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Mário Ruivo: aberto concurso para jovens cientistas em homenagem ao oceanógrafo
Concurso destina-se a escolher o projeto de um investigador em início de carreira para ser apresentado em Paris.
Os cientistas da área do oceano em início de carreira – até aos 40 anos de idade – terão a possibilidade de apresentar um projeto de investigação num palco internacional, perante os 150 países-membros da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO, com sede em Paris. Para tal, podem candidatar-se à iniciativa Mário Ruivo Memorial Lecture, até 9 de janeiro.
A esta palestra de homenagem ao oceanógrafo Mário Ruivo (1927-2017), cujas candidaturas já abriram, podem concorrer projetos desenvolvidos e liderados por um cientista ainda em início de carreira, seja como investigador principal, seja como co-investigador principal.
A apresentação do projeto vencedor decorrerá na assembleia da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO (COI- UNESCO), que se realiza de dois em dois anos, em Paris. A primeira palestra desta série bienal será em junho de 2023. E o “prémio” é precisamente a oportunidade que o candidato vencedor tem de expor o seu trabalho perante uma plateia internacional.
Mário Ruivo foi o quinto secretário-executivo da COI-UNESCO, durante quase uma década, de 1980 a 1989. Depois de deixar a COI como funcionário da UNESCO, passou a ser o representante de Portugal naquele organismo. O seu nome é uma referência a nível internacional na área do oceano. Mais do que biólogo e oceanógrafo, tornou-se um político do oceano. Antes disso, desde a juventude, há muito que tinha atividade política de luta contra a ditadura de António de Oliveira Salazar, que terminaria com o 25 de Abril de 1974, e que o levou ao exílio em Roma em 1961.
Agora a COI-UNESCO em conjunto com o EurOcean – centro europeu dedicado às ciências e tecnologias do mar, com secretariado em Lisboa e que teve Mário Ruivo como presidente do seu conselho executivo – lançaram a Mário Ruivo Memorial Lecture (ou Palestra Memorial Mário Ruivo). Há ainda o apoio, segundo um comunicado sobre a iniciativa, da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (2021-2030). Isto porque, acrescenta-se, pretende-se estimular e reconhecer os investigadores em início de carreira que estão a contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em particular o objetivo 14, relativo à vida debaixo de água.
“Mário, o quinto secretário executivo da COI-UNESCO, imprimiu na comunidade oceânica internacional o seu cunho profissional e ético inigualável. A sua crença inabalável na COI veio da sua compreensão precoce do papel fundamental da ciência do oceano como fonte de soluções inovadoras para a sociedade e desafios globais”, diz Vladimir Ryabinin, o atual (e nono) secretário executivo da COI-UNESCO, citado em comunicado. “O Mário Ruivo continua a inspirar-me e ele é um dos que tenho em mente ao repetir a citação de que ‘a COI se apoia nos ombros de gigantes’”, acrescenta.
“O professor Mário Ruivo esteve à frente do seu tempo e com esta iniciativa queremos manter vivo o seu legado e continuar a inspirar as gerações futuras”, sublinha, por sua vez, Sérgio Bryton, diretor executivo do EurOcean.
por Teresa Firmino in Público | 23 de novembro de 2022
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público