico ter exposto parte da sua coleção, em 2015, na mostra “Afinidades Eletivas”, dividida entre o então Museu da Eletricidade, integrado no atual Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), e na Fundação Carmona e Costa, em Lisboa.

As centenas de obras, fechadas em casa ou em armazéns, poderiam tornar-se visíveis mediante um espaço expositivo próprio, projeto que viria a recair no Pavilhão Azul, na Avenida da Índia, em Lisboa.

Ainda em vida, Julião Sarmento considerou-o “perfeito”, pela localização no eixo museológico de Belém.

Autor de uma obra multifacetada, Sarmento, nascido em 1948, em Lisboa, foi alvo de uma exposição na Tate Modern, em Londres, em 2011, momento alto de um trabalho que fez dele um dos artistas portugueses de grande projeção internacional.

A coleção de Julião Sarmento inclui obras de Joaquim Rodrigo, de quem Sarmento foi assistente, e de outros artistas portugueses que cruzaram a sua vida, como Álvaro Lapa, Eduardo Batarda, Jorge Molder, Rui Chafes, João Vieira, Rui Sanches, Pedro Cabrita Reis, Fernando Calhau, Rui Toscano, Alexandre Estrela, Vasco Araújo.

Artistas estrangeiros também estão representados na coleção privada, como Andy Warhol, Marcel Duchamp, Robert Frank, James Turrell, Jeff Wall, Wolf Vostell, Cindy Sherman, Nan Goldin, Adriana Varejão e Marina Abramovic.


Fonte: LUSA | 29 de janeiro de 2024

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