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Viver o terramoto de 1755 é possível em novo museu de Lisboa

O Quake - Centro do Terramoto de Lisboa quer ser "também uma escola, uma aula sobre a nossa história, sobre a ciência, mas de uma forma divertida".

Ilustração do terramoto de 1755 que destruiu Lisboa


À hora da missa, em 1 de novembro de 1755, a terra tremeu e Lisboa viveu um dos seus piores dias quando, depois do sismo, se seguiram incêndios e um tsunami, história agora contada no Centro do Terramoto.

"Esperar o inesperado", começou por dizer Maria Marques, que a par com Ricardo Clemente, sonhou com o Quake - Centro do Terramoto de Lisboa, inaugurado pelo presidente da Câmara, Carlos Moedas.

"É um projeto de emoções, nasceu por uma paixão muito grande à cidade de Lisboa. Ao longo de sete anos, o sonho de uma ideia a dois foi-se materializando", disse Maria Marques, cofundadora do espaço, salientando que, na primeira semana em que o museu esteve aberto em "soft opening", a reação dos visitantes foi "muito, muito positiva".

Segundo Maria Marques, a ideia que os fundadores tiveram para o Quake era que o espaço fosse "também uma escola, uma aula sobre a nossa história, sobre a ciência, mas de uma forma divertida", em que tanto famílias, como turistas possam aprender sobre o que aconteceu em 1755.

Para isso, os conteúdos tiveram a validação de sismólogos da Faculdade de Ciências de Lisboa, entre os quais Susana Custódio e Luís Matias, bem como do historiador André Canhoto Costa.

Durante cerca de hora e meia, a visita começa com a colocação de uma pulseira com uma tecnologia que será parte fundamental da experiência, tornando-a mais intuitiva e completa, passando informações em vários painéis e estações interativas disponíveis ao longo do caminho.

A pulseira tem ainda a particularidade de registar os dados para que, no final, os visitantes possam receber mais informações e curiosidades sobre os temas que mais lhe interessaram, através de um email.

Depois de uma primeira explicação do "investigador" Luís, os visitantes são "transportados" numa sala através de uma viagem no tempo, observando alguns dos principais acontecimentos históricos e só parando em 01 de novembro de 1755.

A experiência imersiva faz depois os visitantes passar por várias salas, nas quais as projeções de luzes, sons e até cheiros, fazem com que a história seja aprendida de forma diferente, com recurso, igualmente, a várias explicações.

Mas o auge da experiência acontece com recurso a vídeo "mapping" e efeitos especiais, quando os visitantes chegam à "igreja" onde são convidados a assistir à missa, sentados em bancos de madeira.

É então que, durante a homilia, a terra começa a tremer, com os visitantes a observar um dos incêndios que teve início devido às velas existentes no local, dado que se assinalava o dia de Todos os Santos. À saída da igreja, sente-se o calor dos incêndios que assolaram a cidade e salpicos provenientes do tsunami.

Seguem-se as salas, ou estações, onde é explicada a reconstrução da cidade e o papel de José Carvalho e Melo, mais tarde conhecido como Marquês de Pombal.

No final da visita, Carlos Moedas, em declarações aos jornalistas, disse sair do espaço como "um embaixador do museu" por variadas razões, não só pela história em si, mas pela preparação que pode dar a qualquer um para o caso da ocorrência de um tremor de terra.

"Aconselho a todos os lisboetas vir a este museu que é extraordinário. É um museu do século XXI, ouvimos e, mais que isso, vivemos a história e viver a história de um evento que mudou Lisboa, Portugal e, de certa forma, o mundo e a Europa, viver na primeira pessoa é extraordinário", disse Carlos Moedas.

De acordo com o presidente da autarquia lisboeta, é importante que se "conte a história" do que se passou em 1755 também para a cidade estar preparada para eventos, que espera "não sejam da mesma magnitude".

"Lisboa tem de estar preparada, temos um serviço de proteção civil único no país, temos de estar preparados para o futuro, não sabemos o que poderá acontecer", salientou, acrescentando que, além de tudo, o espaço tem "uma função de educação e preparação para os jovens estarem preparados caso aconteça um evento desta natureza".

Carlos Moedas acrescentou ainda que o exemplo do museu hoje aberto oficialmente deve ser aproveitado para outros, de outras áreas, para servir, não só os turistas que chegam à cidade, como também para os lisboetas.

O museu teve um custo que rondou os oito milhões de euros, através de capitais próprios dos cofundadores Maria Marques e Ricardo Clemente, financiamento bancário e fundos do Portugal 2020, através do Turismo de Portugal.

Com um preço de referência por bilhete entre os 21 e 28 euros, consoante for compra antecipada ou não, além dos descontos para escolas, crianças até aos 12 anos e maiores de 65.


por Lusa e Renascença | 20 de abril de 2022
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

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