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Serralves promete o ano mais ambicioso de sempre
Depois de um 2023 auspicioso, Serralves apresentou a sua programação para 2024 como a mais ambiciosa de sempre. Para além das celebrações do 25 de Abril, estão no programa grandes exposições, como a da japonesa Yayoi Kusama.
É um ano de grande ambição este em que Serralves comemora, de uma só vez, 35 anos da Fundação, 25 do Museu de Arte Contemporânea (o primeiro do país) e cinco da Casa de Cinema Manoel de Oliveira, para além de se assinalar também com a devida pompa e circunstância os 50 anos do 25 de Abril.
Da programação para 2024, os destaques vão para a entrada em funcionamento da nova ala do Museu, a Ala Siza (em homenagem, como o nome indica, ao arquiteto Siza Vieira), mas também para a grande mostra da artista japonesa Yayoi Kusama, que estará patente ao público, tanto no museu como no parque, entre março e setembro. Isto, para além das exposições dedicadas a Joan Miró, Francisco Tropa, Sara Bichão e Devendra Banhart, das performances de João Fiadeiro e Vera Mantero ou de grandes eventos como Serralves em Festa, Festa de Outono e Serralves em Luz.
A presidente do conselho de administração, Ana Pinho, não hesitou, pois, em considerar esta “a programação mais ambiciosa de sempre”. Em fevereiro, a ala Siza Vieira (inaugurada no outono passado) receberá duas exposições que prometem ser marcantes: “Anagramas Improváveis” e “C.A.S.A.”, esta última em torno do arquivo do arquiteto, que, como se sabe, também é o autor do próprio Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Este ano de 2024 trará ainda exposições do belga Francis Alys, em colaboração com o Barbican Center, em Londres, bem como do canadiano Stan Douglas, cujo tema são os grandes movimentos de protesto da atualidade, o que, de algum modo, se relaciona com as próprias comemorações do 25 de Abril, estabelecendo pontes com as atividades que Serralves tem previstas para assinalar esta efeméride nacional.
Abril será, pois, o momento de inaugurar a exposição “Pré/pró - Declinações visuais do 25 de Abril”, que pretende “investigar as tensões, contradições e os movimentos paradoxais que marcaram anteriores e posteriores à revolução.” A este propósito, refira-se ainda a exposição que abordará a proximidade de Mário Soares (cujo centenário de nascimento também se assinala este ano) com alguns dos artistas seus contemporâneos.
O grande destaque em matéria de exposições terá de ir, no entanto, para a exposição de Yayoi Kusama. Com 95 anos de idade, a artista japonesa tem uma linguagem própria, que cruza elementos herdados do surrealismo, minimalismo, abstração e pop art. Os seus padrões circulares, com uma forte componente gráfica e colorida, tornaram-na muito popular junto de uma população que ultrapassa em muito os habitués da arte contemporânea. Em Serralves, teremos cerca de 200 obras suas, de vários formatos, que abrangem um período de trabalho que vai de 1945 até à atualidade. Nas artes performativas e na música são de referir as apresentações de João Fiadeiro e Vera Mantero, o ciclo Teresa Silva, bem como o Festival Dias da Dança e mais uma edição do Jazz no Parque.
Também o Parque de Serralves, com os seus 18 hectares no coração da cidade, estará bem ativo ao longo deste ano, em que também se assinala o quinto aniversário do popular treetop walk. Na apresentação desta temporada, Helena Freitas, diretora do Parque, destacou um conjunto de atividades de caráter pedagógico, que visa, por exemplo, “aumentar a literacia sobre os solos”, mas também o desenvolvimento de um atlas da biodiversidade existente no espaço, em colaboração com a Universidade do Porto. Outro dos momentos altos desta programação será, com certeza, o regresso ao parque de uma fonte concebida pelo paisagista francês Jacques Gréber quando Serralves ainda era um espaço privado, vedado aos olhares dos visitantes.
Nos cinco anos da Casa do Cinema teremos uma exposição dedicada ao cineasta suíço, fundador da Nouvelle Vague, Jean-Luc Godard, mas o trabalho em torno da divulgação da obra de Manoel de Oliveira prossegue. Neste caso, o acontecimento mais importante será a edição do catálogo raisonné do realizador português (nascido no Porto, em 1908).
Esta obra, editada em parceria com a Cinemateca Portuguesa, será um instrumento fundamental para os investigadores da sua filmografia e pensamento, já que só a secção de bibliografia ocupa 150 páginas do volume.
Ainda em 2024, serão lançados dois volumes dedicados aos projetos não concretizados do cineasta ao longo de uma carreira de mais de 70 anos.
Este ano ambicioso segue-se, como sublinhou Ana Pinho, a um 2023 particularmente auspicioso, em que Serralves recebeu mais de um milhão de visitantes.