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O desejo como única certeza
Perder-se é o novo título da Nobel Annie Ernaux no catálogo da Livros do Brasil. Pela primeira vez é publicado em Portugal o diário dos tempos em que a autora vivia o caso proibido narrado em Uma Paixão Simples.
O ritual de telefonar, informando que apareceria em tal dia. O amor, a entrega física, que poderia demorar uma manhã, talvez uma tarde inteira, mas nunca uma noite. Ele era «o amante das sombras». Escrever este diário foi a maneira de Annie Ernaux suportar a espera, mas também de redobrar o prazer de tais encontros, registando as palavras e os gestos eróticos. Essa precaridade contínua constitui a beleza de toda esta história, confessa a própria em Perder-se. No final dos anos 80, a Europa e o mundo sofreram mudanças profundas. Porém, a autora sentia-se estagnada e impotente, figurante da sua própria vida. A tradução deste testemunho até agora inédito no mercado português é de Tânia Ganho.
O livro já se encontra em pré-venda e estará disponível nas livrarias a 29 de junho de 2023.
«Apercebi-me de que existia nestas páginas uma “verdade” distinta da contida em Uma Paixão Simples. Algo cru e negro, sem salvação, uma espécie de oblação. Pensei que também isso devia ser trazido à luz do dia.»
Annie Ernaux
SOBRE O LIVRO
Perder-se
Perder-se revela o diário íntimo mantido por Annie Ernaux durante o ano e meio em que viveu uma relação intensa e secreta com um diplomata russo, mais jovem, casado, que a deixou à beira da obsessão. Conhecem-se em setembro de 1988. Annie está divorciada, tem dois filhos crescidos, mora nos arredores de Paris e acaba de fazer quarenta e oito anos. Sem conseguir trabalhar num novo livro e desempenhando automaticamente as tarefas banais do dia a dia, é a expectativa da visita daquele homem que lhe ocupa os pensamentos. Quando tudo acaba, sem um gesto de despedida, restam-lhe os sonhos – e a escrita. Esta é a relação retratada em Uma Paixão Simples, aqui exposta através de apontamentos mais imediatos e sem artifícios, que põem a nu toda a vulnerabilidade de uma mulher perdida de amor e de desejo.
Ver primeiras páginas
Título: Perder-se
Autor: Annie Ernaux
Tradução: Tânia Ganho
Páginas: 272
PVP: 17,75€
Coleção: Dois Mundos
CRÍTICA DE IMPRENSA
«Uma Paixão Simples foi uma memória inteligentemente talhada; Perder-se é uma grande porção da sua vida e a versão mais interessante do caso. (...) Suspeito que este livro virá a tornar-se uma espécie de totem para amantes: um manual para os ajudar a encontrar o seu centro quando, tal como Ernaux, se perdem de amor.»
The Guardian
SOBRE A AUTORA
Annie Ernaux
Annie Ernaux nasceu em Lillebonne, na Normandia, em 1940, e estudou nas universidades de Rouen e de Bordéus, sendo formada em Letras Modernas. É atualmente uma das vozes mais importantes da literatura francesa, destacando-se por uma escrita onde se fundem a autobiografia e a sociologia, a memória e a história dos eventos recentes. Galardoada com o Prémio de Língua Francesa (2008), o Prémio Marguerite Yourcenar (2017), o Prémio Formentor de las Letras (2019) e o Prémio Prince Pierre do Mónaco (2021) pelo conjunto da sua obra, destacam-se os seus livros Um Lugar ao Sol (1984), vencedor do Prémio Renaudot, e Os Anos (2008), vencedor do Prémio Marguerite Duras e finalista do Prémio Man Booker Internacional. Em 2022, Annie Ernaux foi distinguida com o Prémio Nobel de Literatura.