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Novecentas e oito mulheres mostram em Viana do Castelo a “vaidade” nos antepassados

Novecentas e oito mulheres de sete países mostraram hoje em Viana do Castelo a “vaidade” que sentem “na cultura e tradições” dos “antepassados” durante o desfile da Mordomia que, durante mais de duas horas, percorreu as ruas da cidade.

Foto: EPA / JOSE COELHO © 2023 LUSA

“Esta é a forma que temos de mostrar como eram os antepassados. É com muito orgulho que estou a mostrar o que era da minha avó, o traje e o ouro que passou de geração em geração. É uma vaidade muito grande. Dá arrepios na pele”, afirmou Ana Moreno, de 31 anos, da freguesia de Outeiro.

A técnica de radiologia que, em 2012, foi o rosto do cartaz da Romaria d’Agonia, começou a participar no desfile da Mordomia aos 14 anos, idade mínima obrigatória para integrar um dos momentos altos das festas, mas ainda em criança entrou em outros números e procissões.

“Vou continuar a participar até conseguir. Quando tiver muitos cabelos brancos, quero passar para o outro lado, ajudar a organizar o desfile”, adiantou Ana Moreno.

A abrir o desfile, que se começou a formar no Palácio dos Cunhas, onde funcionava o antigo Governo Civil, está o grupo de mulheres da ribeira.

Lara Silva, de 23 anos, de mãos à cinta, exibe orgulhosa o traje e o ouro que vem passando de geração em geração. Lara começou a desfilar nas procissões com o traje da ribeira com 3 anos e, a partir dos 14, passou a integrar a Mordomia.

“Trajo-me à varina porque estou a representar um dos pilares da minha vida, que já não tenho. A minha bisavó. O traje que envergo era da minha bisavó e esta é a homenagem que faço à minha família”, afirmou Lara.

A “vaidade” que sente pelo traje da ribeira passou-a à prima Leonor Teixeira, de 16 anos, que começou a desfilar na romaria há 10.

“A minha bisavó era varina e o meu avô era pescador. Via a minha prima a desfilar e sentia que queria muito fazer pela nossa família. Sempre que puder, estarei aqui”, observou a jovem estudante.

Apesar de participar no desfile da mordomia, a procissão ao mar, no domingo, é o número que mais gosta por ser a homenagem que os pescadores prestam à sua padroeira, a Senhora d’Agonia.

Inês Pardaleja, de 18 anos, de Braga, deixou que o “bichinho” que lhe foi transmitido do avô, sempre ligado à organização da festa, falasse mais alto e decidiu estrear-se no desfile da Mordomia.

“Finalmente, este ano, cedi ao bichinho, quis muito fazer isto, também muito por ele. Estou a gostar muito do ambiente e estou quero aproveitar. Quero fazer tudo direitinho”, disse a estudante de medicina veterinária.

Maria Cândida Ribeiro, de 64 anos, e a irmã Helena Oliveira, de 50, do concelho de Baião, no distrito do Porto, há seis anos que desfilam na Mordomia e não se cansam de elogiar a romaria d’Agonia.

“É festa mais linda. A nossa é diferente. Adoro a romaria”, afirmou Maria Cândida que começou a desfilar com trajes alugados, mas que já comprou um traje da Ribeira Lima, porque gosta muito de vermelho e a próxima compra vai ser o verde de Geraz do Lima.

Chegaram a participar seis familiares, entre irmãs e sobrinhas, mas desde que se reformou do talho onde trabalhava não perde um ano, acompanhada pela irmã Helena.

As irmãs ficaram “tristes” por não pernoitarem na cidade para o resto das festas, mas não conseguiram alojamento.

“Viemos hoje e regressamos no domingo para a procissão ao mar e a serenata”, referiu.

Tânia Manso, 45 anos, desfilou durante 25 anos e agora é voluntária na organização do desfile.

A educadora de infância preferiu passar “a ajudar a transmitir a cultura e tradição” da cidade e “a ajudar as mais novas a bem trajar e ourar”.

“É um sentimento diferente. Mais de colaboração e de missão para que tudo corra bem, para que as mordomas desfilem bem trajadas e ouradas”.


Fonte: LUSA | 17 de agosto de 2023

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