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"Romanças sem Palavras": edição bilingue do clássico de Paul Verlaine reforça coleção "Livros Negros"
Depois de publicar Uma Temporada no Inferno, de Arthur Rimbaud, a Guerra e Paz recupera agora na mesma coleção, «Livros Negros», Romanças sem Palavras, de Paul Verlaine, também ele forjado sobre o grande escândalo literário dos anos 70 do século XIX, em França: a vertiginosa relação de Paul Verlaine com Arthur Rimbaud, marcada por fugas, entrega e abandono, ternura e violência, fidelidade e traição, e que influenciou profundamente a poesia dos dois génios.
Esta requintada oficina poética do percursor do simbolismo exibe uma concisão elíptica, despida de espavento intelectual. Romanças sem Palavras chega à rede livreira nacional, numa edição bilingue (português e francês) traduzida pelo poeta João Moita e inclui um texto de apresentação de Manuel S. Fonseca.
Uma das maiores obras de Paul Verlaine, Romanças sem Palavras, nasceu do «romance de viver de dois homens» que Verlaine e Arthur Rimbaud incarnaram, para estupor e indignação de Paris, Londres e Bruxelas, e que gerou dois livros admiráveis. Se n’Uma Temporada no Inferno, de Rimbaud, a poesia atinge o zénite da ferocidade e da delicadeza, neste Romanças sem Palavras, Verlaine estabelece um exercício espiritual que busca o silêncio, bastando-se com a expressão mínima, como se tudo pudesse ser abreviado, a palavra, a sintaxe, talvez a vida.
E se Paul Verlaine era, segundo nos diz o editor Manuel S. Fonseca, na nota que contextualiza esta nova edição da Guerra e Paz, «o anti-Rimbaud», por nele não haver «um pingo angélico, o fugaz brilho da criança sublime que Rimbaud incarnava», essa tormentosa convulsão que foi a relação de ambos culminou na «rimbaudização de Verlaine e na verlainização de Rimbaud».
Um livro admirável, tal como esta tradução do poeta português João Moita, Romanças sem Palavras apresenta-nos um Verlaine fiel ao dever de inventar, ousando, ainda que de forma subtil, na expressão da homossexualidade. Um exemplo de experimentação e de inovação, mas também de lirismo corrigido pela ironia: a poesia de Verlaine acolhe aqui a influência da oralidade, da canção popular, mas também, na forma como insere notações da realidade e da paisagem, a influência da pintura impressionista.
Um clássico absoluto de um poeta maldito, expressão que o seu Les Poètes Maudits popularizou, Romanças sem Palavras junta-se agora a Uma Temporada no Inferno na coleção «Livros Negros», que soma qualidade literária a um pendor de controvérsia ou de escândalo, facto que, sublinha Manuel S. Fonseca, «é da mais certeira justiça poética». O livro estará disponível, quer na rede livreira nacional, quer no site da editora, a partir de dia 22 de fevereiro de 2023.
Romanças sem Palavras
Paul Verlaine
Ficção / Poesia
116 páginas · 15x20,5 · 13 €
Guerra e Paz, Editores