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Tan Tan Tann - Festival cruza tanoaria e arte contemporânea com quatro espetáculos
A sexta edição do Tan Tan Tann propõe este ano quatro produções para maiores de 12 anos, por companhias portuguesas e espanholas. Sexta e sábado em Esmoriz.
A cidade de Esmoriz, em Ovar, recebe sexta-feira e sábado o Tan Tan Tann – Festival Internacional de Artes Performativas Contemporâneas, que, decorrendo numa empresa de tanoaria, procura valorizar esse ofício atraindo público a quatro espetáculos em cenário fabril.
O evento é promovido pela Câmara Municipal de Ovar e pela empresa Imaginar do Gigante, em parceria com a tanoaria Josafer, que é uma das poucas unidades desse concelho do distrito de Aveiro ainda dedicada à produção artesanal de pipas para vinhos do Porto e licorosos, que exporta para 30 países.
Com bilhetes diários ao preço de cinco euros, cada um dos quais dando acesso a dois espetáculos, a sexta edição do Tan Tan Tann pode receber até 150 pessoas por ‘performance’ e propõe este ano quatro produções para maiores de 12 anos, por companhias portuguesas e espanholas.
Pedro Saraiva é o diretor artístico do evento e declara à Lusa que a aposta do festival é “numa fusão entre o tradicional e o contemporâneo”, materializando esse cruzamento em “pequenos formatos” e procurando privilegiar o público jovem.
“Sendo a tanoaria uma arte ancestral, o conceito diferenciador e distintivo deste festival é o facto de decorrer numa tanoaria em funcionamento, ou não fosse Esmoriz um lugar onde restam apenas duas unidades artesanais do setor a laborar, das múltiplas que já existiram na região”, afirmou esse responsável.
Quanto ao público-alvo do evento, Pedro Saraiva notou que, “com a exceção dos festivais de música, é muito difícil cativar os jovens para os festivais de arte performativa contemporânea”, pelo que, ao escolher como palco o cenário pouco habitual de uma tanoaria ainda em atividade, o objetivo do Tan Tan Tann é “transformar essa realidade” e aproximar a referida faixa etária deste género específico de espetáculo.
“O festival movimenta-se através de linguagens e narrativas contemporâneas, que vão do teatro de formas animadas à performance, passando pela dança, a música, a instalação e também as artes visuais. A atração de públicos passa por apostar em gente jovem que, fruto de algum espírito associativo, aparece no festival e, como experimentou uma das edições anteriores e gostou, acaba por contaminar outros positivamente para a causa do Tan Tan Tann", explicou.
Na sexta-feira, o evento recebe uma companhia espanhola, a El Patio Teatro, e o bailarino português conhecido como “a.Ves”.
O primeiro coletivo apresentará “Conservando Memoria”, uma incursão por “recordações da vida dos avós e o desejo de guardar e preservar as memórias dos ascendentes, mesmo que estejam vivos ainda”, e o segundo artista terá em palco “O Sonho Que Não Se Pode Quebrar e Não Se Pode Quebrar e Não Se Pode”, baseado nas obras “The Dream”, de Henri Rousseau, e “Sestina for the Douanier”, de Sylvia Plath.
O sábado, por sua vez, está reservado para uma companhia portuguesa e um artista catalão. No primeiro caso, cabe à Alma D’Arame apresentar “King Kong – Quem é o Monstro?”, uma peça de teatro de marionetas que “aborda a tomada de poder do homem sobre a natureza”, mostrando-a “retratada no masculino, de forma selvagem, devastadora e inadaptável”, num retrato em que “o humano civilizado defende o lucro” e o humano indomesticado “mantém o equilíbrio com sacrifício de virgens”.
Já no que se refere ao ‘performer’ e músico Arnau Obiols, encerrará o Tan Tan Tann de 2022 com “uma abordagem de sons cuja inspiração é matizada pela música tradicional dos Pirenéus catalães”, exibindo “num ambiente mais contemporâneo uma toada de diapasão que casa o primitivo com a arte moderna”.
por Lusa e Renascença, 14 de junho de 2022
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença