Acompanhando as memórias que o narrador guarda do protagonista e das várias mulheres que o tocaram, o livro provoca o leitor, interpelando-o, intrigando-o, jogando ludicamente com a sua própria memória. É tempo de o partilhar com os leitores, numa edição que estará disponível na rede livreira nacional a partir do dia 11 de julho 2023.

Em O Planisfério, Luís Carmelo deixou-nos um romance que nos liberta, ao mesmo que nos interroga e interpela, mantendo-nos presos a um fio comprido de história que nos deixa ofegantes, a enlaçar com as pernas tudo aquilo de que nos lembramos, que nos deixa agarrados à realidade. Um romance póstumo que celebra uma carreira literária reconhecida pela crítica e que, tal como uma imensa nuvem de pássaros rodopiantes nos céus, nos dá uma sensação de liberdade, apesar do assombro que causa.

Carmelo convidou-nos a dar a mão ao seu último protagonista, Leonel, um homem para o qual a realidade foi sempre um álibi sem saída, cheia de uma felicidade pela qual se espera, mas para a qual nunca se está preparado. «O mais íntimo ato de existir é uma resistência contra o nada. Uma aventura de quebra-mar exposto à tempestade. Ser feliz decorre da ação pura. Há instantes felizes, mas não há ser-se feliz.»

E Leonel sentirá isso mais do que ninguém, na pele, nos ossos, na alma e na sua virgindade, tardiamente perdida. Um facto que não contou a praticamente ninguém, a não ser a M. Annaëlle, a mulher que o conhecia como mais ninguém e à qual contou tudo sobre as mulheres, os corpos e os suores que o visitaram ao longo da vida. Apenas no dia do seu velório, as memórias de Leonel, mesmo que incompletas, mesmo que cheias de meias-verdades, serão relatadas, deixando-nos uma dúvida: será que tudo o que sabemos de Leonel caberá num único Planisfério?

O Planisfério

Luís Carmelo
Ficção / Romance
136 páginas · 15x23 · 15€