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Vencedores da 4.ª edição do Prémio Gulbenkian para a Humanidade

Prémio Gulbenkian para a Humanidade reconhece liderança climática no restauro de ecossistemas na Indonésia, Camarões e Brasil

A Fundação Calouste Gulbenkian anunciou os vencedores do Prémio Calouste Gulbenkian 2023

O Prémio Gulbenkian para a Humanidade 2023 distingue três personalidades inspiradoras, reconhecendo a sua liderança no restauro e na proteção de ecossistemas vitais: Bandi “Apai Janggut”, líder comunitário (Indonésia), Cécile Bibiane Ndjebet, ativista e agrónoma (Camarões), e Lélia Wanick Salgado, ambientalista, designer e cenógrafa (Brasil).

O júri, liderado pela antiga chanceler alemã Angela Merkel, selecionou estas três personalidades de entre 143 nomeados, oriundos de 55 países e de todos os continentes. Os vencedores foram escolhidos pela sua liderança e trabalho incansável, ao longo de décadas, no restauro de ecossistemas vitais - florestas, paisagens e mangais -, e na proteção de territórios em conjunto com as comunidades locais. O seu compromisso foi o de agir localmente para restaurar e proteger os ecossistemas e a sua biodiversidade, contribuindo para um funcionamento saudável do sistema Terra e para mitigar os impactos das alterações climáticas.

Bandi “Apai Janggut” é o líder tradicional da comunidade indígena Dayak Iban Sungai Utik Long House, situada na floresta tropical de Kalimantan, no Bornéu. Nos últimos 40 anos, Bandi foi o mentor da luta da sua comunidade pelo reconhecimento do direito à terra onde vivem. Em 2020, o governo indonésio concedeu o direito de propriedade de 9 500 hectares de terra à comunidade Dayak Iban.

Cécile Bibiane Ndjebet advoga a igualdade de género e o direio das comunidades à floresta e aos recursos naturais. Durante 30 anos, lutou pelos direitos das mulheres em relação à posse da terra e pelo reconhecimento do seu papel na recuperação dos ecossistemas vitais, na luta contra a pobreza e no combate às alterações climáticas. Tem liderado ainda os esforços para influenciar políticas de igualdade de género na gestão das florestas em 20 países africanos.

Lélia Wanick Salgado é uma ambientalista, designer e cenógrafa brasileira que cofundou, em 1998, o Instituto Terra, dedicado à recuperação da floresta atlântica do Brasil. O Instituto Terra tem sido responsável pela plantação de mais de 2,7 milhões de árvores e pela recuperação de mais de 700 hectares de terra degradada. Em colaboração com pequenos agricultores, mais 2 000 hectares foram reflorestados e recuperadas 1 900 nascentes.

Para a presidente do júri, Angela Merkel, “Os ecossistemas suportam toda a vida na Terra. A saúde do planeta e dos seus habitantes depende deles e só os ecossistemas saudáveis nos permitirão combater as alterações climáticas”. Merkel diz ainda que “O júri escolheu estas três personalidades como forma de reconhecer um trabalho de grande transformação no Sul Global, levado a cabo por comunidades que, apesar de serem as mais afetadas pelas alterações climáticas, foram as que menos contribuíram para as causar.” E conclui: “Acreditamos que os vencedores do Prémio vão continuar a inspirar outros e a desencadear futuras iniciativas climáticas positivas, em todo o mundo.”

Em 2022, os Estados membros das Nações Unidas adotaram a Convenção Quadro para a Biodiversidade, destacando a urgência de travar a perda de biodiversidade, restaurar os ecossistemas naturais e proteger os direitos das populações indígenas a nível global.

As três personalidades que vão partilhar, de forma igual, o prémio de 1M€, poderão usar esta verba para consolidar os seus esforços ou apoiar novos projetos de restauro.

O presidente do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian, António Feijó, afirma que o Prémio “presta homenagem ao trabalho e à dedicação que estas personalidades mostraram nos seus esforços de recuperação de ecossistemas vitais, que são cruciais para a mitigação das alterações climáticas. São um exemplo de liderança excecional, com impacto significativo, em harmonia com a natureza e as comunidades locais.” António Feijó considera que, para a Fundação, “é um privilégio poder apoiá-los no seu esforço na proteção do planeta e da humanidade. As suas histórias poderão inspirar muitas outras pessoas.”

O Prémio Gulbenkian para a Humanidade distingue pessoas ou organizações que contribuem com a sua liderança para enfrentar os grandes desafios atuais da humanidade – as alterações climáticas e a perda de biodiversidade. No valor de 1 milhão de euros, o Prémio reconhece contribuições de excelência no âmbito da ação climática e soluções inspiradoras e criadoras de esperança para a humanidade.

Esta é a quarta edição do Prémio. Em 2020, foi atribuído pela primeira vez à jovem ativista sueca Greta Thunberg.

Em 2021, o Prémio foi atribuído ao Pacto de Autarcas para o Clima e Energia - a maior aliança global para a liderança climática das cidades, sendo constituída por mais de 10 600 cidades e governos locais de 140 países, incluindo Portugal.

Em 2022, o Prémio foi repartido ex-aequo pelo IPCC e pelo IPBES, duas organizações intergovernamentais que produzem conhecimento científico, alertam a sociedade e contribuem para que os decisores tomem medidas mais fundamentadas no combate às alterações climáticas e à perda de biodiversidade.

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