A Adoração dos Magos, de Domingos Sequeira (1768-1837), será elevada à condição de “tesouro nacional”. Em anúncio publicado no Diário da República, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) dá conta de que, na sequência do parecer favorável da Secção de Museus, da Conservação e Restauro e do Património Imaterial do Conselho Nacional de Cultura, datado de 19 de maio, será proposta à secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro, “a classificação como bem de interesse nacional (BIN), com a designação de ‘tesouro nacional’”, daquela pintura.

O processo administrativo original está disponível para consulta, mediante marcação, na DGPC, Divisão do Património Imóvel, Móvel e Imaterial, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, sendo que “o prazo definido para os interessados se pronunciarem é fixado em 30 dias úteis”, segundo informa o anúncio publicado no Diário da República.

Finalizada pelo pintor lisboeta em 1828, em Roma, Adoração dos Magos teve o respetivo processo de classificação iniciado em junho de 2021, na sequência de uma proposta do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA). Na proposta destacava-se que a obra criada por Domingos Sequeira em final de vida, parte de “uma série de quatro grandes composições religiosas que o artista executou em Roma”, sobressai como “um verdadeiro testamento artístico, em que se expressam não apenas as suas preocupações fundamentais sobre a cor, a luz e a forma, mas também a sua busca de uma síntese entre a tradição clássica e o romantismo”. Como se lia tanto na proposta quanto no texto dedicado à pintura no site do MNAA, é uma obra “notável pela prodigiosa modelação das figuras e da luz e pela estrutura da composição”. Da composição fazem parte 150 figuras, 60 delas individualizadas em primeiro plano, o que faz de Adoração dos Magos, no contexto da pintura europeia, uma das mais povoadas obras dedicadas ao tema.

Exposta ao público desde julho de 2016, na sequência do restauro pelos técnicos do MNAA, a pintura foi adquirida pela instituição através de uma inédita campanha pública de donativos, numa iniciativa conjunta do museu e do PÚBLICO. “Vamos Pôr o Sequeira no Lugar Certo”, assim foi batizada a campanha iniciada em 2015, reuniu um total de 745.623,40 euros, acima dos 600 mil euros necessários para a aquisição. Contribuíram diversas instituições e empresas, bem como escolas, juntas de freguesia, câmaras municipais e fundações, e também milhares de cidadãos.

in Público | 20 de julho de 2022
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público