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Os filmes não se medem aos palmos
Os filmes de pequena duração são cada vez mais importantes nas propostas da seleção oficial de Cannes - este ano com assinatura de Pedro Almodóvar e Pedro Costa.
Por sugestivo paradoxo, as curtas-metragens têm ganho cada vez mais visibilidade na programação do festival. Claro que, desde a edição de 1952, existe a Palma de Ouro para as curtas (ganha por João Salaviza, em 2009, com Arena), mas o que importa destacar é o facto de, em anos recentes, vários filmes de pequena duração terem sido acolhidos pela seleção oficial.
Este ano, destacam-se as presenças das curtas assinadas por Pedro Almodóvar e Pedro Costa, respetivamente Extraña Forma de Vida e As Filhas do Fogo (respetivamente com 31 e 9 minutos). E talvez não seja abusivo detetar aqui um sinal de como as muitas convulsões que têm abalado a difusão cinematográfica - com inevitável destaque, melhor ou pior, para as plataformas de streaming - estão também a gerar "alternativas" para a circulação de "todos" os formatos...
Talvez que esta 76.ª edição de Cannes seja também capaz de contribuir para tal diversificação que, em boa verdade, se pode observar nas mais diversas vertentes. Recordemos, por exemplo, o diferendo festival/Netflix motivado pela resistência desta plataforma a exibir as suas produções nas salas (francesas, em particular). Pois bem, este ano, no genérico de produtores associados do filme de abertura, Jeanne du Barry, encontramos o nome... Netflix! Sem esquecer que a realização de Maïwenn foi lançado nas salas de França na própria terça-feira, dia da abertura do festival.
Como diria o sempre profético David Mamet, "as coisas mudam"... O que, além do mais, vem a propósito, já que o novo projeto do autor de Jogo Fatal é um dos títulos em destaque no Mercado do Filme - chama-se Assassination, é uma revisitação da morte de John F. Kennedy e apresenta no seu elenco os nomes de Courtney Love, Al Pacino e John Travolta.