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Escritor Eça de Queiroz vai para o Panteão Nacional em setembro
Os restos mortais do escritor, que está sepultado em Baião, serão trasladados em finais de setembro. Há detalhes por acertar, mas o Panteão já está a preparar a sala tumular e a pensar uma exposição documental evocativa do autor.
Chegou a estar prevista para julho deste ano, mas a trasladação dos restos mortais do escritor Eça de Queiroz para o Panteão Nacional só deverá acontecer no final de setembro. A data apontada neste momento é 27 de setembro.
A concessão de honras de panteão ao autor de “Os Maias” foi proposta por um projeto de resolução do PS aprovado pela Assembleia da República, por unanimidade, em janeiro de 2021. Em causa está o reconhecimento e homenagem pela “obra literária ímpar e determinante na história da literatura portuguesa”.
Eça de Queiroz que morreu a 16 de agosto de 1900 em França, na sua casa de Neuilly-sur-Seine teve um funeral de Estado e foi sepultado no Cemitério do Alto de S. João, em Lisboa. Contudo, em 1989 foi transladado para o cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião, a vila onde se situa a Fundação Eça de Queiroz.
Embora ainda esteja prevista para julho uma nova reunião do grupo de trabalho para acertar os detalhes da cerimónia, a data apontada de 27 de setembro conjuga a disponibilidade de agenda do presidente da República, presidente da Assembleia da República e primeiro-ministro.
O processo de trasladação do escritor de “A Cidade e as Serras” foi proposto inicialmente em 2020 pela família que dirige a Fundação Eça de Queiroz. A proposta liderada pelo bisneto do escritor, Afonso Maria Eça de Queiroz Cabral, chegou ao então deputado socialista José Luís Carneiro que era à época também presidente da Assembleia Municipal de Baião.
Em abril, o presidente da República tinha anunciado para breve a trasladação dos restos mortais de Eça de Queiroz. Em declarações na tomada de posse dos órgãos sociais da Confederação Empresarial de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa evocou a memória dos chamados “vencidos da vida” e anunciou que iriam “brevemente” homenagear Eça de Queiroz com a trasladação para o Panteão Nacional.
Panteão prepara exposição sobre Eça
Eça de Queiroz é o sétimo escritor a ter honras de Panteão. O seu nome junta-se assim a Luís de Camões, Almeida Garrett, Aquilino Ribeiro, Guerra Junqueiro, João de Deus e Sophia de Mello Breyner Andresen. A última personalidade a ter honras de Panteão foi Aristides de Sousa Mendes que em outubro de 2021 foi alvo de uma homenagem com o descerramento de uma placa.
Embora toda a responsabilidade e, inclusive o pagamento das intervenções necessárias para a trasladação sejam da responsabilidade da Assembleia da República, o Panteão Nacional está já a preparar a traslação de Eça de Queiroz.
Segundo o que foi apurado junto de fonte do monumento tutelado pela Direção-Geral do Património Arquitetónico e Cultural, está já a ser intervencionada uma nova sala tumular. Será a última disponível para acomodar 4 túmulos.
Eça de Queiroz ficará assim para já sozinho numa das 3 salas disponíveis, localizadas no piso térreo do Panteão. Nas restantes salas já estão sepultados, entre outros, os presidentes da República Manuel de Arriaga, Teófilo Braga, Sidónio Pais e Óscar Carmona, os escritores Almeida Garrett, Aquilino Ribeiro, Guerra Junqueiro, João de Deus e Sophia de Mello Breyner Andresen, a fadista Amália Rodrigues, o futebolista Eusébio da Silva Ferreira, o Marechal Humberto Delgado e Aristides de Sousa Mendes.
Para assinalar a trasladação de Eça de Queiroz, o Panteão prepara já uma exposição documental para evocar o autor de “O Primo Basílio”. Essa exposição será colocada só depois da cerimónia de trasladação. Entretanto, estão já a ser preparados os painéis com dados e a biografia de Eça de Queiroz que ficarão colocados junto ao tumulo no Panteão Nacional.
Nascido na Póvoa de Varzim em 1845, Eça de Queiroz foi autor de diversos romances e livros de contos. A sua obra inclui “Os Maias”, um romance chave do realismo português do século XIX. Além de livros como “O crime do padre Amaro” já adaptado ao cinema, Eça foi também autor de obras como “A relíquia”, “A ilustre casa de Ramires”, “A Capital” ou “A tragédia da Rua das Flores”, também já adaptada a uma série televisiva.
Paralelamente à sua carreira literária, Eça de Queiroz foi também diplomata. Além de cônsul em Havana, Cuba, o escritor passou por Inglaterra, esteve em Newcastle e Bristol. E terminou a sua vida como cônsul em Paris.
por Maria João Costa com Manuela Pires in Renascença | 29 de junho de 2023
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença