"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

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A poesia de Saramago num só volume

Poesia Completa destaca uma parte menos conhecida da obra do Prémio Nobel de Literatura português.


Reunindo os três únicos livros de poemas de José Saramago Os Poemas Possíveis, Provavelmente Alegria e O Ano de 1993 –, Poesia Completa apresenta ainda um texto inédito. Como nos esclarece Fernando J.B. Martinho no posfácio à obra: «Da sua poesia se pode dizer o que Sena disse da de Gedeão, outro nome de revelação poética tardia, quando nela assinalou a confluência de muitas das "conquistas expressivas do modernismo"».

O livro já se encontra em pré-venda.

José Saramago estreou-se como poeta em 1966, no ano em que celebrou quarenta e quatro anos de vida. Voltaria à poesia em 1970, com Provavelmente Alegria, no qual, «desenvolvendo e depurando o tratamento de temas que já vinham de Os Poemas Possíveis, se abre a orientações novas que o aproximam do poema em prosa», explica o prólogo do presente volume. A sua aventura poética encerrar-se-ia volvidos cinco anos, com O Ano de 1993. Publicado no auge do movimento revolucionário, compõe-se de trinta poemas de extensão variável que descrevem, num estilo que é ao mesmo tempo «realista e metafórico», a ocupação de um país por um invasor cruel. 

SOBRE O LIVRO

Há um terror de mãos na madrugada,
Um rangido de porta, uma suspeita,
Um grito perfurante como espada,
Um olho exorbitado que me espreita.
Há um fragor de fim e derrocada,
Um doente que rasga uma receita,
Uma criança que chora sufocada,
Um juramento que ninguém aceita,
Uma esquina que salta de emboscada,
Um risco negro, um braço que rejeita,
Um resto de comida mastigada,
Uma mulher espancada que se deita

Nove círculos de inferno teve o sonho,
Doze provas mortais para vencer,
Mas nasce o dia, e o dia recomponho:
Tinha de ser, amor, tinha de ser.

Título: Poesia Completa
Autor: José Saramago
Posfácio: J.B. Martinho
N.º de Páginas: 360
PVP: 29,99€
Coleção: documenta poetica

Ver primeiras páginas 

SOBRE O AUTOR
José Saramago

Autor de mais de 40 títulos, José Saramago nasceu em 1922, na aldeia de Azinhaga. As noites passadas na biblioteca pública do Palácio Galveias, em Lisboa, foram fundamentais para a sua formação. «E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou.» Em 1947 publicou o seu primeiro livro que intitulou A Viúva, mas que, por razões editoriais, viria a sair com o título de Terra do Pecado. Seis anos depois, em 1953, terminaria o romance Claraboia, publicado apenas após a sua morte. No final dos anos 50 tornou-se responsável pela produção na Editorial Estúdios Cor, função que conjugaria com a de tradutor, a partir de 1955, e de crítico literário. Regressa à escrita em 1966 com Os Poemas Possíveis. Em 1971 assumiu funções de editorialista no Diário de Lisboa e em abril de 1975 é nomeado diretor-adjunto do Diário de Notícias. No princípio de 1976 instala-se no Lavre para documentar o seu projeto de escrever sobre os camponeses sem terra. Assim nasceu o romance Levantado do Chão e o modo de narrar que caracteriza a sua ficção novelesca. Até 2010, ano da sua morte, a 18 de junho, em Lanzarote, José Saramago construiu uma obra incontornável na literatura portuguesa e universal, com títulos que vão de Memorial do Convento a Caim, passando por O Ano da Morte de Ricardo Reis, O Evangelho segundo Jesus Cristo, Ensaio sobre a Cegueira, Todos os Nomes ou A Viagem do Elefante, obras traduzidas em todo o mundo. No ano de 2007 foi criada em Lisboa uma Fundação com o seu nome, que trabalha pela difusão da literatura, pela defesa dos direitos humanos e do meio ambiente, tomando como documento orientador a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Desde 2012 a Fundação José Saramago tem a sua sede na Casa dos Bicos, em Lisboa. José Saramago recebeu o Prémio Camões em 1995 e o Prémio Nobel de Literatura em 1998.O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou postumamente, a 16 de novembro de 2021, José Saramago com o grande-colar da Ordem de Camões, pelos «serviços únicos prestados à cultura e à língua portuguesas», no arranque das comemorações do centenário do nascimento do escritor. 
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