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O pavilhão inglês de Joana Vasconcelos será "a primeira obra-prima alegre do século XXI"
A artista portuguesa ergueu um pavilhão revestido a cerâmica na propriedade dos Rothschild em Inglaterra. Bolo de Noiva pode ser visto a partir de 18 de junho em Waddesdon Manor.
É verdade que o jornal The Guardian gosta de antecipar a História e fez uma lista com as melhores 25 obras de arte do século XXI logo no final da primeira década. Citámo-la aqui em abril a propósito da inauguração em Coimbra da exposição do artista islandês Ragnar Kjartansson que traz a Portugal o vídeo The Visitors, a obra que ocupou o primeiro lugar da lista do século. A propósito do mesmíssimo século XXI, um dos críticos de artes visuais, o veterano Jonathan Jones, escreveu esta terça-feira uma crítica em que considera que a obra inaugurada pela artista portuguesa Joana Vasconcelos em Inglaterra, na propriedade dos Rothschild em Buckinghamshire, “pode ser a primeira obra-prima sinceramente alegre do século XXI”.
Para que não restem dúvidas, a crítica ao pavilhão Bolo de Noiva, uma estrutura em três andares e com 12 metros de altura feito em peças de cerâmica que pode ser vista a partir de 18 de junho, recebeu cinco estrelas de Jones, a pontuação máxima para uma artista nem sempre bem-amada pela crítica nacional. “Esta torre cuidadosamente trabalhada no bosque de Lord Rothschild é kitsch e bonita — com cobertura glacé, golfinhos, putti, sereias e cupidos em cores pastel nítidas. Que obra-prima absurda!”
Jones vê Bolo de Noiva como uma folie no jardim, com a sua tradição na história da arquitetura paisagista, e também uma piada à natureza extravagante da propriedade de Lord Rothschild, Waddesdon Manor, coroada por um castelo francês construído no cume de uma colina, construído por Ferdinand de Rothschild no século XIX para albergar a sua coleção de arte, que recebeu a rainha Vitória e que hoje organiza casamentos.
A obra não é a primeira encomenda feita a Joana Vasconcelos pelos Rothschild e perto do novo pavilhão é possível desfrutar de Lafite (2015), que pertence à série dos secadores de garrafas, uma declinação da obra de Marcel Duchamp aqui com as garrafas Château Lafite Rothschild produzidas pela família, um dos vinhos mais caros do mundo.
A artista está num momento especialmente produtivo e feliz. Inaugurou recentemente na Sainte-Chapelle, em Vincennes, nos arredores de Paris, outra obra monumental, desta vez uma árvore com 14 metros de altura e composta por mais de 140 mil folhas bordadas. Intitulada Árvore da Vida, poderá vir a ser mostrada em Lisboa, ao contrário do pavilhão inglês. Talvez a tempo da antológica que está agendada para o MAAT, o museu da EDP junto ao Tejo, no próximo outono, onde poderemos confirmar a aparente boa forma da artista.
por Isabel Salema in Público | 6 de junho de 2023
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público