Pouco conhecido da maioria dos leitores, este texto, indispensável para a história quer da literatura portuguesa quer da literatura brasileira, dos respetivos inícios até 1970, ganha agora, cinco décadas depois, o devido destaque numa edição individual inédita, incluída na coleção da Guerra e Paz Novas Edições de Jorge de Sena. Literatura Portuguesa chega à rede livreira nacional, estando disponível para venda no site da editora. 

Convidado a sintetizar a essência de oito séculos de literatura portuguesa num verbete a incluir na 15ª edição da Enciclopédia Britânica, Jorge de Sena, um dos grandes intelectuais do século XX, apresentou os textos que agora dão corpo a Literatura Portuguesa – Das Cantigas de Amigo e de Amor às Vanguardas do Século XX.

Rejeitando a «falsa ideia gerada no século XIX […] com a obsessão da decadência histórica» de que «a Literatura Portuguesa seja uma literatura menor de um pequeno e isolado país», Jorge de Sena dá início a uma exaltante e emotiva análise das principais obras, autores e fases da nossa literatura, com início na – também tantas vezes injustamente negligenciada – Idade Média. Destaca o autor: «O século XVI, durante o qual Portugal atingiu o seu máximo em poder imperial, foi uma Idade de Ouro, na Literatura Portuguesa, e muitos autores e obras foram na altura importantes no desenvolvimento das literaturas ocidentais. Mas desde c. 1200 até c. 1350 já Portugal tinha criado um dos mais importantes corpus de poesia lírica e satírica da Idade Média numa língua que se tornou quase unanimemente aceite na Península Ibérica como o veículo literário das composições líricas de quase três séculos.»

Dividido em três capítulos: «Caracterização geral», «Desenvolvimento histórico» e «Bibliografia», Literatura Portuguesa – Das Cantigas de Amigo e de Amor às Vanguardas do Século XX inclui um apêndice – também ele criado sob o mesmo modelo do verbete – que aborda o melhor da literatura brasileira, do período pós-colonial até 1970. Segundo Mécia de Sena, os editores da Enciclopédia Britânica pretendiam que ambos os textos seguissem no mesmo verbete, o que Sena rejeitou «violenta e terminantemente», declarando «que apenas os faria em separado» e exigindo a duplicação do espaço na paginação.

Cinco décadas depois, é tempo de recuperar este exaltante texto, que nos mostra como a literatura deve ser ensinada, lida e vivida, numa edição autónoma absolutamente inédita que democratiza o acesso dos leitores a este texto pouco conhecido de Sena. Na nota prévia desta nova edição, Manuel S. Fonseca, o editor da Guerra e Paz, afirma que «este é um livro indispensável para quem queira ter uma segura e inteligente visão de conjunto quer da Literatura Portuguesa quer da Literatura Brasileira, dos respetivos inícios até 1970».

Este é, a par de Amor e de Maquiavel, um dos primeiros ensaios a figurarem nas «Novas Edições de Jorge de Sena» da Guerra e Paz. Segundo Isabel de Sena, cujo apoio foi fundamental para a criação desta coleção, «procura-se um novo espaço» nesta coleção, que quer levar a obra de um dos grandes intelectuais do século XX  a novos leitores.

Novas Edições de Jorge de Sena
Literatura Portuguesa – Das Cantigas de Amigo e de Amor às Vanguardas do Século XX
Jorge de Sena
Não-ficção / Ensaio
104 páginas · 15x23 · 13 €