Publicações
Para que a infância não seja um paraíso perdido
No âmbito do centenário de José Saramago, Porto Editora publica os livros ilustrados O Silêncio da Água e Uma Luz Inesperada.
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«Voltei ao sítio, já o Sol se pusera, lancei o anzol e esperei. Não creio que exista no mundo um silêncio mais profundo que o silêncio da água. Senti-o naquela hora e nunca mais o esqueci.» Publicado originalmente em As Pequenas Memórias (2006), O Silêncio da Água é uma recordação de infância de José Saramago que se transformou num conto universal, pleno de sabedoria e doçura. Agora numa edição para os mais jovens, com as encantadoras ilustrações de Yolanda Mosquera.
Na mesma ocasião, é publicado Uma Luz Inesperada. Neste fragmento de A Bagagem do Viajante (1973), José Saramago recorda o dia em que foi ajudar o tio a vender porcos na feira. A descrição dessa experiência aparentemente comum espelha todo o seu poder narrativo, levando-nos para um mundo de deslumbramento que só a infância permite, e que Armando Fonseca ilustra na perfeição: «E houve também aqueles dois gloriosos dias em que fui ajuda de pastor, e a noite de permeio, tão gloriosa como os dias. Perdoe-se a quem nasceu no campo, e dele foi levado cedo, esta insistente chamada que vem de longe e traz no seu silencioso apelo uma aura, uma coroa de sons, de luzes, de cheiros miraculosamente conservados intactos. O mito do paraíso perdido é o da infância — não há outro. O mais são realidades a conquistar, sonhadas no presente, guardadas no futuro inalcançável. E sem elas não sei o que faríamos hoje. Eu não o sei.»
Os livros estarão disponíveis nas livrarias a 19 de maio de 2022 e já se encontram em pré-venda aqui e aqui.
SOBRE OS LIVROS
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Título: O Silêncio da Água
Autor: José Saramago
Ilustrações: Yolanda Mosquera
Páginas: 32
PVP: 14,40€
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Título: Uma Luz Inesperada
Autor: José Saramago
Ilustrações: Armando Fonseca
N.º de Páginas: 32
PVP: 14,40 €
Ver primeiras páginas
SOBRE O AUTOR
José Saramago
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Autor de mais de 40 títulos, José Saramago nasceu em 1922, na aldeia de Azinhaga. As noites passadas na biblioteca pública do Palácio Galveias, em Lisboa, foram fundamentais para a sua formação. «E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou.» Em 1947 publicou o seu primeiro livro que intitulou A Viúva, mas que, por razões editoriais, viria a sair com o título de Terra do Pecado. Seis anos depois, em 1953, terminaria o romance Claraboia, publicado apenas após a sua morte.
No final dos anos 50 tornou-se responsável pela produção na Editorial Estúdios Cor, função que conjugaria com a de tradutor, a partir de 1955, e de crítico literário. Regressa à escrita em 1966 com Os Poemas Possíveis. Em 1971 assumiu funções de editorialista no Diário de Lisboa e em abril de 1975 é nomeado diretor-adjunto do Diário de Notícias. No princípio de 1976 instala-se no Lavre para documentar o seu projeto de escrever sobre os camponeses sem terra. Assim nasceu o romance Levantado do Chão e o modo de narrar que caracteriza a sua ficção novelesca. Até 2010, ano da sua morte, a 18 de junho, em Lanzarote, José Saramago construiu uma obra incontornável na literatura portuguesa e universal, com títulos que vão de Memorial do Convento a Caim, passando por O Ano da Morte de Ricardo Reis, O Evangelho segundo Jesus Cristo, Ensaio sobre a Cegueira, Todos os Nomes ou A Viagem do Elefante, obras traduzidas em todo o mundo. No ano de 2007 foi criada em Lisboa uma Fundação com o seu nome, que trabalha pela difusão da literatura, pela defesa dos direitos humanos e do meio ambiente, tomando como documento orientador a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Desde 2012 a Fundação José Saramago tem a sua sede na Casa dos Bicos, em Lisboa. José Saramago recebeu o Prémio Camões em 1995 e o Prémio Nobel de Literatura em 1998.
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