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"Filhas do Vento", cativante romance de estreia de Fátima Moura da Silva
Narrado com desenvoltura e elegância raras numa primeira obra, Filhas do Vento conta-nos a singular história de Maria e das suas cinco mães: uma que não quis sê-lo e outras quatro que quase a engolem de tanto a quererem.
Mas que fará esta neta, filha e sobrinha quando perceber que, afinal, todas aquelas mães que a embalaram e ensinaram a ser gente, lhe ocultaram algo que muda definitivamente a sua história? Que peça é essa que falta no puzzle desta família nascida da angústia da Guerra Civil espanhola? As respostas estão no vento, esse protagonista que corre pela perene planície raiana e que molda e guia as apaixonantes personagens criadas por Fátima Moura da Silva. Há estreias assim, que nos surpreendem. Filhas do Vento chega à rede livreira nacional, numa edição Guerra e Paz.
Em Filhas do Vento, Fátima Moura da Silva entrega o papel de narradora a Maria, descendente de uma família de mulheres fabulosas. A começar pela avó, Marina, que, com apenas 16 anos, foi apanhada pela terrível guerra civil que dividiu Espanha em duas. Única sobrevivente da família, foge de Olivença a pé, a caminho de Portugal, em busca de paz que lhe afagasse a angústia da guerra. Na sua procura por um sítio que a acolhesse, descobre-se na herdade de um grande latifundiário local, Francisco, que depressa se apaixona por ela, apesar da abissal diferença de idades.
Conta-nos Maria, que dessa inusitada história de amor, resultaram quatro filhas com naturezas completamente diferentes: «Elas eram cinco. Marina, a minha avó, e as outras quatro suas filhas. Maria da Alegria, Maria da Anunciação, Maria da Piedade e Maria das Dores. Quem as terá nomeado? O vento, certamente, que trouxe umas com brisas mansas, outras com ares revoltos. É difícil distinguir quais são os melhores ou piores, porque o que escondem lá dentro não é o que vemos.»
Várias décadas depois, nasceria a nossa anfitriã. Criada pelas tias e ao ritmo do tear da avó, que faz e desfaz uma tapeçaria, como se não fosse possível completá-la, Maria cresce acreditando que foi rejeitada pela sua mãe, Maria das Dores. «O resto da minha vida não interessa, porque o centro que encontrei, se é que encontrei, foi através delas. Cada uma foi um pedaço daquela tapeçaria, e eu era igualmente um, bordada nos últimos anos de Marina.»
Afinal quem é Maria? «Sou todas, sou o desamor e o amor de Marina, sou o medo que nunca chegou a ser coragem de Maria da Alegria, sou a injustiça que quer ser justiça de Maria da Piedade, sou a tua [Maria das Dores] fuga do amor, sou a visão cega de Maria da Anunciação.» Mas saberá ela completar a sua própria tapeçaria? Afinal, podemos ser mais do que aquilo que nos está no sangue? O que é ser mãe? Talvez o passado e o vento lhe tragam as respostas que vão mudar definitivamente a sua história e a da sua família.
Um romance que combina, com brilhantismo, um fundo histórico com uma trama surpreendente, Filhas do Vento chega à rede livreira nacional , numa edição Guerra e Paz, também disponível no site da editora.
Filhas do Vento
Fátima Moura da Silva
Ficção / Romance
232 páginas · 15x23 · 17 €