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Romance de estreia de Alcídio de Oliveira oferece-nos um «jorro de criatividade» e erotismo
Uma história de relações, infidelidades, preconceitos, mas também de conversas bem-humoradas, Monólogo da Faxineira, de Alcídio de Oliveira, convida-nos a ser voyeurs de um romance escaldante entre uma mulher-a-dias oriunda do Brasil e um dos seus patrões durante os intermináveis meses da quarentena.
Um surpreendente romance de estreia que, segundo Clara Pinto Correia, nos oferece «um jorro de criatividade de que a literatura tanto precisa» e promete agarrar os leitores com as «muito bem esgalhadas» cenas de sexo, descritas numa combinação rara de humor e ternura, pela «faxineira» que nos guia nesta leitura. Monólogo da Faxineira chega à rede livreira nacional numa edição Guerra e Paz que estará ainda disponível no site da editora.
Neste Monólogo da Faxineira, Alcídio de Oliveira, autor que se estreia aos 66 anos na escrita de um romance, dá a palavra à sua protagonista Jocilene, uma brasileira «caipira» que imigra para Portugal e que, pelas voltas do acaso, acaba a trabalhar, em plena pandemia de covid-19, na casa de um «homão» disponível e carente, com o qual inicia uma intensa relação carnal. «Fiquei cheia de cantada de pobre, de cheiro de pobre, palavrão de pobre, cara de pobre…» Só Jocilene fala neste diálogo constante de que só conseguimos adivinhar o outro lado, mas que nos desenovela toda a história, nua e crua, como só Joci consegue ser. «Ouvi falar que, se a gente parar de dar durante um tempo, a perereca volta ao normal. Não sei, não.»
Apresentada a anfitriã, partimos à descoberta deste divertidíssimo diário de quarentena escrito na primeira pessoa e num português do Brasil repleto de desabafos, confidências, preconceitos e até altercações com Nossa Senhora da Aparecida, a «santinha» de que Joci, como é habitualmente tratada, é devota. «Minha Santa, você, desta vez, aprontou feio para mim, me deixou na mão…» Mas sobretudo repleto de cenas de sexo, descritas sem filtros nem censura, pela vivida e desembaraçada «faxineira», num exercício amplamente elogiado por Clara Pinto Correia no prefácio da obra. «Alcídio participa na invenção de novos formatos.» «O que ele escreve é certamente uma ficção, mas não é um conto, nem é um romance. É, apenas, da primeira palavra até à última, uma cena de cama muito bem pensada, que ele corta a direito sem qualquer hesitação para construir uma queca muito bem esgalhada. Foi bom.»
Ainda que marcadamente erótico, este romance não é apenas uma descrição pormenorizada, atenta, realista e incisiva da vida sexual de uma empregada brasileira que escolheu Portugal para procurar uma vida melhor. É também uma sátira à forma como os brasileiros são genericamente estigmatizados, com toda uma série de preconceitos, pelos portugueses.
Uma edição Guerra e Paz para fruir, mas também refletir, Monólogo da Faxineira estará disponível, quer na rede livreira nacional, quer no site da editora, a partir do dia 25 de julho de 2023.
Monólogo da Faxineira
Alcídio de Oliveira
Ficção / Romance
136 páginas · 15×20· 15,00€