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Miguel Guilherme e Luísa Cruz sozinhos em palco em "A Peça para Dois Atores"

Foto de Pedro Macedo

O texto do dramaturgo Tennessee Williams coloca em cena dois atores de uma companhia falida. Miguel Guilherme e Luísa Cruz desempenham os dois atores irmãos numa peça que fala de saúde mental e confinamento.

Miguel Guilherme é o primeiro a assumir. Trata-se de uma peça “atípica”, ou mesmo “estranhíssima”. “A Peça para Dois Atores” escrita por Tennessee Williams e estreada em 1967, em Londres, que agora chega ao palco do Teatro da Trindade, em Lisboa é “uma espécie de teatro dentro do teatro”, confirma Miguel Guilherme.

Em entrevista ao Ensaio Geral, da Renascença, o ator que contracena com Luísa Cruz, num texto que tem encenação do Diogo Infante, explica que a peça é peculiar. Miguel Guilherme indica que Tennessee Williams “nunca estava contente com o que fazia, estava sempre a pesquisar novas maneiras de fazer as coisas”.

Nesta peça, o dramaturgo explora a história de “dois irmãos, atores que têm uma companhia falida e que estão a representar uma peça que é a vida deles próprios e os personagens têm os próprios nomes deles”.

“É muito fascinante, tanto para os atores, como, acho eu, para o público”, sublinha Miguel Guilherme, que acrescenta: “A peça é fascinante, acho eu, porque exige uma energia tão grande, sobretudo psicológica, que o público fica agarrado ao que se está a passar em cena.”

Sobre o texto, Miguel Guilherme diz ainda que “tem várias camadas”.

“Ultimamente estou inclinado a pensar que é uma peça sobre o que é realidade e o que não é, e até que ponto é que nós podemos confundir o irreal com o real. Prende-se com alguma saúde mental.”

No jogo dramatúrgico, segundo Miguel Guilherme, nem sempre o espectador vai perceber se os atores estão a representar a própria vida ou se se trata de uma peça. “Os dois manos já não sabem bem em que nível de realidade é que estão, se numa ficção, ou se estão na realidade real”, explica o ator.

A cumplicidade com Luísa Cruz

“A Peça para Dois Atores” cruza em palco dois velhos cúmplices, Miguel Guilherme e Luísa Cruz, que já tinham trabalhado juntos.

“Nós não trabalhávamos há muitos anos em teatro, desde 1995, nas calendas”, diz Miguel Guilherme. “Fizemos coisas muito importantes e muito interessantes juntos e agora ao reunimos essa cumplicidade continua lá”, explica o ator.

E neste caso, a cumplicidade entre os dois ajuda e muito à cena. “Há uns atores com quem é há um bocadinho mais de empatia natural e nós não percebemos bem porquê. A Luísa é um desses atores. As coisas correm melhor”, sublinha Miguel Guilherme.

Questionado sobre o trabalho com o encenador Diogo Infante, Miguel Guilherme conta que já tinham pensado trabalhar juntos no passado, mas tal nunca tinha acontecido. O próprio Diogo Infante já tinha pensado representar esta peça de Tennessee Williams.

“Eu conheço muito bem a peça. O trabalho dele é um trabalho muito baseado no ator, ele sabe o que quer, mas depois em cima disso podemos construir outras coisas. É muito pragmático a trabalhar, sabe as dificuldades com que nós nos deparamos muitas vezes. E isso ajuda imenso a criar um processo de trabalho”, explica Miguel Guilherme sobre o trabalho com o encenador.

Com figurinos de Marta Carreiras, “A Peça para Dois Atores” vai estar em cena na sala Carmen Dolores, no Teatro da Trindade, em Lisboa até 25 de junho, de quarta a sábado às 21h e ao domingo às 16h30.


por Maria João Costa in Renascença | 26 de abril de 2023
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

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