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Marchas de Lisboa querem ser Património Imaterial da Humanidade
Após dois anos de paragem, devido à pandemia, as marchas voltam a desfilar pela Avenida da Liberdade.
A candidatura à classificação da UNESCO acontece após a conclusão do inventário em curso, que permitirá às Marchas de Lisboa serem classificadas como Património Cultural Imaterial Nacional pela Direção-Geral do Património Cultural.
"Uma investigação etnográfica para se fazer uma candidatura das marchas populares de Lisboa a Património Cultural Imaterial, para a lista de inventário nacional da Direção-Geral do Património Cultural", explica Marina Pignatelli, professora associada da Universidade de Lisboa e investigadora do Centro de Investigação em Antropologia, que está a realizar o inventário deste património.
A probabilidade de receber a classificação da UNESCO "vai depender da vontade dos próprios detentores". E estes já antecipam essa possibilidade. Pedro Franco, presidente da Associação de Coletividades do Concelho de Lisboa, garante que depois desta primeira fase, irá propor esse caminho. "É para isso que estamos a lutar", sublinha.
Nessa altura, a base dessa candidatura estará feita. "O trabalho de etnografia para a candidatura nacional serve de base para a candidatura à UNESCO", garante Marina Pignatelli.
"Bastam traduções, adaptações e ajustes ao processo. Mas o dossier é basicamente o mesmo."
O que consta desse dossier?
O facto de as marchas populares terem uma importância enorme para os bairros e para a população, que "inicialmente era composta, diferenciadamente, por zonas, de acordo com as origens geográficas. Do êxodo rural digamos assim, zonas de bairros que eram tradicionalmente mais habitados por pessoas de determinadas zonas do país" que pretendiam, com as marchas, "mostrar um bocadinho a riqueza do seu folclore, das suas tradições, do seu canto, dos seus modos de estar e de viver".
Por isso mesmo, "essa marca dos bairros ainda hoje persiste como um orgulho, como uma marca identitária muito importante para cada bairro e para a cidade em geral", assegura Marina Pignatelli.
Mas associada à questão social existe uma histórica. "É uma tradição já do séc. XV. D. Pedro já vinha dançar para o meio da rua com o povo no Santo António. E podemos voltar uns séculos para a frente no tempo da invasão dos franceses com as "marchot flambeau" , que vinham com as shots com os balões com velas a fazer procissões nos arraiais, até 1932 quando o Estado Português quis ‘agarrar’, digamos assim, nestas tradições de Lisboa das festas joaninas para fazer um grande espetáculo da cidade".
por João Cunha in Renascença, 9 de junho de 2022
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença