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The World of Banksy: exposição (não)-autorizada fica em Lisboa até final do ano

Através de réplicas das suas obras mais famosas - que fez em França, Itália, Estados Unidos ou Israel e Palestina - é possível revisitar num só local o trabalho do artista britânico, cuja identidade continua uma incógnita.

Na exposição foi feita uma reconstrução do quarto do The Walled Off Hotel, em Belém, na Cisjordânia.© Reinaldo Rodrigues/Global Imagens As réplicas são feitas por artistas de rua internacionais que usam a mesma técnica que Banksy, o estêncil.© Reinaldo Rodrigues/Global Imagens © Reinaldo Rodrigues/Global Imagens © Reinaldo Rodrigues/Global Imagens © Reinaldo Rodrigues/Global Imagens O diretor artístico Eliya Akbas entre os murais com as réplicas da arte de Banksy feita nos Estados Unidos.© Reinaldo Rodrigues/Global Imagens

"O público deve estar ciente de que houve uma recente onda de exibições de Banksy, nenhuma das quais consensuais", pode-se ler no site do artista de rua britânico Banksy, seguido de uma lista com várias exposições que o mesmo não autoriza. Entre elas não está a de Lisboa The 
World of Banksy, patente na Rua Viriato e que vai poder visitar até dezembro de 2023.

Quando se entra, é possível viajar pelo mundo e obras do artista britânico através de réplicas feitas por diversos artistas de rua internacionais. A exposição está organizada por países, começando pelo Reino Unido, passando por França, Itália, Estados Unidos e acabando com Israel e Palestina.

"Quando o curador começou esta exposição, ele queria que isto fosse imersivo, ou seja, como se a arte pertencesse à parede. Muitas das peças de Banksy foram destruídas ou roubadas. Esta é a única forma de o público descobrir todo o seu trabalho num único local sem ter de viajar", afirmou o diretor artístico, Eliya Akbas, numa conversa com o DN durante uma visita guiada pela exposição.

Os artistas envolvidos usaram a mesma técnica de Banksy, o estêncil, para recriar as peças. O que distingue Banksy de muitos outros artistas de rua é a identidade desconhecida e a forma como transmite uma mensagem. "Banksy sabe quando, onde e como comunicar. O seu trabalho pode ser visto e percebido por qualquer pessoa no mundo. Não precisas de uma educação específica, podes estar em qualquer parte do mundo, seja Europa, Ásia ou América do Sul, para perceber a sua arte", explicou Eliya Akbas.

Como é seu hábito, o artista incógnito fica cerca de um mês num país, espalhando várias peças pela cidade escolhida, que mais tarde são descobertas pelo público. "Para confirmar a autoria, Banksy publica sempre as coisas no Instagram", acrescentou.

Na área da exposição dedicada às obras em França podemos ver o conhecido desenho de Steve Jobs de Banksy com uma tenda ao lado. O original encontra-se no campo de refugiados de Calais, em França, mostrando o fundador da Apple com um saco ao ombro e um computador na outra mão. O pai de Steve Jobs era um imigrante sírio nos Estados Unidos. O diretor artístico da exposição The World of Banksy interpreta esta peça como uma forma do artista relembrar a crise de refugiados e que num campo como o de Calais pode haver alguém como Steve Jobs.

Numa sala revestida por graffiti feitos por artistas locais, é projetado um vídeo de 8 minutos como homenagem ao artista, mostrando os seus desenhos a ganharem vida. O vídeo inclui obras como o desenho da lata de sopa da TESCO e o Christ with Shopping Bags, onde podemos ver a imagem de Jesus Cristo com sacos de compras. Uma crítica ao consumismo e em especial ao Natal que se transformou numa data específica para o consumismo em massa.

No segundo piso, no meio dos desenhos de Banksy feitos em Nova Iorque, foi acrescentada uma peça extra, feita pelos artistas de rua com a forma de uma ratazana no chão, relembrando uma cena de crime. "Nós acrescentámos algumas coisas pela piada. O Banksy é muito conhecido pelas ratazanas e acrescentámos coisas assim para fazer um tributo. Por toda a exposição encontramos pegadas de ratazanas no chão que mostram a direção que os visitantes devem seguir", explicou Eliya Akbas.

Foi também reproduzida a famosa casa de banho que Banksy criou no início da pandemia com os desenhos das ratazanas na sanita e no lavatório.

Mas a atração principal é a reprodução do quarto do The Walled Off Hotel em Belém, na Cisjordânia, - considerado o "hotel com a pior vista do mundo" por ter em frente o muro que separa estes territórios palestinianos de Israel. Na parede por cima da cama, o conhecido graffiti Pillow Fight mostra um soldado israelita e um palestiniano numa luta de almofadas.

Banksy e o uso da imagem

No final da exposição há ainda espaço para uma loja de recordações. Questionado sobre os direitos de autor, o diretor artístico explica que "Banksy vendeu grande parte do seu trabalho, especialmente no início da sua carreira. Ele é contra direitos de autor. Se ele é contra, pode fazer aqui o que quiser".

Recentemente, Banksy publicou na sua conta pessoal do Instagram e no seu site pessoal a imagem da montra da loja da Guess que utilizou a sua arte, pedindo para as pessoas irem protestar. "Escrevi "direitos autorais são para perdedores" no meu livro (com direitos autorais) e ainda encorajo qualquer pessoa a usar e alterar a minha arte para seu próprio divertimento pessoal, mas não para fins lucrativos", pode-se ler no site do artista.

A exposição The World of Banksy já passou por várias cidades, incluindo Paris, a qual foi parar à lista de exposições não autorizadas de Banksy, ao contrário de Lisboa, que ainda não apareceu na lista.

"Em setembro, Banksy fez uma publicação a dizer que deixa fazerem cópias dos seus trabalhos. Nós somos os únicos a fazer cópias. Então, acho que aquilo foi para nós. E nunca recebemos nenhuma carta de nenhum advogado a dizer para pararmos", afirmou o curador.


por Mariana de Melo Gonçalves in Diário de Notícias | 15 de janeiro de 2023
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

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