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25 Anos da atribuição do Nobel de Literatura a José Saramago

No dia 10 de dezembro de 1998, Portugal e o mundo de língua portuguesa assistiram com orgulho à cerimónia de atribuição do prémio ao autor que, nove anos depois, viria a criar em Lisboa uma Fundação com o seu nome.

«O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever.» Assim começava o memorável discurso de José Saramago quando em Estocolmo recebeu da Academia Real Sueca o galardão nunca antes atribuído a um escritor de língua portuguesa. Referia-se ao seu avô Jerónimo, pastor, que evocaria em diversos textos ao longo da sua vida literária e que, de um modo ou outro, inspiraria diversas personagens dos seus livros, entre eles Levantado do Chão. Originalmente publicado em 1980, este livro integra a coleção das obras de José Saramago com o selo da Porto Editora, cujas capas ostentam a assinatura de diversas personalidades da cultura lusófona.

Neste 25.º aniversário da atribuição do Nobel, a Porto Editora orgulha-se de ser a casa deste nome maior das nossas letras, destacando a disponibilidade da Obra Completa do autor e o arranque da nova coleção Escrever é Traduzir, onde pretende recuperar e dar a conhecer aos leitores de hoje algumas das memoráveis traduções literárias feitas por José Saramago, a começar pelo monumental romance Anna Karénina, de Lev Tolstói.

Fundação José Saramago oferece exposição e conteúdos educativos a escolas, universidades, bibliotecas e outras instituições que queiram abraçar a Declaração de Deveres Humanos.

No mês em que se celebra o 75.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos e os 25 anos da atribuição do Prémio Nobel de Literatura a José Saramago, a Fundação José Saramago, em parceria com a Organização dos Estados Ibero-americanos, inaugurará uma exposição em dois locais da cidade de Lisboa — no Largo José Saramago, em frente à sede da Fundação José Saramago e no espaço do Banco de Portugal/Museu do Dinheiro — pretendendo assim divulgar a proposta de Declaração de Deveres Humanos, projeto iniciado pela Fundação José Saramago.

A ideia nasceu de uma vontade do escritor expressa no seu discurso proferido a 10 de dezembro de 1998, em Estocolmo, data em que a Declaração Universal de Direitos Humanos cumpria meio século de vida. «Tomemos então, nós, cidadãos comuns, a palavra e a iniciativa. Com a mesma veemência e a mesma força com que reivindicarmos os nossos direitos, reivindiquemos também o dever dos nossos deveres. Talvez o mundo possa começar a tornar-se um pouco melhor», disse José Saramago nessa ocasião, logo após ter recebido o Prémio Nobel de Literatura.

Em 2015, reunidos no México e convocados pela Universidade Nacional Autónoma do México e pela Fundação José Saramago, dezenas de especialistas em diversas áreas elaboraram uma proposta de Declaração de Deveres Humanos, documento que posteriormente, em 2018, foi levado às Nações Unidas e entregue em mãos ao seu Secretário-Geral, António Guterres. Agora, pretende-se que este documento circule pelo mundo, seja debatido, discutido e posto em prática. Nesse sentido, foram criadas uma exposição e uma página de internet com o texto da proposta de declaração, o texto da Declaração Universal de Direitos Humanos, recursos educativos para alunos até ao 6.º ano, e imagens do fotógrafo Gervasio Sánchez. O design gráfico da mostra ficou a cargo do atelier Silvadesigners. A exposição está disponi´vel em três idiomas (português, espanhol e inglês) para escolas, universidades, bibliotecas e outras instituições que desejem abraçar esta iniciativa.

Sobre o autor
José Saramago

Autor de mais de 40 títulos, José Saramago nasceu em 1922, na aldeia de Azinhaga. As noites passadas na biblioteca pública do Palácio Galveias, em Lisboa, foram fundamentais para a sua formação. «E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou.» Em 1947 publicou o seu primeiro livro que intitulou A Viúva, mas que, por razões editoriais, viria a sair com o título de Terra do Pecado. Seis anos depois, em 1953, terminaria o romance Claraboia, publicado apenas após a sua morte. No final dos anos 50 tornou-se responsável pela produção na Editorial Estúdios Cor, função que conjugaria com a de tradutor, a partir de 1955, e de crítico literário. Regressa à escrita em 1966 com Os Poemas Possíveis. Em 1971 assumiu funções de editorialista no Diário de Lisboa e em abril de 1975 é nomeado diretor-adjunto do Diário de Notícias.

No princípio de 1976 instala-se no Lavre para documentar o seu projeto de escrever sobre os camponeses sem terra. Assim nasceu o romance Levantado do Chão e o modo de narrar que caracteriza a sua ficção novelesca. Até 2010, ano da sua morte, a 18 de junho, em Lanzarote, José Saramago construiu uma obra incontornável na literatura portuguesa e universal, com títulos que vão de Memorial do Convento Caim, passando por O Ano da Morte de Ricardo Reis, O Evangelho segundo Jesus Cristo, Ensaio sobre a Cegueira, Todos os Nomes ou A Viagem do Elefante, obras traduzidas em todo o mundo.

No ano de 2007 foi criada em Lisboa uma Fundação com o seu nome, que trabalha pela difusão da literatura, pela defesa dos direitos humanos e do meio ambiente, tomando como documento orientador a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Desde 2012 a Fundação José Saramago tem a sua sede na Casa dos Bicos, em Lisboa. José Saramago recebeu o Prémio Camões em 1995 e o Prémio Nobel de Literatura em 1998. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou postumamente, a 16 de novembro de 2021, José Saramago com o grande-colar da Ordem de Camões, pelos «serviços únicos prestados à cultura e à língua portuguesas», no arranque das comemorações do centenário do nascimento do escritor. 

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