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Capitão Fausto & Orquestra das Beiras - Ao vivo no Campo Pequeno
A 7 de março 2020, os Capitão Fausto assinalaram a passagem de um ano sobre a edição do seu quarto álbum de originais, “A Invenção do Dia Claro”, com um concerto especial no Campo Pequeno, em Lisboa, que contou com a participação da Orquestra das Beiras.
Esse registo áudio é agora imortalizado e disponibilizado em formato digital e em duplo vinil.
O ambicioso formato que os Capitão Fausto levaram ao Campo Pequeno ficou gravado na retina e na memória de quem esteve presente, na ressaca de um ano onde “A Invenção do Dia Claro” constou das principais listas dos melhores discos nacionais para a imprensa especializada, reconhecimento que se traduziu igualmente à atribuição do Globo de Ouro na categoria de Melhor Grupo, e nas dezenas de concertos de norte a sul do país, com passagem pelo Rock In Rio Brasil, e celebração dos 10 anos de existência.
Neste concerto especial, a carismática personalidade musical de Tomás, Salvador, Francisco, Manuel e Domingos juntou-se à Orquestra Filarmonia das Beiras, composta por 27 músicos de cordas, sopros e percussão - de diversas nacionalidades e com uma média etária bastante jovem -, e cuja direção artística e arranjos esteve a cargo do Maestro Martim Sousa Tavares e da banda.
Alinhamento (versão digital):
- Quiet Village (Les Baxter)
- Lentamente
- Faço as Vontades
- Corazón
- Sempre Bem
- Semana em Semana
- Dias Contados
- Maneiras Más
- Certeza
- Córtex
- Amor, a Nossa Vida
- Outro Lado
- Lameira
- Amanhã Tou Melhor
- Morro na Praia
- Santa Ana
- Boa Memória (Intro: Jupiter, the Bringer of Jollity)
- Alvalade Chama por Mim
- Final
“A vida continuou. Ainda que dificilmente acreditássemos, se nos contassem o que se seguiria, ou mesmo que não chamássemos a isto vida, a verdade é que a vida continuou. Este foi o derradeiro concerto, no limiar do abismo, de uma vida que não voltou como a conhecemos e de um tempo que teima em não andar para trás. E não é como se tudo tivesse sido um sonho. Foi nítido, demorado e detalhado como só a realidade permite. O que durante anos sonhámos em jeito de desafio entre amigos e durante meses nos levantou da cama com os cabelos em riste e o coração a 130, o que nos juntou numa noite fria de teimoso inverno tardio e era um encontro, na verdade foi uma despedida. Sem que o soubéssemos, este concerto havia de perdurar, mais que não fosse como um marco obstinado a provar que mesmo quando tudo muda, a vida segue em frente. O Manuel era pai, o Tomás foi pai, o Salvador em breve será. Como se vê, a vida continuou - há mais vida que isto? Tocaram-se concertos, amigos juntaram-se e dançaram. Apertos de mão passaram a punhos cerrados, abraços amplos passaram a cotovelos em ângulo agudo e sorrisos continuaram a ser sorrisos, só que com os olhos. É evidente que a vida está aí, só não é a mesma. Só não era dado saber que a reunião era um adeus e que o acto do encontro era o último acto antes do mergulho de olhos bem abertos no tempo escuro e disforme, estranho e silencioso, ao qual nos fizemos habituados e conhecidos para que pudéssemos continuar a ser quem éramos. Este disco é a memória que estica os seus dedos em gesto de salvação. A memória que recupera, para quantos lá estiveram e desejavam ter estado, a impressão de que ainda somos as mesmas pessoas de ontem, para quem a vida continuou sendo tal e qual. A memória prega partidas mas os microfones não mentem. O que ficou gravado, gravado está e agora está aqui. O que foi bonito ontem será bonito sempre e merece ser lembrado. Por isso se fez este disco, porque nunca quisemos o adeus.” - Martim Sousa Tavares