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Oksana Lyniv, maestrina ucraniana, vence Prémio Europeu Helena Vaz da Silva 2022

Oksana Lyniv, maestrina ucraniana, Diretora-Geral de Música do Teatro Comunale di Bologna e também fundadora e diretora artística da Orquestra Sinfónica Juvenil da Ucrânia e do Festival Internacional de Música Clássica LivMozArt, venceu a edição de 2022 do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural. 


Este reconhecimento europeu presta homenagem à excecional contribuição de Oksana Lyniv para a divulgação da cultura e dos valores europeus a um público mais vasto, em particular às gerações mais jovens, através da música. O Prémio Europeu Helena Vaz da Silva, que este ano celebra a sua 10.ª edição, foi instituído pelo Centro Nacional de Cultura, em colaboração com a Europa Nostra e o Clube Português de Imprensa e com o apoio do Ministério da Cultura de Portugal, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Turismo de Portugal.

Por ocasião do 10.º aniversário do Prémio, o Júri concedeu também um Reconhecimento Especial a Dijana Miloševic, artista sérvia, fundadora e diretora do DAH Theatre – Centro de Investigação da Cultura e das Transformações Sociais em Belgrado, também escritora e professora, pelo seu papel fundamental na defesa da cultura e dos valores europeus.

A cerimónia de atribuição dos prémios terá lugar no dia 24 de novembro às 17h, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Prémio Europeu Helena Vaz da Silva 2022 para Oksana Lyniv 
Reagindo à notícia, Oksana Lyniv afirmou: "Durante a terrível guerra que decorre no coração da Europa, quando o ódio cresce e morre um grande número de vítimas inocentes, a cultura tornou-se porventura no meio mais significativo para manifestar a dor e o desespero, para criar testemunhos vivos deste tempo trágico para as gerações futuras e para encontrar forças para restaurar a capacidade mental, unir as pessoas e reconstruir o que foi destruído.  É para mim uma grande honra receber o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva.  Dedico-o a todos os que prosseguem na luta pelos valores culturais e humanitários durante a guerra.  Este prémio dar-me-á a força necessária para continuar a minha importante missão – desenvolver laços culturais entre a Ucrânia, a Europa e o mundo, enriquecendo assim o nosso património cultural comum." 

O Júri do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva declarou: "É nosso desejo prestar homenagem à extraordinária combinação de excelência artística, precisão e temperamento da regência de Oksana Lyniv; à fascinante profundidade e amplitude do seu conhecimento e compreensão musicais, bem como à sua abordagem aprofundada da arte, ao seu estudo meticuloso das obras do património cultural europeu e ao seu papel decisivo na sensibilização do público para os valores e diversidade culturais da Europa. Além disso, Oksana Lyniv dedica-se apaixonadamente a apoiar jovens músicos e a promover a música clássica na Ucrânia e em toda a Europa. Nestes obscuros tempos de guerra no nosso continente, pretendemos enfatizar o poder unificador e regenerador da música e do património na promoção da paz e construção de pontes duradouras entre os cidadãos e as comunidades da Ucrânia, da Europa e do resto do mundo."

O Júri da décima edição do Prémio, presidido por Maria Calado, Presidente do Centro Nacional de Cultura, é composto por especialistas independentes nos campos da cultura, património e comunicação de vários países europeus: Francisco Pinto Balsemão (Portugal), Presidente do Conselho de Administração do Grupo Impresa, Piet Jaspaert (Bélgica), Vice-Presidente da Europa Nostra, João David Nunes (Portugal), Vice-Presidente do Clube Português de Imprensa, Guilherme d'Oliveira Martins (Portugal), Administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, Irina Suboti? (Sérvia), Presidente da Europa Nostra Sérvia e Marianne Ytterdal (Noruega), Membro do Conselho da Europa Nostra.

A carreira internacional de Oksana Lyniv iniciou-se em 2004, quando obteve o terceiro lugar no Concurso Internacional de Direção de Orquestra Gustav Mahler, na Alemanha. Entre 2008 e 2013, trabalhou na Ópera Nacional de Odessa e, de 2013 a 2017, foi assistente musical do Diretor-Geral de Música Kirill Petrenko e maestrina na Ópera Estatal da Baviera, em Munique.

Oksana Lyniv é fundadora e diretora artística do Festival LvivMozArt, realizado em Lviv, bem como fundadora, maestrina principal e diretora artística da Orquestra Sinfónica Juvenil da Ucrânia (YsOU).

Assumiu um papel pioneiro como primeira maestrina de uma orquestra de ópera italiana, sendo, desde 2022, Diretora-Geral de Música do Teatro Comunale di Bologna, bem como a primeira maestrina na história do Festival de Ópera de Bayreuth, apresentando a sua produção inaugural de "O Holandês Voador" na abertura do Festival em 2021. Em novembro de 2020, Oksana Lyniv foi galardoada com o prémio Opera! de melhor maestrina de 2020. Entre 2017 e 2020 foi maestrina principal da Ópera de Graz e da Orquestra Filarmónica de Graz (Áustria).

