A decorrer desde 16 de junho, o certame, que exibiu 240 filmes, realizou hoje a cerimónia de encerramento e o anúncio do palmarés com uma dezena de prémios e outras tantas menções honrosas para ficção, documentário, animação e experimental.

O Lince de Ouro foi atribuído à longa-metragem de ficção “Tótem” de Lila Avilés (México/Dinamarca/França), que acompanha 24 horas de experiências de vida, morte e perda, segundo um comunicado da organização, com as justificações do júri.

“When it Melts” (Bélgica), de Veerle Baetens, sobre a controvérsia dos traumas de infância e a forma como definem a vida adulta, recebeu uma menção honrosa nesta categoria.

No cinema nacional, o Grande Prémio foi atribuído a “Monte Clérigo” de Luís Campos, um filme sobre o olhar do cinema e a sua relação com o mundo que o rodeia, e houve menções honrosas para “Cura#1”, de Joana Peralta, sobre a expressão artística feminina, e “Aplauso”, de Guilherme Daniel, pela capacidade de "transformar um simples gesto num ato político".

Na categoria de documentário, o Lince de Ouro foi para “Paradise”, de Alexander Abaturov, sobre uma comunidade que luta sozinha pela sobrevivência, enquanto “Man Caves”, de Céline Pernet, recebeu uma menção honrosa pela “coragem no foco das mais variadas formas de masculinidade, revelando os oprimidos, sem julgar, mas também sem indulgência”, segundo a justificação do júri.

O Lince de Prata na ficção foi atribuído a “Heat Spell”, de Marie-Pier Dupuis, escolhido “pela forma como retrata um lado mais negro da infância com recurso a uma excelente direção de arte e fotografia, tudo unido por uma espantosa representação da criança protagonista”, segundo o júri, que atribuiu ainda uma menção honrosa a “Live” de Mara Tamkovich.

Na categoria da animação, o Lince de Prata foi para “Searching Heleny” (Brasil), de Esther Vital, “um original e poderoso retrato de um período doloroso do passado brasileiro”, e houve menções honrosas para outros filmes, nomeadamente “Swallow flying to the south”, de Mochi Lin, e “This will not be a festival film” de Julia OrliK.

No cinema exprimental, o Lince de Prata coube a “True Bug”, de Tuisku Lehto, “uma inesperada e visualmente rica exploração dos habitantes do planeta”, e também foram entregues menções honrosas a “Folicular images”, de Ludivine Large-Bessette, e “Rotterdam, don´t leave us”, de Guido FG Jeurissen.

O Lince de Prata para documentário foi para “Hardly working”, de Total Refusal, sobre o mundo digital, com menções honrosas para “Squid fleet” de Will N. Miller, “Dilema of modern sex simultation”, de Charlotte Bevilacqua.

A longa-metragem “Crows are white”, de Ahsen Nadeem recebeu o Prémio do Público, que também premiou a curta-metragem “Will you look at me”, de Shuli Huang.

De acordo com a organização do festival - dirigido por Filipe Pereira – o certame encerra hoje com a entrega dos prémios e na segunda-feira decorrem sessões de exibição dos filmes vencedores.

Dos 240 filmes de 58 nacionalidades que foram exibidos, 183 estiveram em competição nesta 19.ª edição.

Fonte: Lusa | 25 de junho de 2023

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PALMARÉS 2023

LINCE DE OURO Ficção
TÓTEM, Lila Avilés
Ficamos tocados pela forma como a vida e a morte se juntam no interior da casa. Nestas 24 horas, percebemos a essência da perda e da importância de acarinhar a vida. 

Menção Honrosa
WHEN IT MELTS, Veerle Baetens
Escolhemos este filme pela controvérsia da infância e a forma como o trauma define a vida adulta.

LINCE DE OURO Documentário
PARADISE, Alexander Abaturov
Uma comunidade a lutar sozinha pela sobrevivência, uma terra em chamas, fumo que turva a visão e encobre. E depois: fantasmas. esperanças, fragilidade que se transforma em força. O documentário nos leva de volta à necessidade de estarmos conscientes dos acontecimentos mundiais, para que os possamos narrar e tentar salvar-nos. Até porque o imprevisível pode sempre acontecer.

Menção Honrosa
MAN CAVES, Céline Pernet
Pela coragem do foco nas mais variadas formas de masculinidade, revelando os oprimidos, sem julgar, mas também sem indulgência. Pela audácia da realizadora, que não se priva de ser direto e honesto, através de uma proposta provocatória e apontada para promover mudança social

LINCE DE PRATA Ficção
HEAT SPELL, Marie-Pier Dupuis
Escolhemos o filme pela forma como retrata um lado mais negro da infância com recurso a uma excelente direção de arte e fotografia, tudo unido por uma espantosa representação da criança protagonista.

