Chama-se Cibergramas da Baviera e compila os textos que o escritor Manuel Jorge Marmelo escreveu durante uma residência artística promovida pelo município de Munique, na Alemanha, entre Outubro e Dezembro de 2022. O livro, disponível apenas na plataforma de print-on-demand da Amazon, inclui também alguns registos fotográficos do autor e chega com a chancela da Piolho dos Livros, anteriormente responsável pela publicação das Crónicas do Autocarro e da colectânea de contos Zero à Esquerda.

Testemunho íntimo e impressivo da passagem de Manuel Jorge Marmelo pelo Sul da Alemanha, Cibergramas da Baviera dá conta do assombro e do desassossego do autor, relacionando observações, leituras e sensações pessoais com reflexões em torno de alguns dos temas centrais do nosso tempo, como os fenómenos migratórios, a xenofobia, a guerra e o avanço dos novos fascismos. Num cenário ainda fortemente marcado pela memória do nazismo e do extermínio de milhões de seres humanos, os textos do autor não dispensam o humor, a melancolia ou a decepção, pondo em evidência o modo como o esquecimento e a indiferença podem levar à repetição das tragédias do passado.

“Passeando à beira do lago, para não ir mais longe, dei com uma barraquinha de comes e bebes que reclama ser o consulado geral da Demotivations Akademie, a academia da desmotivação, pois claro, onde se emitem vistos e se bebericam belas cervejolas e outras bebidas mais coloridas. Pareceu-me um bom sítio para aboborar um pouco, cogitando que a falta de motivação (política, religiosa, económica, criminosa) seria suficiente para evitar uma boa parte das desgraças do mundo”, lê-se numa das crónicas que compõem Cibergramas da Baviera.

Entre filmes, passeios bucólicos, exposições e livros, os textos de Manuel Jorge Marmelo não esquecem a realidade nacional, acompanhada à distância, nem a relação com o exercício da escrita, o valor da amizade ou as lições diárias que a natureza ensina a quem se disponha a observar.

Trigésimo segundo título do autor premiado com o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco e com o Prémio Literário Casino da Póvoa/Correntes d’Escritas, Cibergramas da Baviera pontua — mas não pretende interromper — a pausa na atividade literária pública de Manuel Jorge Marmelo, decidida há quase um ano.

“Aprecio ser lido, como qualquer um, e não deixo continuar a trabalhar nos meus textos, mas não tenho, de momento, qualquer intenção de voltar a publicar o que vou escrevendo”, explica o autor.

Cibergramas da Baviera pode ser adquirido através do site www.manueljorgemarmelo.com