"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Notícias

Em Gavião de Ródão está a nascer um polo de cinema de animação

O filme “Interdito a cães e italianos”, de Alain Ughetto, que se estreia nos cinemas quinta-feira, deu a conhecer uma produtora portuguesa que, a partir de Gavião de Ródão, está a criar um polo de cinema de animação.

A Ocidental Filmes, do produtor Luís Correia, é uma das coprodutoras de um projeto europeu de cinema de animação, que envolve sete produtoras de cinco países, assinado pelo realizador francês Alain Ughetto.

A longa-metragem de animação, que chega esta semana aos cinemas portugueses, foi distinguida em 2022 no Festival de Cinema de Annecy, em França, e foi eleita a melhor obra de animação pela Academia de Cinema Europeu; duas de mais de uma dezena de distinções.

À agência Lusa, Luís Correia contou que a Ocidental Filmes entrou na produção do filme quando o projeto – de animação de volumes - já estava em curso, mas tinha sido afetado pela pandemia da covid-19.

Portugal entrou com apoio financeiro minoritário do Instituto do Cinema e Audiovisual e com a participação de profissionais portugueses e da produtora nas equipas de animação, preparação de imagens, montagem e mistura de som.

“E este projeto caiu num momento em que eu estava particularmente a pensar numa estratégia [para a Ocidental Filmes] que passava por participar em coproduções internacionais com ambição artística” no cinema de animação, contou Luís Correia.

Essa reorientação estratégica passa pela conversão, que está em curso, de uma antiga quinta na aldeia de Gavião de Ródão, muito próxima de Vila Velha de Ródão, distrito de Castelo Branco, num polo dedicado ao cinema de animação.

Luís Correia, que nasceu em Lisboa, percebeu que não precisava de ficar na capital para trabalhar no cinema que queria, pelo que a sede da Ocidental Filmes é naquela localidade albicastrense.

“Estou a tentar recuperar um espaço, que era uma antiga quinta, e transformar num polo onde possa haver formação, ‘workshops’, residências artísticas. Instalámos um estúdio de som e comprovou-se que não era preciso estar em Lisboa”, disse.

O futuro polo chama-se, para já, “Animation Farm” no sentido em que pretende ser “uma espécie de quinta de animação, um sítio onde se possa fazer crescer coisas”, fazer pesquisa de cinema de animação de autor, exemplificou.

Com 12 pessoas a trabalhar com contrato, a Ocidental Filmes tem já vários projetos em curso, nomeadamente a longa-metragem de animação “Dom Fradique”, de José Pedro Cavalheiro, que assina enquanto Zepe. E irá integrar o próximo projeto de Alain Ughetto.

Por enquanto, Luís Correia ainda está a divulgar “Interdito a Cães e Italianos”.

“Foi automática a minha empatia e simpatia pelo projeto. […] É um projeto pessoal que fala da família dele e há uma proposta de reflexão mais complexa, sobre partilha e identidade. A história que ele desenvolve a partir dos avós é universal e intemporal. Uma homenagem a uma geração anterior que passou por muito”, descreveu Luís Correia.

“Interdito a Cães e Italianos” chega aos cinemas portugueses num momento de maior visibilidade da produção de animação, por conta do efeito “Ice Merchants”, a premiada curta-metragem de João Gonzalez que chegou às nomeações para os Óscares.

“Seria ótimo se esta visibilidade pudesse trazer algumas consequências de continuidade. A questão em Portugal não é uma falta de talento. É uma falta de oportunidades de visibilidade, de estratégias de financiamento e de participação, por exemplo, das televisões”, disse Luís Correia.


Fonte: Lusa | 29 de março de 2023

Agenda
Ver mais eventos
Visitas
100,491,704