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Festivais Gil Vicente abrem portas às "novas vozes" do teatro nacional

A 34.ª edição do evento de teatro em Guimarães acontece entre os dias 2 e 11 de junho e reúne obras de encenadores da nova geração como Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu, Victor de Oliveira, Sara Inês Gigante ou Sofia Santos Silva.

"Ainda Marianas", de Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu, uma das peças nos Festivais Gil Vicente_Filipe Ferreira


Após a paragem forçada devido à pandemia em 2020, os Festivais Gil Vicente regressaram a Guimarães em 2021 sob uma nova reconfiguração: a de dar palco à nova geração de teatro nacional e explorar, em cena, algumas dos temas fraturantes da sociedade. Em 2022, a fórmula é reproduzida e criadores emergentes como Catarina Rôlo Salgueiro, Leonor Buescu, Victor de Oliveira, Sara Inês Gigante ou Sofia Santos Silva vão ocupar a cidade minhota para abordarem questões como o racismo, o patriarcado ou as tradições.

“Queremos que os festivais transpareçam o mapa das novas vozes, do talento do teatro a ser descoberto em Portugal. E o que estamos a tentar fazer é dar palco a quem tem dificuldade de encontrar oportunidades”, explicou o diretor artístico dos Festivais Gil Vicente, Rui Torrinha, que apresentou nesta quarta-feira o programa da 34.ª edição do evento.

Os festivais realizam-se entre 2 e 11 de junho nos palcos do Centro Cultural Vila Flor (CCVF) e Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) e apresentam seis peças, duas das quais em estreia absoluta. Tratado, a Constituição Universal, de Diogo Freitas, é a primeira a subir a palco, no dia 2, e questiona a relação entre a democracia e outros regimes políticos, sendo o último espetáculo do ciclo “Democracia e os anos 90”, da jovem companhia famalicense Momento - Artistas Independentes. No dia seguinte, Sara Inês Gigante, criadora natural de Viana do Castelo, estreia Massa Mãe, e que, de acordo com Rui Torrinha, pode “ajudar a definir a identidade minhota, através de um olhar sobre as tradições e o Minho”.

Depois da tradição minhota, os Festivais Gil Vicente apresentam Limbo, no dia 4, uma peça sobre racismo e que reflete sobre o questionamento íntimo do próprio autor, Victor de Oliveira, um homem mestiço que nasceu em Moçambique, passou a adolescência em Portugal e que agora está radicado em Paris.

De 9 a 11 de junho, o evento tem ainda reservadas três peças: O Desprezo, do coletivo auéééu, e que parte do filme homónimo de Jean-Luc Godard, Another Rose, de Sofia Santos Silva, que recebeu a quarta bolsa Amélia Rey Colaço, de apoio a novos criadores, e Ainda Marianas, de Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu (da companhia Os Possessos), obra estreada neste ano e que celebra os 50 anos do livro as Novas Cartas Portuguesas, o qual revolucionou a literatura e o feminismo em Portugal.

Evento recebe workshop com Beatriz Batarda

Paralelamente aos espetáculos, os Festivais Gil Vicente apresentam ainda workshops e jornadas de teatro. Sara Barros eitão, diretora artística do Teatro Oficina durante 2022, explicou que o programa será destinado aos “jovens estudantes de teatro e produção que, depois de dois anos de paragem, ainda não conseguiram recomeçar ou retomar a sua atividade”.

Entre os dias 6 e 9 de junho, o Espaço Oficina recebe Depois do Fim, um ciclo sobre o que acontece quando a escola acaba, que inclui um workshop com Beatriz Batarda, com a duração de quatro dias, e um ciclo de jornadas ao longo de três dias, que vão elucidar os jovens iniciantes no teatro acerca da entrada no mercado de trabalho. “Vai ser explicado o modo como se abre atividade nas Finanças, como se regista propriedade intelectual, como se apresenta um projeto para co-produção ou o que são agências”, revelou Sara Barros Leitão.


por Pedro Manuel Magalhães in Público | 18 de maio de 2022
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público

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