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Museu Vieira da Silva assinala 125 anos de Arpad Szenes com três exposições
Vieira da Silva e Arpad Szenes, O lado do outro (obras inéditas de Roger Bissière), e Um hóspede curioso (com objetos de Robert Wiley) são as três exposições que ficarão patentes até 11 de setembro nos espaços da instituição.
Uma exposição para assinalar os 125 anos do nascimento do artista Arpad Szenes, e mais duas individuais com obras de Roger Bissière e Robert Wiley, vão ser inauguradas na quinta-feira, no Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva, em Lisboa.
Vieira da Silva e Arpad Szenes, O lado do outro (obras inéditas de Roger Bissière), e Um hóspede curioso (com objetos de Robert Wiley) são as três exposições que ficarão patentes até 11 de setembro nos espaços da instituição.
Para assinalar a data do nascimento de Arpad Szenes, a 6 de maio de 1897, a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, que leva o nome do casal de artistas, organizou uma mostra com 34 obras - percorrendo a sua produção desde os anos 1930 à década de 1970 -, na sua maioria da coleção do museu, e algumas em depósito pela Fundação Calouste Gulbenkian, indicou fonte da entidade contactada pela agência Lusa.
As obras do pintor Arpad Szenes (1897-1985) estarão expostas na galeria principal do museu, em diálogo com obras de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), da exposição permanente.
Enfant au cerf-volant (Criança com papagaio de papel), de 1935, pintura a óleo de Arpad Szenes pertence à coleção da fundação, de uma série de iniciada em 1932, será uma das estrelas desta mostra. O tema da criança com o papagaio de papel foi explorado até 1936, conhecendo-se dezenas de trabalhos com o mesmo nome, recorda um texto do museu. “O fascínio e a nostalgia pelo tema da infância e pelo tempo da ingenuidade, fez com que Arpad o trabalhasse de uma forma quase obsessiva”, aponta ainda a apresentação da mostra, acrescentando que a série Enfant au cerf-volant representava, para o artista, “a busca pelo tempo perdido”.
Roger Bissière. O lado do outro é outra nova exposição que também tem inauguração marcada para quinta-feira, organizada em estreita colaboração com a família do artista francês, apresentando uma seleção de 47 de pinturas, em grande parte inéditas. Roger Bissière (1886-1964) começou por dar aulas aos jovens artistas Arpad e Maria Helena, na Académie Ranson, em 1932. Professor dedicado, viria a tornar-se um grande amigo do casal, com quem viria a partilhar a galeria Jeanne Bucher, em Paris, destacando-se como um dos mais importantes pintores da denominada Segunda Escola de Paris. Em Lisboa estará uma “pequena, mas significativa, parte da sua extensa obra, de carácter intimista”, sublinha ao museu.
Entre 1962 e 1964, nos dois últimos anos de vida, Roger Bissière pintou o seu Journal en images, composto por mais de 152 pequenos quadros datados do dia da sua realização. Dedicou-o a sua mulher - à qual chamava Mousse -, que começou por ser o seu modelo, depois o tema das suas obras e, finalmente, em meados da década de 1940, participou no seu fabrico, costurando e bordando as suas tapeçarias feitas de tecidos aplicados. Após a morte súbita de Mousse, em 13 de outubro de 1962, a mulher iria tornar-se o objeto e a razão de ser desta série para o artista. Devastado pelo seu desaparecimento, o pintor regressou ao atelier, pegando nos pincéis e canetas de feltro, com uma tábua nos joelhos, começando a transpor para imagens o quotidiano à sua volta. Ao longo de 780 dias, pintou essas obras de pequenas dimensões, com imagens da natureza, indicando a data respetiva. “Imerso nesta natureza, Bissière pinta uma vida vegetal, uma projeção de si mesmo em busca de uma comunhão espiritual com o espectador. Pinta para estar menos sozinho neste mundo miserável e dar a mão aos outros além do espaço e do tempo”, refere um texto do museu sobre a exposição, organizada em estreia colaboração com a família.
Também a Casa-Atelier Vieira da Silva irá acolher, na mesma altura, a mostra Robert Wiley. Um hóspede curioso, com uma pequena série de objetos artísticos. As peças “resultam de um diálogo interno que tece relações entre o espaço físico, o registo histórico da produção de Maria Helena Vieira da Silva, e a própria prática do artista”.
Wiley - artista norte-americano nascido em 1970 que vive em Portugal - faz uso de uma gama de materiais diversos, que vão do vidro aos objetos da casa e do jardim, “com particular atenção ao potencial físico e metafórico das grades e estruturas de conexão”.
Embora cada peça seja instalada na Casa-Atelier especificamente para a ocasião, as imagens que acompanham a produção artística recente do artista dão uma noção dos objetos, sistemas e situações por ele atualmente explorados. O artista também se dedica ao ensino da arte em vidro, na unidade de investigação Vicarte da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. Como membro de uma unidade de pesquisa que reúne artistas e cientistas que trabalham com vidro, o trabalho atual de Robert Wiley está centrado “na tentativa de compreender a natureza da criatividade e as semelhanças e diferenças entre arte e ciência”, refere ainda o museu.
por Lusa e Público | 16 de maio de 2022
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público