O evento tem como ponto-alto a procissão em que crianças e jovens desfilam pelo centro histórico dessa cidade do distrito de Aveiro envergando vestidos brancos, com faixas de cetim colorido à cintura e fogaças à cabeça, para exibirem perante a comunidade o pão doce prometido a São Sebastião por cada ano de proteção contra a peste negra.

Pela segunda vez nos 519 anos da festa, as participantes no cortejo vão envergar casaquinhos de malha tricotados por voluntárias da Feira e de concelhos vizinhos, com lã oferecida pela autarquia e em modelos definidos pela organização do evento. Em 2023 houve 56 senhoras a tricotar 94 casaquinhos nos tamanhos mais pequenos e em 2024 juntar-se-ão a essas peças – entretanto confiadas ao guarda-roupa da organização – pelo menos outros 40 casacos para as fogaceiras mais crescidas, após o alargamento do projeto “Ponto Fogaça” a novas voluntárias – entre as quais utentes com conhecimentos de tricot em diferentes lares e centros de dia do concelho.

“Convidar a comunidade a participar na confeção dos casacos é uma forma de envolvermos mais gente no espírito das celebrações, reforçando o seu sentimento de pertença a Santa Maria da Feira e à identidade da região, que tem na Festa das Fogaceiras uma das suas tradições mais emblemáticas”, declara à Lusa o presidente da câmara municipal, Emídio Sousa.

A missa matinal de bênção das fogaças e a procissão da tarde pelas ruas da cidade são as principais iniciativas do feriado municipal, mas as celebrações dedicadas a São Sebastião são ainda complementadas com um programa de atividades paralelas que abrange desde concertos como o de Fernando Tordo a 27 de janeiro – com quatro bandas filarmónicas do concelho e Paulo Carvalho e Rita Redshoes como convidados – até encontros gastronómicos com harmonizações de fogaça e concursos de desenho para jovens dos 15 aos 20 anos.

Está ainda prevista uma exposição sobre símbolos da Festa das Fogaceiras no Museu de Santa Maria de Lamas, oficinas infantis no Museu Convento os Loios, uma mostra com trajes de fogaceiras reinventados por turmas do 1.º ciclo, uma entronização de novos escudeiros da Confraria da Fogaça, um encontro de cantadores de Janeiras e Reis, e, entre outras propostas, concertos por artistas como a fadista Carminho e a cantora Ana Lua Caiano.

“O programa cultural que se celebra ao longo do mês de janeiro é uma expressão da riqueza artística e do património do município. Envolve propostas para todos os públicos, da música ao teatro de revista, passando pela gastronomia, por exposições e workshops infantis, e demonstra com essa oferta uma diversidade que acaba por enriquecer a Festa das Fogaceiras”, conclui Emídio Sousa.

Fonte: LUSA | 1 de janeiro de 2023