Enquanto maestrina convidada, trabalhou com numerosas orquestras de renome mundial e célebres teatros de ópera na Áustria, Alemanha, Grã Bretanha, França, Suíça, Espanha, Suécia, Estónia, Hungria, Japão e Ucrânia, tal como na Ópera Estatal da Baviera, Ópera Estatal de Berlim, Orquestra Sinfónica da Rádio da Baviera, Orquestra Sinfónica da Rádio de Viena, Orquestra Filarmónica de Munique, Orquestra Filarmónica do Luxemburgo, Orquestra Sinfónica de Dusseldorf, Orquestra Filarmónica de Graz,  Orquestra Sinfónica de Munique, Orquestra da Suiça Francófona, Orquestra Filarmónica de Friburg, entre outras. Enquanto maestrina de ópera, atuou na Ópera Estatal da Baviera, na Ópera Estatal de Berlim, na Royal Opera House Covent Garden, na Ópera de Frankfurt, no Gran Teatre del Liceu em Barcelona, Teatro dell'Opera di Roma, Teatro Comunale di Bologna, Theater an der Wien, Ópera Estatal de Estugarda, Ópera Royal de Wallonie-Liège, Ópera Nacional da Estónia, Ópera Estatal de Bona, Ópera Nacional de Lviv, Ópera Nacional de Odessa entre muitas outras.

Oksana Lyniv é uma apaixonada promotora da música clássica na Ucrânia, desempenhando um papel crucial como uma das figuras mais importantes na paisagem cultural do país e sendo reconhecida como a embaixadora cultural da Ucrânia no mundo. Foi neste âmbito agraciada com vários títulos, como o de Embaixadora Honorária da Cidade de Lviv, bem como com numerosos prémios ucranianos: a medalha de "Coragem Intelectual" da revista Ji, "Personalidade de Lviv" (2017), "Personalidade dos tempos modernos" (2017) e "BOOM Awards 2018". Pelos seus projetos internacionais foi considerada uma das "100 Mulheres Mais Influentes da Ucrânia" pela revista Focus e figurou no "Top 100" da revista NV (2019). É também laureada com o reconhecido Prémio Internacional TREBBIA na categoria "Promoção de Atividade Artística" (República Checa, 2019); recebeu o estatuto de "Estrela do Ano 2015" na categoria "Clássicos" e um prémio do Festival de Ópera de Munique; e foi nomeada durante dois anos consecutivos na categoria "Arte" pela revista Die Steierin (2018-2019, Graz, Áustria).

Reconhecimento Especial do Júri a Dijana Miloševic 



No 10º aniversário do Prémio, o Júri decidiu também conceder um Reconhecimento Especial a Dijana Miloševic. "A importância da cultura como um continuum encontra-se no âmago das explorações artísticas e académicas de Dijana Miloševic, as quais enfatizam o património multicultural que está na base das nossas sociedades. Através de muitas das suas obras, Dijana Miloševic recuperou histórias esquecidas e inéditas que nos aproximam uns dos outros ao mesmo tempo que celebram as nossas diferenças. Ao questionarmos a nossa perceção, os nossos hábitos e o nosso passado, podemos compreender o presente e assim mudar o futuro.  Através das suas palestras performativas, instalações artísticas e textos escritos, Miloševi? tem vindo a explorar movimentos europeus de vanguarda como o Zenitismo e o Dadaísmo, entre outros temas, recorrendo a interpretações arrojadas que oferecem uma representação complexa destes movimentos artísticos e, através deles, do nosso património cultural em geral", observou o Júri.

Reagindo ao anúncio, Dijana Miloševic declarou: "Sinto-me muito honrada e agradeço profundamente ao Júri por me colocar na companhia de grandes artistas e pensadores do nosso tempo. Num momento em que enfrentamos mais uma guerra sem sentido, este Prémio Europeu e Reconhecimento Especial trazem esperança, centrando-se em feitos humanos extraordinários que iluminam o momento presente e o guiam para o futuro. As minhas calorosas felicitações à vencedora do Prémio, Oksana Lyniv, maestrina ucraniana."

Sobre o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva
O Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural recorda a jornalista, escritora, ativista cultural e política portuguesa Helena Vaz da Silva (1939-2002), em memória e reconhecimento da sua notável contribuição para a divulgação do património cultural e dos ideais europeus. É atribuído anualmente, desde 2013, a um cidadão europeu cuja carreira se tenha distinguido por atividades de difusão, defesa e promoção do património cultural da Europa, em particular através de obras literárias ou musicais, reportagens, artigos, crónicas, fotografias, cartoons, documentários, filmes e programas de rádio e/ou televisão. O Prémio conta com os apoios do Ministério da Cultura Português, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Turismo de Portugal.

Os laureados anteriores deste prémio foram a coreógrafa de dança contemporânea belga Anne Teresa De Keersmaeker (2021), o poeta português e bibliotecário da Biblioteca do Vaticano José Tolentino Mendonça (2020),a física italiana Fabiola Gianotti (2019), a historiadora e locutora britânica Bettany Hughes (2018), o cineasta alemão Wim Wenders (2017), o cartoonista editorial francês Jean Plantureux, conhecido como Plantu, e o filósofo português Eduardo Lourenço (ex aequo, 2016), o músico e maestro espanhol Jordi Savall (2015), o escritor turco e Prémio Nobel Orhan Pamuk (2014) e o escritor italiano Claudio Magris (2013). 

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