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Há dois novos monumentos nacionais em Portugal

Classificação do Mosteiro de Santo Sepulcro, em Penalva do Castelo, e do Terreiro da Batalha dos Atoleiros, em Fronteira, foi publicada esta semana em Diário da República.

Mosteiro de Santo Sepulcro, em Penalva do Castelo DR Monumento evovativo da Batalha dos Atoleiros DR

O Conselho de Ministros aprovou em Janeiro dois novos monumentos nacionais: o Mosteiro de Santo Sepulcro, localizado na freguesia de Trancozelos, em Penalva do Castelo, no distrito de Viseu; e o Terreiro da Batalha dos Atoleiros, situado na herdade com o mesmo nome no concelho de Fronteira, distrito de Portalegre. A classificação foi já aprovada pelo Presidente da República e publicada em Diário da República, com a data desta terça-feira.

A fundação do Mosteiro de Santo Sepulcro, que já tinha sido classificado como “monumento de interesse público” em 2013, remonta ao século XII, ao início da nacionalidade. Foi o primeiro desta ordem canónica a existir na Península Ibérica, nota o texto do decreto governamental. Na sequência da extinção das ordens religiosas, no século XIX, passou a casa particular, conservando, no entanto, o pequeno templo românico, com a tipologia habitual do Norte do país.

A sua reclassificação foi agora justificada – após parecer favorável da Secção do Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura ­(CNC) – pelo facto de representar “um valioso testemunho da remota época da sua fundação, e um singular exemplar artístico e arquitetónico do estilo românico”, num conjunto que “marcou profundamente o território no qual se insere, de características rurais bem conservadas”, diz o decreto, destacando ainda que a sua “presença física e, sobretudo, simbólica, transmite uma grandeza que lhe concede lugar indiscutível no imaginário religioso nacional”.

A mesma secção especializada do CNC deu também parecer favorável à classificação do Terreiro da Batalha dos Atoleiros, lugar onde em 1384 ocorreu um confronto entre Portugal e Castela, no quadro da crise dinástica provocada pela morte de D. Fernando I, no ano anterior.

O sítio em causa conserva a paisagem natural e a topografia original do palco dessa batalha, ainda pouco alterada pelos usos agrícolas da terra, suportando assim a sua memória material e simbólica.

“A localização e legitimação deste terreiro resulta da ponderação das características intrínsecas do episódio, da tradição oral, dos dados geográficos, geomorfológicos, toponímicos e bibliográficos, e, finalmente, das evidências arqueológicas, nomeadamente a presença de armamento ofensivo de cronologia medieval recolhido, com particular concentração, na margem direita da ribeira das Águas Belas”, diz a memória descritiva que sustenta a presente classificação. O decreto-lei invoca ainda a presença de vestígios romanos no local, “validando a hipótese da passagem pela Herdade dos Atoleiros do traçado da via romana que ligava Fronteira a Estremoz”, referida pelo cronista Fernão Lopes. Terá sido por essa via que os exércitos português e castelhano acederam ao campo da batalha.

Travada no dia 6 de abril de 1384, nela o exército lusitano, liderado por D. Nuno Álvares Pereira, obteve “uma vitória essencialmente tática (neste sentido, muito relacionada com a topografia e a natureza do terreno)”, que valeria ao nobre e general português o título de “Condestável do Reino” – um desfecho que se mostraria decisivo para a consolidação da identidade nacional, confirmada, quatro meses depois, na mítica Batalha de Aljubarrota.

Na vila de Fronteira, existe um Centro de Interpretação da Batalha dos Atoleiros, com a reconstituição multimédia desse confronto.


in Público | 7 de fevereiro de 2023
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público

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