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Novela de Domingos Lopes, oferece, na voz de uma mulher comunista, um mundo de perturbantes contradições
Será incompatível ser-se comunista e crente num Ser superior? Dar ajuda humanitária a refugiados ucranianos, mas defender a invasão russa? Ser-se bela e atraente e não querer sexo?
Estas são algumas das questões qua atravessam a novela Sequei e Morri Sem ter Sentido que Morri, de Domingos Lopes. O autor dá voz a uma mulher única, envolta em perturbantes contradições, uma mulher cujos monólogos nunca terminam; são apenas adiados. Ao terceiro livro publicado pela Guerra e Paz, o antigo militante comunista e secretário de Álvaro Cunhal, mergulha na ficção, sem com isso deixar o tom interventivo, lúcido e combativo a que nos habituou quer em 100 anos do PCP: Do Sol da Terra ao Congresso de Loures como em Memórias Escolhidas, livro confessional em que revela os principais momentos da sua longa passagem pelo Partido. Sequei e Morri Sem ter Sentido que Morri chega à rede livreira nacional no próximo dia 4 de abril de 2023, data a partir da qual estará também disponível através do site da editora.
Mas quem é esta mulher? Perguntar-se-ão os leitores logo nas primeiras páginas de Sequei e Morri Sem ter Sentido que Morri, o novíssimo livro de ficção de Domingos Lopes. Quem é esta advogada estagiária que, num extenso monólogo, conta a sua vida ao patrono, seu ex-colega de curso há dezenas de anos? Uma mulher que não foi amada quando criança, ficando marcada de modo indelével?
Quem é esta conservadora que se tornou comunista, mas que acredita num Ser superior? Uma mulher que se revê no PCP ortodoxo que não deve fazer qualquer acordo com o PS ou outro partido? Uma mulher que, abandonada pelo marido, se refugia em Fátima, apesar de ter militado na 5.ª divisão do MFA e continuar a ser comunista? «É muito estranho ter ido ao santuário de Fátima numa espécie de fuga para dentro de mim, achei que toda a espiritualidade de Fátima me levaria a encontrar um equilíbrio que me permitiria continuar a viver sem a angústia».
Que mulher é esta que dá gratuitamente aulas aos ucranianos, mas defende a invasão de Putin? «O Putin sabe o que faz. É preciso parar Biden, é um perigo, é um cínico. Só Putin o pode parar. Os russos são assim e eu admiro?os, são pão, pão, queijo, queijo. São eslavos, ortodoxos, os que defenderam o cristianismo contra a Turquia e daí não aceitarem que lhes roubem a Crimeia. Foi Krushchov, que era ucraniano, que deu a Crimeia aos ucranianos numa noite de copos. É de loucos.»
Quem é esta professora, instrutora de segurança privada, cinturão negro de karaté? Bela, atraente e que não quer sexo? Uma mulher que foge de si própria? Será tudo isto assim tão inconciliável, inesperado e surreal? Ou existirão outros comunistas portugueses que partilhem destes paradoxos? As respostas estão nesta prosa cativante, fluída e enérgica, que desafia permanentemente a imaginação e a capacidade interpretativa do leitor.
Sequei e Morri Sem ter Sentido que Morri
Domingos Lopes
Ficção / Novela
140 páginas · 15x23 · 15,50 €