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Sessenta obras de arte vão ser instaladas nos 261km que ligam o Porto a Santiago
Primeira obra apresentada no âmbito do projeto “Caminho da Arte” chama-se Templo, ainda em fase de conclusão, e é da autoria do arquiteto Álvaro Siza.
Sessenta obras de arte contemporânea de artistas nacionais e internacionais vão ser instaladas ao longo dos 261 quilómetros que ligam a Sé do Porto e a Catedral de Santiago de Compostela, na Galiza. Segundo Paula Silva, coordenadora do projeto "Caminho da Arte", promovido pela Lionesa - Associação de Arte, Cultura e Turismo, 30 peças vão ser instaladas no troço português do Caminho para Santiago de Compostela, e as restantes 30 no troço galego.
A responsável, que falava aos jornalistas na sede da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), em Viana do Castelo, no final da assinatura do protocolo que formalizou o projeto cultural "Caminho da Arte", disse que a iniciativa "vai prolongar-se no tempo", mas estimou que "ainda este ano" fosse instalada uma obra de arte. "O objetivo é ir pontuando o território, do lado português e espanhol, com obras de arte, o mais rapidamente", frisou.
O projeto é promovido pela Lionesa - Associação de Arte, Cultura e Turismo, com o apoio dos municípios portugueses que os Caminhos de Santiago percorrem, a Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN) e a Turismo Porto e Norte de Portugal (TPNP). O Caminho Português da Costa atravessa os concelhos do Porto, Matosinhos, Maia, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende, Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira e Valença.
Paula Silva adiantou que o projeto será financiado pelo mecenato, e por fundos de programas comunitários transfronteiriços, nomeadamente o programa de cooperação Interreg V-A Espanha-Portugal (POCTEP), o Interreg e Portugal 2030.
O protocolo não inclui o município de Caminha, mas Paula Silva adiantou que o concelho do distrito de Viana do Castelo "poderá vir a fazer parte do projeto a qualquer altura".
A diretora Regional de Cultura do Norte, Laura Castro, presente na assinatura do acordo, destacou que o projeto, "muito exigente, por articular uma diversidade de instituições" pretende "fazer cruzar a arte com o Caminho, criando novos pontos de interesse" no percurso e, abrindo, "um potencial ainda maior para que outras pessoas o possam fazer".
"A ideia é que a arte contemporânea possa integrar diversos pontos, com diferentes tipologias artísticas, que valorizem e enriqueçam o património que já existe. Nós sabemos que a arte contemporânea tem um público específico e, esse público, vai procurar as intervenções", especificou.
A responsável afirmou que o objetivo é instalar "obras de arte, no sentido tradicional do termo, mas também intervenções artísticas de outra natureza". Apontou, como exemplos, "uma intervenção artística funcional, um local criado para repouso dos peregrinos; um pavimento que possa ser desenhado; uma igreja que possa receber um vitral de um artista contemporâneo".
Já o presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), Luís Pedro Martins, realçou a necessidade de as entidades envolvidas estarem atentas à abertura de linhas de financiamento para que o projeto cultural possa avançar. E acrescentou ser fundamental "continuar o trabalho de valorização da experiência dos Caminhos de Santiago, sabendo que as motivações pelas quais as pessoas o fazem são diversas".
"Se a arte for uma delas, excelente. Se conseguirmos acrescentar conteúdos para que ele ganhe notoriedade, excelente também", disse Luís Pedro Martins.
Para o presidente da Câmara de Viana do Castelo, Luís Nobre, o protocolo assinado acrescenta "valor a um trabalho de valorização do Caminho".
A primeira obra apresentada no âmbito deste projeto chama-se Templo e é da autoria do arquiteto Álvaro Siza. A escultura arquitetónica, em fase de conclusão, pretende mostrar a importância que o Mosteiro de Leça do Balio teve nos caminhos portugueses, rumo a Santiago.
Os Caminhos de Santiago são uma rota milenar seguida por milhões de peregrinos desde o início do século IX, quando foi descoberto o sepulcro do apóstolo Santiago.
por Lusa e Público | 16 de janeiro de 2023
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público