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O Esqueleto: a magnífica obra de Camilo Castelo Branco

O adultério e a vontade individual reprimida pelas convenções sociais são os ingredientes principais d’O Esqueleto.


Publicado pela primeira vez em 1864, o romance contundente e mordaz de Camilo Castelo Branco viria a ser reeditado pouquíssimas vezes e acabaria por ser injustamente esquecido entre os pesos pesados da bibliografia camiliana. Agora, a obra é recuperada numa edição Clássicos Guerra e Paz, com texto fixado por André Morgado, a partir da última edição revista por Camilo, e enriquecida com um posfácio do escritor Jorge de Sena. O Esqueleto poderá ser encontrado, quer na rede livreira nacional, quer no site da Guerra e Paz Editores. 

Da pena de Camilo Castelo Branco, um dos grandes mestres da língua portuguesa, chega-nos O Esqueleto, um romance de cadência vertiginosa, enriquecida por diálogos de grande vivacidade, pontuados pela ironia e génio do escritor. Curiosamente, este foi o seu segundo Esqueleto, sucedendo a um primeiro conto, romance ainda em esboço com o mesmo título, que escrevera na juventude.

A obra aparece na década mais intensa de Camilo, seja como autor, com a edição de vários livros por ano, num ritmo quase insano, seja na vida pessoal, com o conhecidíssimo caso de adultério com Ana Plácido – tinha acontecido uns anos antes, no início da década de 1860. E é justamente de adultério, e do modo carrasco como a sociedade do século XIX o encarava, que trata este genial romance.

No centro da história, estão dois casos que se interligam, num swing oitocentista nas margens do Tâmega: Nicolau de Mesquita envolve-se com a casada Margarida Froment e, mais tarde, a sua mulher, Beatriz de Sousa, envolve-se com Rafael Garção. Paixões que se fazem e desfazem, tragédias que acontecem e se esquecem, fortunas que se perdem e se ganham, pairando, acima de todos, a magnífica prosa de Camilo e o seu riso sarcástico.

Embora estes «ossos» tenham trazido muito proveito à literatura portuguesa, e de o livro ser, na opinião do escritor Alexandre Cabral, «do mais belo recorte que tem produzido a literatura portuguesa», o certo é que O Esqueleto raramente foi reeditado e acabou mesmo por ser esquecido entre os grandes clássicos de Camilo. 

É agora recuperado pela Guerra e Paz, numa edição cuidadosamente preparada a partir da última publicação revista e emendada por Camilo, e incluída na sua inconfundível coleção de clássicos. A nova edição, da Guerra e Paz, tem fixação de texto, uma nota introdutória e uma breve caracterização das personagens de André Morgado, incluindo ainda um texto final do poeta Jorge de Sena. No texto «Em Louvor a Camilo», Sena considerou que «a áspera narrativa de O Esqueleto» revela «grande poesia». Camilo foi «um dos grandes poetas da língua portuguesa». «Trágico, épico, lírico, satírico – tudo isso foi Camilo», conclui. 

Clássicos Guerra e Paz
O Esqueleto
Camilo Castelo Branco
Ficção / Romance
224 páginas · 15x23 · 14 €

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