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Programação deste ano do Teatro de Almada mostra "A sorte que tivemos!" com o 25 de Abril

Um tributo ao 25 de Abril, “A sorte que tivemos!”, com inéditos de cinco dramaturgos portugueses e encenação de Teresa Gafeira, é uma das quatro criações a estrear pela Companhia de Teatro de Almada (CTA) em 2024.

© Companhia de Teatro de Almada

Num ano em que se comemoram 50 anos da “Revolução dos Cravos”, a programação da Companhia para 2024, “incide, como não podia deixar de ser”, na “comemoração do cinquentenário do 25 de Abril, que é unanimemente reconhecido como o acontecimento mais importante do século XX português”, adiantou o diretor artístico da CTA, Rodrigo Francisco.

Com textos de António Cabrita, Jacinto Lucas Pires, Luísa Costa Gomes, Patrícia Portela e Rui Cardoso Martins, “autores com percursos literários e de vida diferentes”, convidados pela CTA, e encenação de Teresa Gafeira, “atriz fundadora da Companhia quando, ainda era Grupo de Campolide, em 1971, e que viveu de perto essa época”, “A sorte que tivemos! Um espectáculo sobre Abril” estreia-se a 12 de abril, na sala principal do Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB).

Com música de Martim Sousa Tavares, “A sorte que tivemos!" resulta de um “desafio” lançado à companhia pelo atual executivo municipal para que criasse um espetáculo sobre a efeméride. A companhia aceitou de imediato, e estará em cena até 05 de maio, antes de seguir em digressão por Braga e Viana do Castelo, indicou o diretor artístico.

“O tributo que nós prestamos ao cinquentenário do 25 de Abril é inteiramente justificado”, porque, “se não houvesse 25 de Abril, o movimento do teatro independente que se segue na segunda metade da década de 1970 não teria existido, e nós vimos daí”, sublinhou Rodrigo Francisco.

O diretor artístico referia-se a Joaquim Benite, fundador do Grupo de Campolide, companhia que viria a profissionalizar-se e a instalar-se, em 1977, no Teatro da Trindade, em Lisboa, e que, no ano seguinte, com a colaboração do executivo camarário da altura, fez de Almada a “Cidade do Teatro”.

Ainda “para inscrever a programação nas comemorações do cinquentenário do 25 de Abril”, a Companhia convidou o Arquivo Ephemera, para, em conjunto, organizarem quatro exposições que estarão patentes, ao longo do ano, na galeria do Teatro.

“A censura ao teatro”, com pesquisa e textos de Guilherme Filipe e cenografia/instalação de José Manuel Castanheira, é a primeira mostra, a inaugurar hoje à noite e que ficará patente até 27 de março, Dia Mundial do Teatro.

“A explosão da liberdade pelos olhos do teatro” (12 de abril a 16 de junho), “25 de Abril: os dias, as pessoas e os símbolos” (05 de julho a 27 de outubro) e “Manter a memória do Dia da Liberdade” (08 de novembro a 22 de dezembro) são os títulos das outras três exposições.

Todas as mostras têm documentação de José Pacheco Pereira e Rita Maltez e conceção plástica de José Manuel Castanheira.

“O futuro já era”, baseada no romance “GRM – Brainfuck”, da escritora suíça Sibylle Berg, que venceu o Prémio para Melhor Livro Suíço 2019 e o Grand Prix de Literature em 2020, numa encenação que assinala o regresso do diretor alemão Peter Kleinert à CTA, com música de Chullage (de 01 a 24 de março, na sala Experimental), é outra das estreias da CTA em 2024.

As duas outras são: “A bunda preta da Chuvinha”, um texto e encenação de Rodrigo Francisco que, a partir da adaptação de “um clássico da literatura norte-americana” “Ma Rainey’s black bottom", de August Wilson, conta a história de uma vedeta da música contemporânea, algures “entre o hip hop e o afro beat”, a estrear a 01 de dezembro, na sala principal; e “Tudo tem um começo”, um texto e encenação de Teresa Gafeira para a infância sobre o “começo do mundo”, a estrear em 30 de novembro na sala de ensaios.

Num ano em que a programação da CTA tem como palavras de ordem “Teatro Liberdade e Democracia”, e em que Rodrigo Francisco afirma “pôr a alegria em cena”, o diretor artístico destaca ainda a apresentação de algumas peças estrangeiras, entre as quais o espetáculo de dança “Nuit” (17 e 18 de fevereiro), uma criação coletiva da companhia francesa de novo circo Le Collectif Petit Travers, que há dois anos também se apresentaram em Almada.

“Sans tambour”, uma produção do “mítico teatro de Peter Brook, Théâtre des Bouffes du Nord & La Sourde", com encenação do criador francês Samuel Achache, é outra das peças estrangeiras destacadas por Rodrigo Francisco.

Integrado na 41.ª edição do Festival de Almada, “Sans tambour” estreou-se há dois anos no Festival de Avignon, e terá duas representações, a 09 e 10 de julho. Nesta peça, o teatro conjuga-se com os 'lieder' do compositor alemão Robert Schumann.


Fonte: LUSA | 5 de janeiro de 2023

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