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Mistura o novo disco de Katia Guerreiro é um livro/notebook
Gravado nos estúdios, Vale de Lobos, Estúdios 1143 por Fernando Nunes e Atlântico Waves por António Pinheiro da Silva, este disco conta com a participação de 3 produtores.
Primeiro porque estavam dois segredos muito bem guardados, produzidos por José Mário Branco e que ainda não tinham sido editados, depois porque marca o regresso de Tiago Bettencourt como produtor e compositor de algumas das canções e ainda a estreia na produção de Pedro de Castro que também assina uma serie de canções e assume o leme na produção final deste navio que por fim acaba por ser “Mistura’Do” e Masterizado nos estúdios Pé de Vento por Fernando Nunes.
O formato é um Livro em forma de Notebook onde nas primeiras 64 páginas, estão as letras e as reflexões que a fadista escreveu sobre cada poema, algumas imagens de Making Off das gravações e outros textos que relatam todo o processo evolutivo do disco. O resto é um livro em branco onde se pode escrever tudo o que nos vai na alma, o que sentimos depois de o ouvir e o que nos inspira...
Numa edição limitada de 500 exemplares numerados e autografados pela artista, é um livro aberto que não se fecha, pelo menos para já... Quem o adquirir tem os 12 Fados da primeira edição, mas depois quando surgirem novos fados serão acrescentadas ao universo digital do disco. Nessa altura os detentores do livro podem receber um encarte com a letra da nova canção.
Edição a 18 de novembro em formato Livro/Notebook
(...) Nasceu uma obra das mãos de muitos dos que fazem parte da minha vida. Decidimos fazer a repescagem dos dois temas que foram produzidos e gravados com o meu mestrinho José Mário Branco. Nada mais bonito do que perpetuar a magia e inspiração das palavras escritas pela sua musa em dois fados que são tão filosóficos quanto eles sempre foram.
Fomos buscar poemas que já tinham sido lidos e revistos, e um poema que me deu a Manuela de Freitas em resposta ao dueto que fiz com os Anaquim. Descobri o Tiago Curado que criou a música para o fado voltar para casa.
Também desafiei amigos para comporem e escreverem para mim. Recebi muitos mais dos que estão aqui. Foram estes os eleitos, para já.
O Tiago Curado não se ficou por aí... é também ele o designer desta obra.
A Maria Luísa Baptista volta aqui com dois dos poemas que me foi deixando. O “Mistura” que dá nome a este álbum, espelha bem o que é este disco: um corpo de tantas almas. Para o ilustrar veio o Rui Veloso juntar-se a esta criação, por também ter feito parte da vida da Maria Luísa.
É este poema Mistura a inspiração da ilustração que aqui recebem. A amizade faz de facto milagres. A minha alma cruzou-se com a da doce Ana Aragão há alguns anos. De repente, o que eu tanto queria tornou-se muito evidentemente urgente de se concretizar, e sem hesitações a Ana criou-me e retratou-me a partir e através deste poema.
O Tiago Bettencourt voltou para compor e para produzir três dos temas que aqui apresentamos. Só tem de me sussurrar: “imagina-te num lugar assim.…”, e eu vou para esse lugar cantar como ele me pede. Gosto de morar nesses sítios que o Tiago me sabe dizer. Eu diria que os passos dados a seu lado são sempre passos bem dados. E ainda me honrou a tocar no tema que me ofereceu.
A Rita Redshoes que conheci não há muito tempo, revelou-se uma linda flor no meu caminho e ofereceu-me o espelho dos meus olhos. Há pessoas que ficam logo nossas...
O Pedro Rapoula que me conhece o sangue e bate dentro do meu coração, confiou-me a sua alma, e eu canto-a sem ter medo nenhum, porque o sei quase de cor.
O Sr. Feliciano da Silva, poeta popular dedicado a perpetuar as memórias da sua vida na aldeia de Travanca de Lagos em Oliveira do Hospital, está a ser surpreendido com este tema. O seu poema chegou-me pelas mãos do seu neto Tiago e tornou-se a nossa festa popular durante todo o processo de produção deste álbum.
O saudoso Carlos Mendonça tinha-me deixado poemas com que me voltei a cruzar. A sua irreverência, modernidade e amor ao fado inspiraram-no na escrita. Aqui fica uma Pergunta Atrevida.
De uma noite de fados em que eu não estive, nasceu um poema que me veio parar às mãos, porque eu fui tema de conversa entre dois grandes, enormes artistas que eu tanto adoro. O João Monge que o escreveu e finalmente vem morar na minha voz, e o Zeca Medeiros, que me viu crescer no meio do Atlântico sendo uma das minhas mais fortes inspirações musicais desde menina, que compôs a música, para juntos formarmos um triangulo carregado de admiração mútua.
E o Helder Moutinho, que não deixo por acaso para o fim, lembra-me, nas palavras e na composição que me deu, o ilhéu que serei para sempre, com a força das ondas do mar e a suavidade da paisagem açoriana. É ele também quem me manda para o mundo para partilhar ao vivo o que criamos. Ele sabe quem sou.
Para esta Mistura de almas fazer sentido, confiei ao Pedro de Castro o papel de timoneiro, que incansavelmente mergulhou comigo nesta coisa bonita que é embelezar a própria beleza com a voz e os instrumentos. Encontrar os equilíbrios, as harmonias, e os sons que as palavras nos pedem. Ajudar a que esta Mistura fizesse sentido, compondo ainda novas melodias tradicionais maravilhosas e mais músicas deslumbrantes.
Resgatámos o João Veiga que é sempre farol. Junto com o André Ramos criam movimentos e energias imparáveis. No fundo não nos conseguimos separar. Oiçam também o que acontece quando se juntam o Pedro de Castro e o Luís Guerreiro. É uma loucura mágica que me acompanha e eleva. A abraçar-nos a todos vem o Francisco Gaspar que domina com o ritmo e a melodia grave do baixo. Foram dias de criação em família, onde a doçura e sentido de humor do Naná (Fernando Nunes) foram fundamentais para que tudo casasse na perfeição.
À espera disto tudo estão o António Martins e o Luís Caldeira para juntos levarmos esta Mistura pelo mundo fora, sob os cuidados atentos da Filipa Fernandes. Eles também estão aqui. Estão sempre aqui.
Uma produção musical a três mãos. Um disco cheio de almas a encher a minha de amor.
Todo este caminho foi acompanhado de perto pelo Aurélio Vasques, assistido pelo João Leão e pelo André Silva, com o seu olhar doce, atento e discreto, que dá vida a um documentário e a videoclips tão cheios de verdade que vos convido a espreitar, mais a reportagem fotográfica dos meus melhores registos, o Jorge Simão, assistido pelo André Ferreiro. Para me pôr bonita e reforçar a confiança, o Fillipe Carriço tratou de todos e os mais bonitos detalhes. Consigo trouxe a Raquel Soeiro, uma bonita e talentosa make-up artist que entrou na minha vida.
Obrigada a todos pela imensa dedicação e cuidado em fazer nascer mais esta obra que deixo. Vossa, “De mim, só o que dei é que ficou”. (...)
Katia Guerreiro