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Maria do Rosário Pedreira vence Prémio Casino da Póvoa 2023
O livro de poemas “O Meu Corpo Humano” venceu o principal prémio atribuído no âmbito do encontro de escritores Correntes d’Escritas. O júri ressalta a “coerência temática e estilística” da poetisa e editora. O festival Correntes d’Escritas decorre até sábado na cidade que acolhe mais de uma centena de autores, com conversas, lançamentos de livros, cursos e encontros com alunos do concelho.
A poetisa e editora Maria do Rosário Pedreira, com o livro “O Meu Corpo Humano” (ed. Quetzal), é a vencedora do Prémio Literário Casino da Póvoa 2023, atribuído no âmbito da 24.ª edição do festival literário Correntes d’ Escritas.
O encontro de escritores de expressão ibérica organizado anualmente pela autarquia da Póvoa de Varzim premiou este ano a poesia, numa escolha feita por maioria.
Segundo o júri, constituído pelos escritores Fernando Pinto do Amaral, Helena Vasconcelos, José António Gomes, José Mário Silva e Patrícia Portela, o livro distingue-se “pela sua coerência temática e estilística, bem como pela sua ousadia na forma como aborda a experiência do copo humano nas suas múltiplas dimensões (como o desejo, a memória, a morte).
Depois de no ano passado ter premiado a prosa, e o livro “Afastar-se” da escritora Luísa Costa Gomes, este ano, e de forma alternada, o júri premiou a poesia. A última vez que o prémio foi para a poesia, a vencedora foi Maria Teresa Horta. A entrega do prémio, no valor de 20 mil euros, será feita na cerimónia de encerramento, no dia 18 de fevereiro, no Cine-Teatro Garrett, na Póvoa de Varzim.
Na lista de finalistas estavam os livros “Acidentes”, de Hélia Correia (ed. Relógio d’ Água), “Amor Cão e Outras Palavras que não Adestram”, de Rosa Alice Branco (ed. Assírio & Alvim), “Atirar Para o Torto”, de Margarida Vale de Gato (ed. Tinta da China), “Caderneta de Lembranças”, de A.M. Pires Cabral (ed. Tinta-da-China), “Caderno das Duas irmãs e do que Elas sabiam”, de Regina Guimarães (ed. Exclamação), “Cinco Cavalos Abatidos e outros poemas”, de Rui Almeida (ed. Companhia das Ilhas), “Errático”, de Rosa Oliveira (ed. Tinta-da-China), “Firmamento”, de Rui Lage (ed. Assírio & Alvim), “O Meu Corpo Humano”, de Maria do Rosário Pedreira (ed. Quetzal), “Tristia [um díptico e meio]”, de António Cabrita (ed. Porto Editora) e “Voltar”, de Luís Filipe Castro Mendes (ed. Assírio & Alvim).
Na cerimónia nesta quarta-feira, no Casino da Póvoa, na qual esteve presente o ministro da Cultura Pedro Adão e Silva foram também revelados os vencedores de outros prémios. O Prémio Literário Correntes d’Escritas Papelaria Locus foi atribuído ao poema “Lençóis” de José Pedro Robalo Alves que concorreu com o pseudónimo de Oliver Lossagir.
Já o Prémio Luís Sepúlveda Correntes d’Escritas/Porto Editora para o conto infantil ilustrado foi ganho pelo conto “O Baloiço” da turma do 4ºB da Escola Básica José Manuel Durão Barroso, de Armar. Em segundo lugar ficou o conto “O Tigre que fez a diferença” do 4º ano da Escola Básica de Rates, na Póvoa de Varzim e em terceiro, o conto “As Árvores da Escola” do 4ºC da Escola Básica Padre Manuel de Castro, de São Mamede Infesta.
No Âmbito deste prémio que homenageia o escritor chileno que era presença habitual no festival poveiro, foram ainda atribuídas duas menções honrosas para o texto “Cinco Animais diferentes” do 4 ano da Escola Básica de Vilarinhos, de São Brás de Alportel e à ilustração “Viajar no Espaço”, do 4º 29 da Escola Básica do 1º ciclo de Setúbal.
Quanto ao prémio Literário Fundação Dr. Luís Rainha Correntes d’Escritas 2023 foi escolhido, por unanimidade, à obra “Brisas” apresentada sob o pseudónimo Álvaro Maia, pertencente a Maria da Conceição Esteves da Silva.
Grito de “mais apoio para a cultura”
O anúncio do prémio Casino da Póvoa foi feito pela escritora Patrícia Portela, enquanto representante do júri. Perante o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, a autora, também encenadora de teatro e antiga diretora artística do Teatro Viriato de Viseu deixou o pedido: “Queremos mais apoio para a cultura”. A frase soltou os aplausos da plateia.
Em causa estão os concursos de apoio às artes que deixou muitos artistas e companhias em situação precária e sem apoio para atividades culturais. Patrícia Portela tornou-se assim porta-voz de uma comunidade e lembrou: “quando se tem um microfone, temos voz, e temos de falar por todos”.
Maria do Rosário Pedreira: “Um prémio para um livro muito sofrido”
Presente na sala do Casino da Póvoa, a poetisa Maria do Rosário Pedreira que é presença habitual no Correntes d’Escritas, porque além de autora é também editora do Grupo Leya, tomou a palavra para agradecer o prémio.
Pedreira, saudou a lista de 10 finalistas do prémio e referiu que “a lista mostra que a poesia portuguesa está viva”. Ainda sobre o prémio, a poetisa considerou que se trata de uma distinção “muito especial, porque foi um livro muito sofrido”, mas segundo as suas palavras é também especial porque “foram as correntes que me deram uma vida”, referiu Maria do Rosário Pedreira que no festival conheceu o seu marido, o editor Manuel Alberto Valente.
Póvoa de Varzim vai ter um "Espaço Memória Luís Sepúlveda"
Esta manhã, no Casino da Póvoa foi assinado um protocolo entre a autarquia e a viúva do escritor chileno Luís Sepúlveda para a doação da biblioteca pessoal do autor que morreu vítima de Covid-19.
Com este espólio, anunciou o vereador da cultura Luís Diamantino, será criado na Póvoa um espaço de memória Luís Sepúlveda onde será também criada uma replica do escritório de trabalho do autor que esteve ligado à origem do festival Correntes d’Escritas.
Carmen Yáñez Hidalgo, viúva de Sepúlveda tomou a palavra, emocionada para dizer que para o escritor a Póvoa de Varzim foi sempre um lugar onde o autor se sentiu em casa, nesta “cidade aberta ao mar, e como tal aberta à liberdade”.
O português deixou de ser a língua da opressão, diz a Prémio Camões, Paulina Chiziane.
A escritora moçambicana, vencedora do Prémio Camões 2021 subiu ao palco da sessão de abertura das Correntes d’Escritas para deixar uma declaração de amor à língua portuguesa. Pegando num verso de Luís de Camões “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, a autora de “Balada do Amor ao Vento” referiu que o português “deixou de ser a língua da opressão, para ser a língua da união”.
Perante a plateia onde estão autores de diferentes geografias da língua portuguesa, Paulina Chiziane diz que hoje prefere “considerar a língua portuguesa, como a língua da humanidade, da harmonia e da fraternidade”.
por Maria João Costa in Renascença | 15 de fevereiro de 2023
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença