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Alkantara Festival sob o signo de crises e identidades

Uma abordagem trans a Pinóquio pela dupla Cade & MacAskill Christa Holka/Alkantara


O Alkantara Festival está de regresso a Lisboa entre 11 e 27 de novembro para apresentar espetáculos que investigam crises ou questionam identidades, com novas criações de Vânia Doutel Vaz e de Sofia Dias & Vítor Roriz, anunciou a organização.

Em vários palcos de Lisboa, e na margem sul do Tejo, o festival internacional de artes performativas apresentará um programa que inclui espetáculos de dança, teatro, performances e conversas, segundo o programa completo divulgado pela organização.

Numa edição que prossegue com direção de Carla Nobre e David Cabecinha, o festival colocará em palco múltiplas perspetivas de artistas de todo o mundo sobre a atualidade, abrindo coma ópera-performance Sun & Sea, das artistas lituanas Rugile Barzdziukaite, Vaiva Grainyte e Lina Lapelyte, galardoada com o Leão de Ouro na Bienal de Veneza de 2019, apresentado em parceria com a Culturgest e a Fundação Calouste Gulbenkian, que passa a ser co-produtora do Alkantara.

De acordo com a organização, no âmbito da parceria, o festival e a Gulbenkian convidarão, nos próximos anos, artistas nacionais e internacionais a desenvolver novos trabalhos em Lisboa, procurando “relevar projetos que, através de práticas artísticas, coloquem em confronto questões específicas localmente com dinâmicas reconhecidas como globais”, assinala a organização.

Passadas quase três décadas desde a sua origem - em 1993, com o nome Danças na Cidade, projeto desenvolvido pela bailarina e coreógrafa Mónica Lapa -, o Alkantara Festival mostra este ano a produção nacional através de novas criações de Vânia Doutel Vaz, de Gio Lourenço, e de Sofia Dias & Vítor Roriz, juntamente com a dupla turca Filiz Sizanli & Mustafa Kaplan, e ainda uma peça de Marlene Monteiro Freitas, com a Companhia Dançando com a Diferença, num projeto de dança inclusiva.

Nos artistas estrangeiros, estarão presentes criadores como as lituanas Rugile Barzdziukaite, Vaiva Grainyte e Lina Lapelyte, as estreias da dupla escocesa Cade & MacAskill e do coreógrafo iraniano Hooman Sharifi, e os regressos a Portugal de Ana Pi, Betty Tchomanga e Silke Huysmans & Hannes Dereere.

Como tem acontecido em anos anteriores, o festival ocupará os palcos da Culturgest, do Centro Cultural de Belém, do São Luiz Teatro Municipal, do Teatro do Bairro Alto e do Teatro Nacional Maria II, e vai estender-se ao longo da margem sul do Tejo.

O cartaz inclui ainda a dupla de artistas Rosana Cade e Ivor MacAskill, que apresentam O Making of do Pinóquio", Ana Pi, coreógrafa, artista da imagem e investigadora brasileira, que estará no Teatro do Bairro Alto com The Divine Cypher, peça inspirada no trabalho da cineasta experimental ucraniana Maya Deren, que, nos anos 1940, estudou a cultura haitiana.

O artista sul-coreano Jaha Koo irá abordar o impacto da crise financeira no seu país, nos anos 1990, e a forma como acentuou desigualdades, agravou o isolamento social entre os jovens, e aumentou taxas de suicídio.

Out of the Blue, da dupla de artistas belgas Silke Huysmans & Hannes Dereere, Mascaradas, da bailarina e coreógrafa franco-camaronesa Betty Tchomanga, e Sacrifico Enquanto Estou Sozinho na Terra Salgada, peça de grupo do coreógrafo iraniano Hooman Sharifi, também estão no programa desta edição.

Ainda em estreia absoluta, Vânia Doutel Vaz traz o solo O Elefante no Meio da Sala, uma reflexão sobre a prática da dança, e Marlene Monteiro Freitas e a Companhia Dançando com a Diferença, com direção artística de Henrique Amoedo, apresentam Ôss, uma peça em que “os corpos são desconstruídos, e, cada parte, independentemente da sua densidade, pode ser estruturante como uma firme estrutura óssea”.

Uma última estreia absoluta - Never odd or even - caberá a Sofia Dias & Vítor Roriz, que apresentam uma criação com outro duo, Filiz Sizanli & Mustafa Kapla, naturais da Turquia, onde refletem sobre as suas dinâmicas de criação duais, na qual abordam as ideias de duplicidade, continuidade e rutura.

Ainda nas criações nacionais, surgem Boca fala tropa, de Gio Lourenço, resultado de uma bolsa de criação d'O Espaço do Tempo, revisitando a história do Kuduro, num dos trânsitos entre Angola e Portugal, que trouxeram o estilo a festas no Bairro do Fim do Mundo.

Por seu turno, Ana Borralho e João Galante apresentam uma conferência-performance e lançam um livro que assinala 20 anos de criação artística em conjunto: Bem-vindos à nossa intimidade acontecerá no Espaço Alkantara, no dia 20 de novembro.


por Lusa e Público | 17 de outubro de 2022
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público

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