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Petição em defesa da reabilitação, valorização e salvaguarda da ponte de Vouga

A ponte da antiga vila e burgo de Vouga, localizada sobre o rio do mesmo nome, terá sido construída na sequência de uma rectificação do traçado da estrada mourisca ou coimbrã, ocorrida em data anterior a 1220.

© Ana Tavares
A estrada ligava os grandes centros do norte Portucalense (Porto, Braga, Guimarães) à capital do reino, Coimbra. A ponte está amplamente referenciada na documentação a partir da década de 1230. Teria originalmente cerca de 160 m, transpostos por uma dúzia de arcos. Foi uma das principais obras do género em Portugal na primeira dinastia.

O selo ou brasão do vasto município de Vouga, de que se conhece um exemplar datado de 1317, tinha como figura central precisamente uma representação da ponte. A ponte tem por isso um elevado valor simbólico para todo o Baixo Vouga.

No início do século XVIII, por ordem de Dom João V, a ponte sofreu uma reconstrução geral, com alteamento do tabuleiro. Com Dona Maria I, a ponte foi alongada para sul, ficando então com 16 arcos e cerca de 225 m.

Os pilares e 20% das estruturas dos arcos da ponte do século XIII ainda existem. As características marcas dos pedreiros medievais, conservam-se em grande número, quer nas estruturas remanescentes da ponte medieval, quer em pedras reaproveitadas na ponte setecentista.

A ponte congrega em si elevados valores de:

Antiguidade – É uma das grandes pontes construídas em Portugal na primeira dinastia;

Memória – Tem uma história de quase 800 anos de utilização naquela que foi a principal estrada do país até finais do século XX;

Autenticidade – Tudo o que existe resulta das intervenções que foram sendo feitas ao longo dos séculos segundo as melhores práticas de cada época;

Raridade – São muito poucas as pontes de grandes dimensões e com origens nos primórdios da nacionalidade ainda conservadas em Portugal.

Singularidade – A ponte de Vouga é a única ponte de origem medieval e de grandes dimensões ainda existente: 1) no distrito de Aveiro; 2) na bacia do rio Vouga; 3) no traçado da estrada real Lisboa-Porto.

Em finais do século XX, a construção de uma ponte de betão levou ao abandono da velha ponte medieval/setecentista. Em 2001, um estudo técnico sobre o estado de conservação da ponte recomendava uma intervenção profunda. Nada foi feito. Entre 2001 e 2011, a base do contraforte do 7º pilar desmanchou se e o pilar acabou por desabar. A década seguinte foi igual à anterior: nada foi feito para preservar o que se foi mantendo de pé. A ponte caminha a passos largos para se transformar numa ruína irrecuperável.

Tem sido veiculada a ideia de que “todos os elementos” da ponte de Vouga estão num “estado muito mau” e que, por isso, é preciso “intervir em tudo”, e nomeadamente “substituir o tabuleiro todo”, sendo assim uma obra “extraordinariamente cara”. Esta argumentação tem justificado a total inactividade de quem tem a responsabilidade pela salvaguarda deste monumento. No entanto, não é verdade que todos os elementos da ponte estejam igualmente em risco. Longe disso! Muito pode e deve ser feito no imediato.

É urgente agir!

Em face do exposto, os signatários vêm por esta via apelar às autoridades nacionais (Assembleia da República, Governo da República, Secretaria de Estado da Cultura, Direcção Geral do Património Cultural) para que:

1) Tomem consciência da importância eminentemente nacional deste monumento;

2) Promovam com a máxima urgência uma intervenção na ponte com o objectivo de reparar as cavidades e fissuras existentes nos pilares mais frágeis, minimizando assim o risco de novas derrocadas;

3) Promovam a classificação da ponte como monumento nacional, facilitando assim o acesso a financiamento para a reabilitação integral e valorização patrimonial do imóvel.

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