Menção Honrosa
LIVE, Mara Tamkovich
Escolhemos o filme devido à importância que o tema representado tem para nós, júri, e pelo facto de que querermos apoiar acontecimentos que definem a forma da sociedade. 

LINCE DE PRATA Animação
SEARCHING HELENY, Esther Vital
Um original e poderoso retrato de uma período doloroso do passado brasileiro. 

Menções Honrosas
SWALLOW FLYING TO THE SOUTH, Mochi Lin
Uma atenciosa e visualmente deslumbrante animação que acompanha a experiência de uma jovem menina numa escola interna na Chinos de 1976. 

THIS WILL NOT BE A FESTIVAL FILM, Julia OrliK
Uma perspectiva pessoal e única sobre o que significa ser realizadora, atravºes da mistura de filmagens caseiras e animação

LINCE DE PRATA Experimental
TRUE BUG, Tuisku Lehto
Uma inesperada e visualmente rica exploração dos habitantes do nosso planeta.

Menções Honrosas
FOLLICULAR IMAGES, Ludivine Large-Bessette
Uma reconstituição audaciosamente criativa dos tempos pré-históricos, misturando dança e poesia para recontar a história de mulheres esquecidas. 

ROTTERDAM, DON’T LEAVE US, Guido FG Jeurissen
Retrato cinematográfico personificando a relação entre as pessoas e a sua cidade. 

LINCE DE PRATA Documentário
HARDLY WORKING, Total Refusal
Não é um filme é um videojogo. Não é um jogo é a vida. Não é a vida é o mundo digital. Não é um mundo digital é a pós-humanidade. Um ensaio visual que nos prende pela sua acutilância e originalidade. Uma ideia simples, com uma análise articulada através da qual Hannah Arendt está ao lado de Sísifo e no qual somos mimicados através das personagens sem propósito de um mundo em loop. 

Menções Honrosas
SQUID FLEET, Ed Ou, Will N. Miller
Pela capacidade de transformar uma vulgar história de trabalho num conto mitológico que é, ao mesmo tempo, fascinante e perturbador. 

DILEMMA OF MODERN SEX SIMULATION, Charlotte Bevilacqua
Pela capacidade de fazer metacinema um balanço constante entre ficção e realidade, entre a ética e a provocação. 

GRANDE PRÉMIO NACIONAL 
MONTE CLÉRIGO, Luís Campos
Nenhum olhar é neutro, nem mesmo o nosso, dos que vão a festivais e fazem cinema. Naquele rapaz, fechado numa torre a observar o mundo à distância, vemos aquilo que somos. No entanto, quando ele pisa o solo para entrar numa relação com o mundo que vimos e que percebemos que podemos ser. 

Menções Honrosas
CURA#1, Joana Peralta
Eles andam sem sentido nesta afirmação da sua natureza, diversa, mostrando-se em termos interseccionais. Um filme que procura a expressão artística de ser mulher. 

APLAUSO, Guilherme Daniel
Pela capacidade de transformar um simples gesto num ato político contra qualquer tipo de culto de personalidade e, ainda mais, na era do consenso digital.

PRÉMIO DO PÚBLICO Longa Metragem
CROWS ARE WHITE, Ahsen Nadeem

PRÉMIO DO PÚBLICO Curta Metragem
WILL YOU LOOK AT ME, Shuli Huang 

NEXTT
THE KIDNAPPING OF THE BRIDE, Sophia Mocorrea
Um filme de afirmação com camadas íntegras na sua narrativa. É excelente em todas as áreas, com interpretações estelares. 

Menções Honrosas
FINAL FOREVER, Tess Quatri
Um filme ambicioso com uma mensagem mágica. 

GRAVEYARD, Ali Daraee
Um retrato enternecedor de uma mãe a viver uma situação devastadora

FESTINHA 
Sub16
LAST CHANCE, Eszter Angyalosy, Dániel Sz?ke

Sub12
A COOKIE’S ADVENTURE, Jérémie Amicone, Alexis Bleusez, Iléana Borzan, Myriam Lecomte, Margot Lemasçon, Zoé Rivera, Romain Tersigni e Camille Triponney

Sub10
SWING TO THE MOON, Marie Bordessoule, Adriana Bouissie, Nadine de Boer, Elisa Drique, Chloé Lauzu, Vincent Levrero, Solenne Moreau