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Álbum “Crianças Pela Paz” visa angariar fundos para jovens poderem estudar música
O álbum “Crianças Pela Paz”, sob direção do músico Davide Zaccaria, reúne cantores como Maria João, Dulce Pontes e Paulo de Carvalho, e crianças refugiadas e migrantes, para angariar fundos que as apoiem no estudo da música.
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Maria Anadon, Ana Lains, Selma Uamusse, Tatanka, Jorge Fernando, Anjos, João Afonso, Pedro Branco estão entre outros músicos que se juntaram ao projeto, e que surgem neste álbum com crianças oriundas da Ucrânia, Síria, Sudão, Irão e Iraque, entre outros países, crianças que cantam ou tocam instrumentos.
A maioria das canções vem dos seus intérpretes, há também “Quando eu for grande”, de Manuela de Freitas e José Mário Branco, assim como músicas de Davide Zaccaria, e as receitas do álbum serão revertidas em bolsas e instumentos musicais, de maneira a apoiar a formação musical de crianças e jovens carenciados, sejam de nacionalidade portuguesa ou de outros países.
Davide Zaccaria disse à agência Lusa que a ideia foi “burilada durante a pandemia de covid-19”, tendo lançado o desafio a alguns músicos seus amigos e com quem costuma trabalhar.
“Num panorama de guerra e de ambições de grandes políticos, as crianças são as que mais sofrem, sem terem culpa alguma, e achei quer se podia fazer alguma coisa em seu apoio e dar-lhes a alegria da música”.
Inicialmente, a ideia era gravar temas dos repertórios locais das crianças, depois optou-se por temas originais, partilhando a interpretação com elas, como Roksolana Boichebiuk, da Ucrânia, e Wihad e Mahmud, da Síria.
Se a maioria canta em português, alguns jovens cantam na sua língua natal, como Wihad e Mahmud que se juntam a João Afonso, na interpretação de “Carteiro em Bicicleta” (letra e música de João Afonso), ou Lídia Gomes, da Escola de Jazz do Barreiro, que escolhe um idioma moçambicano, na partilha de “Rafael ou a Cor de Moçambique” (Maria João Grancha/Mário Laginha), com a própria Maria João.
Zaccaria contou a “história triste” que o sensibilizou, de dois jovens afegãos que conheceu, a quem as autoridades do seu país “proibiram de tocar e destruíram à sua frente os seus instrumentos, causando-lhes um forte trauma que os impede ainda hoje de voltar a tocar”.
Zaccaria pretende que esta iniciativa se repita “com outros músicos”, em próximos anos, prevendo um segundo e terceiro álbuns, mas para já está empenhado na realização de três concertos, “um no norte, outro no centro e um no sul”, de apresentação deste primeiro.
O álbum, com edição em CD, inclui canções como “Estrelas” (Tatanka), por Tatanka e Roksolana Boichebiuk, “Hanifa” (Zaccaria) por Dulce Pontes e Beatriz Tavares, aluna da Casa Pia de Lisboa, “Mãe Negra” (Alda Lara/Paulo de Carvalho) por Paulo de Carvalho e Maria Borges, da Escola de Jazz do Barreiro (EJB), com quem Zaccaria perspetiva vir a trabalhar num projeto musical maior, sob o mesmo lema de “Crianças Pela Paz”.
O músico referiu-se a este projeto como um “working in progress”, e pretende criar “uma orquestra de crianças”.
“Sendo [uma ideia] muito repetida, temos [porém] de ter efetiva consciência de que as crianças são de facto, o nosso futuro”, sublinhou.
Neste primeiro CD, Jorge Fernando gravou, de sua autoria, “Chuva”, que partilha com Emma Wach, do Sudão, os Anjos interpretam, com Sidra e Solida, do Iraque, “Eterno” (Sérgio Rosado), Maria Anadon juntou-se a Lerice Germano, da EJB, para gravar “Lisboa Que Vem do Mar, de sua autoria com música de Zaccaria, e Carlos Alberto Moniz gravou com Jana Haghighi, do Irão, “Vamos Reconstruir o Futuro”, de sua autoria e de Liliana Lima.
Entre outros artistas – todos participaram gratuitamente -, Ana Lains gravou “José Embala o Menino” (popular), com Nynyagua Wach, do Sudão, que canta na sua língua materna, Selma Uamusse gravou com uma aluna da EJB, Leticia Silva, “Hope” (Uamusse/ Augusto Macedo), e Pedro Branco partilha com Maria Anadon e Violeta Teles, da EJB, a interpretação de “Quando eu for grande” (Manuela de Freitas/José Mário Branco).
O álbum totaliza 14 temas, encerra com um “hino", “Terra Prometida” (Tiago Torres da Silva/Zaccaria) interpretado por um coro constituído por vários meninos, pelos cantores que gravaram individualmente e ainda com Telmo Pires, Salvador Sobral, Fábia Rebordão, Fitrmino Pascoal e Luanda Cozetti, entre outros.
Fonte: Lusa | 1 de fevereiro de 2023