A Marta Fora do Tom, é a Marta no Seu Tom.
O que quer dizer, na sua existência que se faz sobretudo da descoberta e do desafio do limite. A corda, o assobio. Pele. Até onde se pode estender um som? Este projeto, muitíssimo pessoal e singular, é ao mesmo tempo um convite a ser, em alteridade. Ser com, e no outro. O Tom da Marta é permeável. Vulnerável. Real. Às vozes que escolheu rodear-se. As imagens, primeiro desenhadas no espaço interior, e depois delicadamente registadas pela câmara do cineasta/fotógrafo. As imagens. Primeiro desenhadas no espaço interior, e depois interpretadas pelas mulheres que abriram outros tons, de pele, de vivência. As paisagens acústicas de quem fez os arranjos e tertúlias à volta do(s) detalhes. Marta Fora do Tom, é sobre os detalhes. A morte anunciada de um desejo, que é em si uma não existência e, assim, todas as possibilidades.

Como é que se inventa o primeiro som? A que soa, o primeiro som?
Esta Marta Fora do Tom é uma espécie de raiz dela própria. E como raiz, faz-se crescer na co(n)-vivência dos outros a quem abriu essa possibilidade de se alimentar(se). A música é ligeira, na sua aparência, ligeiramente gay. A vulgaridade incrível e bela do amor. Fica a dúvida sobre se Platonicamente conta as histórias que ficaram por acontecer, ou se se é uma forma (fórmula) secreta de contar todas as histórias, celebrando as perdas e conquistas de cada uma. Afinal, não saímos todos do Tom quando nos descobrimos nesse lugar da vertigem?
É sobre tom, tons. Paisagens acústicas que são o resultado de uma topografia coletiva. A Marta define o Tom, seja ele qual for, e à sua volta, permite-se ao desalinho, à interferência, abrindo lugar a um projeto que é, no limite, esse desejo de reconhecer que o certo e o errado são sempre circunstanciais.



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