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Maria! Não Me Mates, Que Sou Tua Mãe!

Pode parecer apenas uma narrativa de faca e alguidar, baseada numa notícia de um crime execrando, mas a verdade é que Maria! Não Me Mates, Que Sou Tua Mãe!, publicado anonimamente, em 1848, no jornal O Eco Popular, já continha o fulcro dos grandes romances de Camilo Castelo Branco.

O fatal amor de perdição e a presença do macabro. «Atendei, e vereis o maior de quantos crimes se tem visto no mundo! Vereis uma filha matar sua mãe, porque esta lhe não deixava fazer o quanto desejava». Este «Matricídio sem Exemplo» viria a ter duas outras edições, também anónimas, que foram autênticos bestsellers. Êxitos que até hoje dividem opiniões: serão da autoria de Camilo a segunda e terceira edições? Praticamente 175 anos depois a Guerra e Paz Editores, defensora da autoria de Camilo, dá aos leitores o papel de decisores, publicado pela primeira vez num só livro, a 1.ª edição e a 3.ª, que inclui já o julgamento e sentença da matricida Maria José. Maria! Não Me Mates, Que Sou Tua Mãe! estará disponível na rede livreira nacional, com selo da reconhecida coleção de clássicos da editora.

Foram precisas quatro décadas para que se soubesse que o folheto de cordel Maria! Não Me Mates, Que Sou Tua Mãe!, foi afinal escrito por Camilo Castelo Branco, um dos autores maiores da literatura portuguesa. O anúncio foi feito em março de 1889, pelo escritor Tomás Ribeiro, num artigo publicado no jornal O Imparcial.

Baseado numa notícia publicada no jornal A Revolução de Setembro, que dava conta de vários pedaços de um corpo de mulher, desmembrados, encontrados em vários pontos de Lisboa, o texto escabroso de Camilo, que nos descreve a passada larga de Maria José rumo à desgraça, viria a ter duas outras edições revistas e aumentadas. Da primeira para a segunda, continuando a ser um folheto «mandado imprimir por um mendigo», mudou o título, de Maria! Não Me Mates, Que Sou Tua Mãe! para Matricídio sem Exemplo, acrescentando-se cenas que Camilo recolheu da investigação policial, bem como episódios que resultaram dos interrogatórios.

É na terceira edição que, por fim, todo o caso, das suas motivações ao seu desenlace, incluindo a sentença, nos é relatado. Comparada com a primeira edição, o que Camilo nos oferece é uma primeira parte mais sucinta, detalhando menos as cenas de relacionamento entre mãe, filha e amante, e as motivações que desse relacionamento resultam e levam ao crime.

  

Os especialistas dividem-se, mas nas Obras Completas da Lello Editores e na edição brasileira da Loyola e Giordano publicam-se, como sendo de Camilo, a primeira e terceira edições. Concordante com o critério seguido, a Guerra e Paz apresenta agora, pela primeira vez em edição individual, ambos os textos. A eles juntam-se anexos que ajudam a enquadrar a obra: um capítulo da biografia Romance de um Romancista, de Alberto Pimentel, uma notícia do jornal Revolução de Setembro e uma súmula sobre o estilo de Camilo, em que se citam Óscar Lopes, António José Saraiva e José Augusto França. Junta-se ainda a nota introdutória do editor, Manuel S. Fonseca, que, citando uma das primeiras frases do texto –«Sim! – disse ela. – Essa é a cabeça de minha mãe!»–, nos diz que «esta é a cabeça de Camilo», porque aqui se começou a ensaiar «um dos maiores prosadores da língua portuguesa». 

Clássicos Guerra e Paz
Maria! Não Me Mates, Que Sou Tua Mãe!
Camilo Castelo Branco
Ficção / Romance
88 páginas · 15x23 · 13,00 €
Nas livrarias a 9 de janeiro de 2024
Guerra e Paz, Editores

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