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Museu Soares do Reis reabre com 27 salas renovadas e alguns inéditos

Foi o primeiro museu público de arte no país. O Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, inaugura hoje, com a presença do ministro da Cultura, uma renovada exposição permanente. São 27 salas, mais de dois mil metros quadrados de área expositiva, cerca de 1.300 peças em exposição, algumas inéditas, 250 das quais restauradas para a exposição.

Carnaval de Cândido Portinari Foto de Sofia Gama Foto de Sofia Gama Foto de Sofia Gama Foto de Sofia Gama

Uma tela de grandes dimensões do pintor brasileiro Cândido Portinari, intitulada "Carnaval" fecha a renovada exposição permanente do Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto. A obra nunca foi exposta ao público e estreia-se agora nas salas do museu, depois de ter sido salva de um incêndio que atingiu, em 1949, a Rádio Tupi, no Rio de Janeiro, para onde Portinari criou um conjunto de obras.

Este é um dos exemplos das cerca de 1.300 peças que compõem a nova exposição que durante os próximos nove anos vai ocupar as 27 salas daquele que foi o primeiro museu público de arte em Portugal.

António Ponte, diretor do Soares dos Reis, diz em entrevista ao Ensaio Geral da Renascença que querem, com esta renovação, “criar motivos para que o Museu Soares dos Reis se volte a entrosar com a comunidade, os públicos, a cidade e o país”.

A “exposição de longa duração”, indica o responsável “terá de seis em seis meses alterações, porque há coleções que, por questões de conservação preventiva, têm de ser revistas”. É o caso dos desenhos que mostram em algumas das salas.

Neste olhar fresco pelas coleções, o Museu Nacional Soares dos Reis, criado pelo Rei D. Pedro IV, em 1833, vai dar a conhecer algumas peças que há mais de 30 anos não saiam do espólio. António Ponte indica que pelo menos “250 das quais foram restauradas” para agora serem mostradas ao público.

Com inauguração prevista para esta quinta-feira, com a presença do primeiro-ministro, António Costa, a nova exposição permanente vai apresentar algumas novidades nos mais de dois mil metros de área expositiva.

“É uma exposição que traz uma narrativa totalmente nova que se baseia nos 190 anos da história deste museu que se assinalam este ano”, indica o responsável que trabalhou nos últimos anos no pôr de pé esta mostra.

A exposição baseia-se no espólio, mas faz “um cruzamento das várias coleções”, explica António Ponte, que acrescenta que não têm “salas com uma só expressão artística”.

“Procuramos cruzar as várias expressões artísticas, porque os artistas não viviam em mundos isolados. Eles contatavam, muitos deles até trabalhavam em conjunto”, sublinha o diretor.

Assim, a cada sala, “há pintura, escultura, desenho, mobiliário com pintura e ourivesaria” e outras artes misturadas mostrando a riqueza do espólio. Nas renovadas salas com painéis em tons escuros ressaltam também as obras dos primitivos portugueses que saíram agora das reservas.

Soares dos Reis expõem “questões de género e de raça” e “inclusão”

Outra das novidades na forma de expor, explica António Ponte, passa por uma narrativa mais contemporânea.

O diretor destaca, por isso, “a inclusão, integração social, as questões de género e de raça que estão colocadas na evolução da exposição sem terem de ser impostas”.

Segundo o responsável, “quem estiver atento perceberá” esses detalhes na exposição.

O público em geral não se sentirá “violentado” por este modo de expor, indica António Ponte, que dá como exemplo uma sala onde a imagem de um escravo aparece ao lado de um retrato da burguesia.

Tesouros nacionais

Neste novo circuito pelas salas do Museu Nacional Soares dos Reis o público vai poder ter a sensação de entrar num atelier de um artista, ou ao mesmo tempo, apreciar alguns dos Tesouros Nacionais, entre eles alguns objetos que vieram dos antigos conventos aquando da extinção das ordens religiosas.

Nesta fase de abertura haverá no Soares dos Reis “visitas guiadas diárias”, confirma António Ponte, que tem dificuldade em eleger algumas das peças que o público não deve mesmo perder nos dois andares do museu renovado.

“Temos peças que já não eram expostas há 20 ou 30 anos, nomeadamente a coleção dos primitivos portugueses, que ganha um lugar de destaque absoluto na exposição”, diz o diretor que, além da destacar as peças inéditas, refere ainda obras de artistas como Aurélia de Sousa, Silva Porto, Henrique Pousão e claro, a escultura “O Desterrado” de Soares dos Reis, como alguns dos motivos para uma visita ao renovado museu do Porto.


por Maria João Costa in Renascença | 13 de abril de 2023
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

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